Portal O Debate
Grupo WhatsApp

No papel cabe tudo, mas e no coração?

No papel cabe tudo, mas e no coração?

14/12/2023 Leonardo de Moraes

Há 75 anos, em Paris, era assinada a Declaração de Direitos Humanos pelas maiores potências do mundo – também pelas menores e as, então, consideradas irrelevantes.

No papel cabe tudo, mas e no coração?

Todos estavam abalados pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e, como crianças arrependidas, logo prometeram por escrito que mudariam, que fariam do mundo um lugar melhor.

Fizeram? No papel sempre cabe tudo. A história dos Direitos Humanos é feita de papéis, de declarações, de cartas – a começar pela Magna Carta de 1215, assinada pelo rei João I da Inglaterra, mais conhecido como João-sem-terra e por ser um personagem coadjuvante nos filmes de Robin Hood.

Foi com João que a discussão por “terras” abriu o caminho para os direitos do homem: a igreja e os barões ingleses estavam revoltados com o exercício do poder absoluto do soberano, que lhe tomava as terras, lhe tomava os títulos, lhe tomava as riquezas e anulava sua dignidade.

Com a Magna Carta, surgiram os chamados Direitos Humanos de primeira geração, ou “direitos de liberdade”, criados para proteger o povo contra os arbítrios do poder estatal.

Mas quem era esse povo? Nobres. Religiosos. Homens. Brancos. Ricos. Filhos legítimos. Estivesse você fora desse filtro, a opressão continuaria a mesma, na repetição interminável de abusos e esmagamentos sobre quem, claro, não era considerado humano.

Muitas declarações a sucederam: Habeas Corpus Act, 1679; Bill of Rights, em 1689; Declaração Americana, 1776; Declaração Francesa,1789; tantos e tantos documentos, incluindo a Declaração Universal de Direitos do Homem, tema de nossa conversa, que logo a mesa do estudante de Direito estaria cheia de intenções por escrito para serem lidas para a prova.

Na faculdade somos convidados a estudar cada um desses documentos históricos e, ao contrário do que se poderia pensar, eles não são anacrônicos.

Os textos são inspirados, dotados de genialidade e ainda úteis para a compreensão do Direito e do mundo. Ouso dizer: para a compreensão de nossa manifestação material nesse mundo.

Porém, a interpretação é sempre ao gosto do leitor. Há que se ter olhos para ler, ouvidos para escutar, o que torna imponderável o uso ou mal-uso de cada um desses documentos pelas gerações vindouras.

A Declaração de Direitos Humanos tem, em seu artigo primeiro, a seguinte redação:

“1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”

Basta ler esse simples texto inicial para surgirem os questionamentos: a) o que são seres humanos?; b) o que é dignidade?; c) o que é “espírito de fraternidade”?

Esses conceitos não são ensinados na escola. Não são ensinados na cátedra. Às vezes, são ensinados em templos religiosos. Às vezes, pela família. Mas quem os escuta?

Aprendemos sobre eles quando aprendemos a amar. Infelizmente o amor se tornou um conceito piegas numa sociedade que estimula a competitividade. Como amar e disputar, como amar e querer subjugar?

O destino do mais amoroso é ser desrespeitado, banido, considerado fraco – e, então, realimentamos o pensamento de que temos que “guerrear” para sobreviver na nossa sociedade.

Neste ano de 2023, duas grandes guerras estão humilhando nossas melhores intenções como humanidade.

Numa delas, literalmente uma nação inteira foi tachada de “subumana” como justificativa para ser massacrada; crianças e suas mães jamais conseguirão ter o status necessário para ter sua “dignidade” respeitada.

Tampouco a ONU, criada em 1945 e guardiã dos Direitos Humanos consegue cumprir seu papel de estímulo à “fraternidade”, diante do poderio financeiro de países que se consideram “desenvolvidos”.

Como mudar tudo isso, como encarar esses ciclos históricos de violência e manter o coração esperançoso? Novos textos, mais papel?

