Alexandre Herchcovitch abre o segundo dia de desfiles do SPFW no Teatro Municipal, ao som de Villa-Lobos interpretado por um quarteto de cordas.

O mood da coleção de Alexandre foi a releitura do estilo vitoriano pelas lentes da contemporaneidade. Diga-se de passagem, lentes redondas e coloridas que contrastaram com os primeiros looks totalmente nudes.

Acabamentos extremamente delicados que referenciavam uma estética boudoir eram incorporados às peças com estruturas modernas que se apresentavam numa composição de várias layers.

A cartela de cores primou por tons neutros partindo do nude, passando pelo grafite até chegar ao preto, e ganhando intensidade pela inserção dos tons de cereja e laranja.

Esther Bauman se inspirou na atriz Marlene Dietrich para desenvolver a coleção da Acquastudio, contrabalançando o rigor das formas da década de 40 com a sofisticação dos tecidos e uma sutil referência aos shapes da década de 50.

O efeito desta mistura bem dosada foi uma coleção com uma sensualidade vigorosa e extremamente elegante. Os vestidos tubinhos e as saias lápis, que predominaram na passarela da Acquastudio, tinham comprimento logo abaixo dos joelhos, as calças alfaiataria eram mais curtas- cigarretes, as blusas marcavam a cintura com o peplum valorizando as formas femininas e as pelerines arrematavam os looks.

As transparências foram trabalhadas com bordados e com listras opacas.

Fernanda Yamamoto trouxe um clima cinquentinha para sua coleção, porém em estruturas mais desconstruídas e mais descoladas do corpo.

Ter elegido o cetim como um dos principais tecidos de sua coleção, valorizou os shapes das saias godês, das pantalonas, das blusas de ombros arredondados e dos revisitados quimonos.

A estampa desenvolvida para a estação tinha traços extremamente leves em preto e branco e nuances de cinza.

O descomplicado bem feito exige uma perícia estética muito apurada. E foi exatamente isto que Vitorino Campos demonstrou possuir com o desfile da sua coleção Inverno 2014.

Peças de formas amplas e limpas, sem excesso de detalhes nos acabamentos, teceram looks de uma sofisticação ímpar. O eterno curinga - camisa branca rejuvenesceu os tradicionais risca de giz e pied-de-coq, de maneira equilibrada e extremamente usável como toda a coleção de Vitorino.

Juliana Jabour reverteu as expectativas a respeito do moletom e quebrou paradigmas trazendo esta matéria prima para um lado mais sofisticado da moda.

A coleção trabalhou o conceito hi-lo, esportivo X sofisticado, agregando um valor a mais ao moletom através dos bordados vazados e aplicações feitas sobre ele, ou ainda através das conjugações com tecidos metalizados.

O lado esportivo não ficou apenas a cargo do moletom, os tecidos em matelassê e os shapes também seguiram esta linha. A cartela de cores foi enxuta e precisa reinando o preto e o branco.

Foto acima: Alexandre Herchcovitch. Fotos da Agência Fotosite