Capitólio: quando um caso verdadeiro até pareceu história de pescador
Capitólio: quando um caso verdadeiro até pareceu história de pescador
Em julho de 2017 a nossa turma de engenharia completou 40 anos de formatura.
É nossa característica celebrar cada ano a nossa formatura e em ano de década as comemorações são mais especiais. E nos 40 anos não seria diferente.
Para comemorar a data programamos uma viagem a Capitólio, às margens da represa de Furnas.
O hotel que escolhemos para nossa hospedagem, o Engenho da Serra, possui, além de ótimos aposentos e excelente estrutura, alguns lagos para pesca, o que para mim é um grande atrativo, apaixonado que sou pela pescaria.
Poderia aliar a possibilidade de conhecer as belezas do lago e dos famosos canions e praticar a pesca esportiva como parte da diária do hotel. Para isso, o hotel empresta aos hóspedes o material de pesca.
No meu caso, que já sabia dessa possibilidade, levei comigo algumas varas, carretilhas e iscas.
Conforme era costume da nossa turma, na primeira noite já fizemos a nossa tradicional cantoria, com os sambas que embalaram nossas farras nos últimos quarenta anos.
No primeiro dia, logo de manhã, antes do café, apanhei uma varinha de mão, sem carretilha, e fui até à beira do lago para conhecer o jeito dos peixes e a melhor forma de pescá-los.
Cheguei na beira, coloquei isca no anzol e dei uma batida com a isca na água, rodando a vara.
Antes que eu me desse conta, um peixe arrancou a vara da minha mão e a fez deslizar por cima da água até o meio do lago, desaparecendo em seguida.
Foi a última vez que vi aquela minha varinha de pesca. Pensei comigo: ah! é assim? Então vamos mudar de estratégia e ver o que acontece.
Voltei ao meu apartamento, apanhei o restante do material que havia levado e me preparei para a desforra.
Voltei com vara, carretilha, boia cevadeira e tudo que precisava para uma pescaria legal e com igualdade de condições com aqueles peixes.
A coisa começou a dar certo e começamos a pegar vários peixes da forma que estava acostumado: pesque e solte! Durante o dia pegamos muitos peixes e os colegas que gostavam também aderiram à pescaria.
No dia seguinte, por volta das nove horas, voltei ao lago para novamente praticar um dos meus esportes preferidos. Mas também para vivenciar um fato próprio das histórias de pescador.
Por volta das 10h, eu estava pescando com alguns colegas quando chegaram outros dois hóspedes, paulistas de origem japonesa, para pescar.
Como não tinham material de pesca, alugaram duas varas com molinetes do hotel. Trouxeram duas cadeiras, além de secretárias para colocar as varas.
Ficaram algum tempo, mas ainda não haviam pescado nada. Em seguida ouvi de um deles:
-Meu amigo, por favor, dá uma olhada em nossas varas pra mim enquanto eu vou buscar uma cerveja, ok?
-Deixa comigo. Vou ficar por aqui mesmo. Pode ir tranquilo.
Resolveram então ir buscar uma cerveja e fiquei olhando as varas para eles. Mal viraram as costas e a tranquilidade que reinava até aquela hora de repente mudou.
Um peixe dos bons, que até então não dera as caras, avançou na isca e arrancou a vara da secretária levando-a para o lago, como fizera com a minha no dia anterior.
Ao retornarem, pouco tempo depois, ficaram sabendo do ocorrido e comentaram:
- Puxa vida, o pior é que ainda teremos que indenizar o hotel pelo material!
Mas não havia o que fazer.
Continuei pescando e mais ou menos uma hora depois, senti uma fisgada na minha linha, ferrei e comecei a recolher, mas notei que o peixe havia escapado. Fiquei chateado, mas pescaria é assim mesmo.
Continuei recolhendo, quando de repente notei que havia algo estranho com a minha linha. A vara envergou e ficou pesada!
Comentei com meus colegas: só falta eu ter fisgado a vara do japonês!
Continuei puxando e quando estava chegando na margem, verifiquei que realmente eu fisgara e trazia a vara do japonês.
Continuei recolhendo até que a vara saiu da água e consegui segurá-la. A surpresa maior foi ao verificar que o peixe que arrancara a vara da secretária ainda estava fisgado!
Recolhi a linha, retirei o peixe, devolvi ao lago e entreguei a vara e o molinete novamente ao japonês, que ficou muito feliz por ter se livrado do prejuízo.
E eu, alegre por três razões: havia pescado o peixe, livrado o japonês de um prejuízo e como um pescador que se preza, ainda tinha uma boa história pra contar!
Verdadeira! Embora com jeito de ser mais uma história de pescador!
* Antônio Marcos Ferreira
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