Os conceitos amorosos que permitem iluminar as letras das declarações de direitos (humano, dignidade, fraternidade) nascem no seio familiar, pelas mãos de quem exerce a maternagem, independentemente da identidade de gênero, orientação sexual ou ligação biológica; nascem com o amor que alimenta as pequenas novas centelhas, que herdarão nossa bagunça se não conseguirmos – em nós – quebrar os ciclos infinitos de ódio e intolerância.

Parabéns, Declaração de Direitos Humanos. Feliz aniversário de 75 anos! Lamento que hoje você seja como uma avó testemunhando filhos e netos disputarem aquele seu terreninho de herança, puro mato, comprado há tanto tempo e que ninguém ofereceu ajuda para pagar o IPTU.

A metáfora pode te parecer tola, mas já dizia Hermes Trimigesto: “o que está em cima é como o que está embaixo”, e nossa sociedade é apenas um grande fractal de cada uma de nossas famílias.

* Leonardo de Moraes é mestre em Direito do Estado, professor de Direitos Humanos e tabelião.

Para mais informações sobre Declaração de Direitos Humanos clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: LC Agência de Comunicação



Amizade: trocas valiosas

Qual é o benefício de ter um grupo forte de amigas?

Autor: Viviane Gago

Amizade: trocas valiosas

Pra sempre jovem?

Neste Dia dos Avós (26/07), vale destacar que envelhecer se tornou um pecado, o pavor de toda uma geração. Mas quando foi que esse medo ficou tão fora de controle?

Autor: Leonardo de Moraes

Pra sempre jovem?

Qual o sentido da sua vida?

O que é a vida? Diante dessa pergunta, logo nos vem à consciência a vida dos indivíduos, das pessoas.

Autor: Clécio Branco

Qual o sentido da sua vida?

A arrogância é exterminadora do sucesso

Apresento essa pesquisa para destacar que o começo de um “tombo empresarial” é a arrogância que nasce do sucesso.

Autor: Yuri Trafane

A arrogância é exterminadora do sucesso

São Cristóvão: padroeiro dos viajantes

O dia de São Cristóvão, em 25 de julho, é ocasião de pedir sua intercessão sobretudo nas viagens empreendidas.

Autor: Padre Alex Nogueira

São Cristóvão: padroeiro dos viajantes

6 devocionais para começar bem o dia

Confira uma seleção de obras que vão nutrir a alma e proporcionar momentos de reflexão.

Autor: Divulgação

6 devocionais para começar bem o dia

A importância dos passeios em família

Tem sido desafiador nos tempos atuais encontrar um tempo de qualidade para fazermos aquilo que nos traz bem-estar.

Autor: Aline Tayná de Carvalho Barbosa

A importância dos passeios em família

A nossa vida: estamos no controle?

"Eu deveria estar morto." Assim se pronunciou Donald Trump momentos após ter sido alvo de um disparo que lhe atingiu e quase interrompeu a sua vida.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


A importância da audição para o desenvolvimento infantil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população brasileira sofre com algum tipo de deficiência auditiva.

Autor: Luciana Brites

A importância da audição para o desenvolvimento infantil

Colégio Santo Agostinho arrecada mais de 20 mil kits escolares para crianças do RS

Doações serão enviadas para crianças e adolescentes vítimas das enchentes que atingiram o Sul do país.

Autor: Divulgação

Colégio Santo Agostinho arrecada mais de 20 mil kits escolares para crianças do RS

Atitudes para gerir adequadamente as emoções

Emoções são a base de todos os relacionamentos e a forma como lidamos com elas define o quão longe iremos em nossos objetivos.

Autor: Janguiê Diniz


Sonhos, desafios e a busca por leveza: reflexões sobre a vida após os 70

O que significa aproveitar a vida? Esta é uma pergunta que muitos de nós já nos fizemos em algum momento.

Autor: Suely Tonarque

Sonhos, desafios e a busca por leveza: reflexões sobre a vida após os 70