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Mesmo aquecida e confiante, construção civil tem grandes desafios

Mesmo aquecida e confiante, construção civil tem grandes desafios

30/07/2022 Tânia Gofredo

O ano de 2020 representou uma reviravolta para a indústria da construção civil.

Após anos de resultados ruins, começou a registrar crescimento. Em meio a uma pandemia, entre o segundo semestre de 2020 e o início de 2022, foi um dos setores que mais se manteve aquecido e confiante. Outros também registraram aumento significativo, por conta de uma mudança nos hábitos de consumo, mas a construção civil teve uma trajetória bem particular.

A mesma pandemia, contudo, pressionou os preços dos materiais utilizados nessa indústria. Metais e resinas preocuparam, com impacto, inclusive, no fornecimento. O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), da FGV, segue registrando alta, ainda que menos expressiva.

O que chama mais atenção neste momento, entretanto, é o Índice de Intenção de Investimento dessa indústria - desde junho de 2021, em patamares abaixo dos 50 pontos, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Isso sinaliza que as constantes altas na taxa básica de juros, a Selic, podem, sim, começar a afetar o humor desse mercado.

Atividade e expectativas positivas

Em maio, o nível de atividade da Indústria da Construção calculado pela CNI esteve até um pouco abaixo dos 50 pontos (em 49,5 pontos), indicando uma leve queda, puxada pelo recuo da área de Obras de Infraestrutura (com 47,5). Mas as áreas de Construção de Edifícios e de Serviços Especializados estão em alta, com 51,2 e 52,6, respectivamente, no nível de atividade em maio.

O Índice de Confiança do Empresário industrial também está positiva, acima dos 50 pontos, na Indústria da Construção como um todo e também nas áreas de Construção de Edifícios; de Obras de Infraestrutura; e de Serviços Especializados, em junho. O de Obras de Infraestrutura, área que motivou aquela queda geral no nível de atividade, caiu 2,2 pontos em relação a maio, mas ainda marcou 53,3.

A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) também está bem acima dos 50 pontos (com 66 pontos em maio contra 63 no mesmo mês do ano passado), o que também mostra que a indústria está crescendo. As expectativas relacionadas ao nível de atividade; novos empreendimentos e serviços; compra de insumos e matérias-primas; e número de empregados continuam acima dos 50 pontos, indicando otimismo. Ou seja, o mercado está mais confiante até em relação a compra de insumos, por exemplo, que no ano passado representou um grande problema.

Continuidade da preocupação com os custos

A construção civil é um setor que demanda muito de metais e resinas, por exemplo, dois pontos que sofreram bastante pressão de custo na pandemia. Neste ano, o setor de resinas já está comportado, até com um pouco de queda no preço; enquanto o de metais segue representando um risco.

Em maio de 2021, o Índice Nacional de Custo da Construção – M acumulava alta de 14,62% em 12 meses. Já em maio deste ano, o acréscimo, na mesma comparação, foi um pouco menor, de 11,20% em 12 meses. Já estamos vendo, portanto, uma desaceleração dos preços, uma recuperação. Mas ainda temos pressão de custos.

Mão de Obra

A mão de obra é o grupo de maior participação nos custos da construção residencial no Estado de São Paulo, segundo dados do SindusCon-SP, com uma contribuição de 54,65% no custo total. Reajustes de pagamento de empregados, geralmente, ocorrem em maio. Nesse mês, a alta deste custo foi de 5,71%, acumulando um avanço de 9,91% em 12 meses. Segundo a PNAD Contínua do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio - a menor taxa desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016, quando ficou em 9,6%. O grupamento de construção registrou alta de contingente ocupado de 2,9% em relação ao trimestre anterior e de 13,2% em relação ao trimestre encerrado em maio de 2021. O número de pessoas que trabalham na construção subiu 29,8% nos últimos dois anos e o setor foi um dos responsáveis pela redução na taxa de desemprego do país. Podemos, então, ter um custo elevado nessa área mais por conta do repasse da inflação do que propriamente por falta de mão de obra. Porém, com um avanço da área de Serviços Especializados, podemos encontrar alguma dificuldade e possível impacto nos custos de serviços.

Materiais

Já o custo de materiais representa 42,67% do total, por isso eles pesaram tanto recentemente, puxando o custo da construção civil. O mês de maio representou uma alta de 2,14%, com variação de 14,50% em 12 meses. O cimento, por exemplo, ainda segundo o SindusCon-SP, teve uma alta de 5,47% em maio e de 15,06% em 12 meses. Já o concreto acumulou 23,70% e o aço 7,64% em 12 meses. Apenas três materiais analisados pelo SindusCon-SP tiveram queda nos preços em maio, mas registraram alta em 12 meses.

Os preços seguem elevados e assim devem continuar até 2023, em ritmo menos acelerado do que o visto em 2021. Mesmo assim, temos aqui uma preocupação menor do que a questão dos juros.

O ‘fantasma’ dos juros altos

Com a pressão da inflação, a Selic vai subindo. Ainda teremos aumento da taxa até o final deste ano, com a possibilidade de chegarmos a 13,75%, e no início do ano que vem, só que em velocidade menor. Em algum momento, toda essa movimentação vai impactar o humor do setor, o que já está começando a acontecer.

Nesse sentido, o Índice de Intenção de Investimento da CNI é um sinal que vale a pena ser encarado. Faz muito tempo que ele não fica acima dos 50 pontos. Em junho de 2021, estava em 41,6 pontos; em maio deste ano, foi para 44,8; e, em junho de 2022, caiu de novo para 42,3. E isso parece guardar relação com a questão dos juros. Porque quando a gente pensa em investimento, a gente pensa em taxa de juros.

Impacto no crédito imobiliário

No ano passado, bancos públicos e privados cresceram na concessão de crédito imobiliário, com a Caixa Econômica Federal na dianteira. Este, inclusive, tem anunciado ajustes no financiamento. Em março deste ano, porém, de acordo com a Abecip, o crédito imobiliário com recursos da poupança caiu 19,7%, diante do aumento dos juros e da queda na renda média das famílias. No primeiro trimestre, a queda foi de 4,7%.

Já em maio, houve uma alta de 49,2%. Mas, em comparação com o mesmo mês de 2021, tivemos uma queda de 2,5%. Nos cinco primeiros meses de 2022, foram financiados 293,06 mil imóveis com recursos da poupança do SBPE, resultado 11,7% inferior ao de igual período de 2021.

Um estudo sobre os riscos emergentes para a sociedade e os negócios do Instituto Swiss Re também apontou que a inflação e a escassez de matéria-prima podem incentivar o uso de material de baixa qualidade nos imóveis e contratação de mão de obra menos qualificada, impactando o valor dos seguros.

Mesmo com estímulos à compra de habitações, como a recente MP que busca desburocratizar a compra de imóveis, os riscos rondam e exigem atenção.

* Tânia Gofredo, economista da Costdrivers.

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Fonte: Intelligenzia



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