Esse número parece interessante, mas, na outra ponta, há também um grande volume de empresas que, infelizmente, fecham suas portas.

A pergunta que quero responder nesse artigo é justamente essa: por que as startups falhas? Claro que não há uma única resposta ou algo que possa ser considerado como uma verdade absoluta, mas em meus anos de experiência, notei três pontos comuns: falta de necessidade de mercado, falta de dinheiro e equipe errada. Vou comentar um pouco sobre eles.

Falta de necessidade de mercado -- saber identificar uma oportunidade de mercado, ou seja, um problema a ser resolvido, é o primeiro passo de uma jornada inovadora e é aqui que os desafios começam. Vale lembrarmos que um problema é diferente de uma dor, pois o problema pode ser real, mas se não houver dor, dificilmente haverá motivação pela compra de uma solução.

E quem é que pode te dizer se há uma dor real?! Seu cliente! Por isso, a primeira regra é conversar, de forma constante com ele, para que a solução não resolva apenas o problema, mas também remova sua dor. Esse processo deve ser cuidadoso e, na maioria das vezes, não dá para ser notado por meio de formulários ou pesquisas na internet. Você precisa conversar e conviver com seu cliente se quiser ser assertivo.

Ainda nesse momento é preciso entender que sua solução pode ser inovadora, mas a demanda já deve existir. Isso reduz absurdamente o risco de desenvolver algo que o mercado não está pronto para comprar, principalmente se for o seu primeiro empreendimento.

Falta de dinheiro -- a falta de dinheiro em si não é o problema, afinal, toda empresa pequena não vai ter recursos sobrando. Por isso, existem dois pontos que quero chamar atenção sobre esse aspecto.

O primeiro é o modelo de negócios. Toda startup deve ter fontes de receita que permitam uma geração de caixa saudável, principalmente no Brasil. Nem sempre o modelo de negócios ideal será aquele criado no começo. Por isso, tenha múltiplas formas de gerar caixa para garantir a saúde financeira do negócio. Essa estratégia, inclusive, vai ajudar na obtenção de investimento, uma vez que a percepção de risco sobre o negócio reduz.

O segundo aspecto é o desenvolvimento da solução: Criar a solução errada é a forma mais eficiente de jogar dinheiro fora. Grave essa frase! Quando desenvolvemos a solução errada, geralmente é porque não investigamos profundamente a dor do cliente, o que gera quebra do problem-solution-fit ou porque acabamos desenvolvendo mais coisas do que o necessário em busca da versão ideal. Lembre-se que a versão ideal é aquela que resolve um problema, sana uma dor e, claro, gera receita para você.

Equipe errada -- Por fim, nesse ponto é preciso entender que a capacidade de explorar a oportunidade identificada lá no começo é proporcional à capacidade de execução do time. E isso, claro, não se limita ao empreendedor. Para encontrar uma pessoa que trabalhe bem, você provavelmente vai passar por alguns profissionais não tão bons assim. Infelizmente, isso é inevitável.

Mas a melhor estratégia é tentar corrigir o mais rápido, respeitando as pessoas, obviamente. Um time mais enxuto, mas com bons profissionais geralmente é mais produtivo do que um time maior, com profissionais médios ou ruins.

Para finalizar, acredito que você já saiba, mas reforço: empreender não é fácil. Inovar é ainda mais complexo. Entender os caminhos do fracasso e estar atento no dia-a-dia para evitá-los é essencial para não garatir uma vaga no cemitério de startups.

* Denis Ferrari, é CEO da Azys.

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