Vale a pena apostar na filantropia!
Vale a pena apostar na filantropia!
Se você deparasse com a chance de entrar em um fundo de investimentos com retorno financeiro de 979%, encararia a oportunidade?
Refletindo de outra forma, pra ficar mais fácil: se surgisse bem diante dos seus olhos uma oferta de negócio que lhe permitisse ganhar quase dez vezes mais em relação ao valor investido, acreditaria nessa possibilidade a ponto de fazer um aporte financeiro?
Antes que você responda, estou certo de que sua resposta é “sim”! Diante de um retorno desse tamanho, beira a irresponsabilidade ou a loucura não alocar nenhum recurso.
Pois saiba que esse é o tamanho do retorno que as entidades filantrópicas devolvem à sociedade brasileira.
É o que prova o documento ‘A contrapartida do setor filantrópico no Brasil’, elaborado pelo Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif) a partir de dados oficiais.
Embora as instituições filantrópicas estejam distribuídas somente em 58% dos municípios brasileiros, sua atuação alcança 89% de toda a nossa população.
Mas não se trata apenas de considerar o tamanho da cobertura social. O mais importante é reconhecer a capacidade de multiplicação entre as entidades do 3º setor.
O levantamento do Fonif indica que, para cada um real de imunidade tributária, as instituições devolvem R$ 9,79 – alcançando aquela margem trazida inicialmente.
Portanto, ainda que tenham semelhanças, as palavras utopia e filantropia remetem a universos bastante distantes. As entidades desprezam os próprios limites para transformar a vida de muitas pessoas.
Não há utopia nem tampouco demagogia no trabalho desenvolvido pelo 3º setor. O que se vê, nitidamente, é o resultado de um trabalho de dedicação, promovido por 10.201 instituições filantrópicas, de um total de mais de 27 mil que possuem a Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) no Brasil.
Todas essas instituições estão distribuídas entre setores-chave para o poder público, como serviços hospitalares, educacionais (tanto creches quanto ensino fundamental), de assistência social e de defesa dos direitos sociais.
Não são os únicos. O levantamento indica outros 102 setores, além das atividades promovidas por organizações religiosas ou filosóficas.
Se por um lado a imunidade conferida ao 3º setor significou uma pequena parcela de 4,3% dos gastos tributários, por outro isso resultou em 230 milhões de procedimentos hospitalares, 778 mil bolsas de estudo concedidas a alunos de baixa renda e à inclusão de 625 mil pessoas em situação de alta vulnerabilidade social, que simplesmente não tinham acesso aos serviços essenciais de responsabilidade do Estado.
Portanto, a filantropia, que tenta superar diuturnamente o crime moral de ser associada a uma caridade excessiva por parte do poder público, é quem retribui o máximo possível os parcos investimentos que recebe das três esferas do poder executivo.
Não é mágica, mas desprendimento e vocação para de fato levar mudanças profundas à sociedade.
Talvez pelo fato de viver em busca de resultados que se apresentam à margem dos interesses político-partidários, seus efeitos não apareçam tanto quanto deveriam.
Mas eles estão por toda a parte, graças a pessoas e a empresas que ainda depositam confiança no 3º setor.
Então reitero a pergunta inicial, mas numa outra perspectiva: quanto deveria ser investido nas transformações sociais encabeçadas pelas filantrópicas? Deixo a reflexão para você.
* Tomáz de Aquino Rezende é especializado em assistência jurídica voltada para entidades sem fins lucrativos.
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Fonte: Naves Coelho Comunicação