BRT da Colômbia renova frota com ônibus brasileiro
BRT da Colômbia renova frota com ônibus brasileiro
Já são mais de 5.000 ônibus articulados e biarticulados operando em BRTs em toda região
Chassi biarticulado Volvo B340M com carroceria Marcopolo para 250 passageiros feita pela subsidiária Superpolo na Colômbia
Com estratégias e produtos pensados para toda a América Latina, a Volvo viabiliza a produção de ônibus na fábrica de Curitiba (PR) como fornecedora de soluções de transporte público para quase 20 países latino-americanos. Já são mais de 5.000 ônibus articulados e biarticulados operando em BRTs em toda região, o que representa cerca de 50% de participação, segundo Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses Latin America.
A maior tacada dos últimos 10 anos foi a venda de 700 ônibus para o sistema de BRT de Bogotá, Colômbia, administrado pela empresa de economia mista (público e privada) Transmilenio. São 298 articulados e 402 biarticulados do modelo B340M (motor de 340 cv) com todos os pacotes tecnológicos de segurança e conectividade instalados.
Os primeiros lotes de 336 ônibus (202 articulados e 134 biarticulados) acabaram de ser entregues e já começaram a operar.
Os lotes restantes serão entregues no decorrer deste ano e início do próximo. Os ônibus estão sendo encarroçados pela empresa local Marcopolo Superpolo.
Ônibus com conectividade
A história da Volvo com o BRT da capital colombiana é desde o início da operação, no início dos anos 2000. Se na época os 603 chassis Volvo B12M inovavam por terem motores horizontais, a geração atual segue com essas qualidades e avança com um pacote tecnológico de segurança, conforto e conectividade bem mais avançado. Vale lembra que o motor central do chassi Volvo garante melhor distribuição de força nas rodas, maior espaço para o salão de passageiros, centro de gravidade mais baixo e maior estabilidade em curvas, e menor nível de ruída, a geração atual segue com essas qualidades e avança com um pacote tecnológico de segurança, conforto e conectividade bem mais avançado.
Todos os modelos entregues aos dois clientes que operam no Transmilenio contam com o Controle de Velocidade Automático Volvo para ativação. Como funciona: o operador da frota ou da linha determina a velocidade máxima em determinados trechos, como em terminais de passageiros, próximo à escolas, hospitais ou qualquer zona com concentração de pedestres etc., e, por meio da tecnologia de geolocalização, o gerenciador do motor do ônibus reduz a velocidade para o limite pré-determinado, que pode variar entre 20 km/h e 60 km/h. Um aviso é emitido no painel para o motorista saber que a velocidade será reduzida e não pensar que o motor está tendo algum problema de perda de potência. Mesmo que ele acelere, o ônibus não vai ultrapassar a velocidade pré-determinada. Já em funcionamento em Curitiba, a tecnologia já reduziu cerca de 50% dos acidentes no Corredor Norte do BRT da capital paranaense.
Outra tecnologia embarcada nos novos Volvo é o Fleet Management. Trata-se de um sistema de monitoramento por telemetria em tempo real que acessa os dados de aceleração, inclinação da carroceria, frenagem, velocidade, consumo de diesel, rotação do motor etc., para a gestão da frota e dos motoristas. Essas informações também são utilizadas pelo I-Coaching. É como se fosse um treinamento on-line que monitora o comportamento do veículo e, quando ocorre um desvio prejudicial à segurança, conforto dos passageiros e consumo de diesel, o motorista é avisado por meio de sinais visuais e sonoros no painel no momento da ocorrência. Assim, espera-se que o condutor evite a repetição de atitudes como frenagens bruscas, curvas acima de velocidade adequada, aceleração excessiva etc.
Os chassis Volvo são 100% com freios a disco com ABS, EBS (freios eletrônicos), EPS (controle eletrônico de estabilidade) e controle de tração, o que ajuda no aumento da durabilidade dos pneus. Todos são também com suspensão pneumática com controle eletrônico. Além de tudo isso, os modelos do Transmilenio contam com “balança” no chassi para que a central de controle saiba se os ônibus estão lotados e passam acionar mais veículos para atender a demanda de passageiros.
Meio Ambiente
Outra preocupação dos gestores do transporte público em Bogotá é com a poluição. “A alta demanda do Transmilenio também exige soluções para reduzir a pegada ambiental. Por isso, esses ônibus têm um sistema de filtro de materiais particulados que reduz as emissões de poluentes. Na comparação com os veículos que circulam atualmente na cidade, com motores padrão Euro II, essa redução chega a 96% em materiais particulados”, diz Fabiano Todeschini. Esses são os primeiros veículos equipados em fábrica com esse tipo de tecnologia que circulam na América Latina, garante Mário Esteban Correa, gerente comercial da Volvo. A que essa solução é até mais eficiente que o sistema empregado nos motores Euro 6, usados na Europa. “No BRT de Bogotá, os veículos usam um tipo específico de combustível, o Biodiesel B10, de Palma, que já é mais limpo, acrescenta.
A prova de sobrepeso
Segundo Andre Marques, diretor da Volvo Colômbia, uma das coisas que orgulha a empresa é o fato de que os ônibus que foram entregues há mais de 18 anos rodaram até agora sem grandes interversões na manutenção (muitas unidades ainda continuam rodando até a chegada dos próximos lotes). Foram mais de 1,5 milhão de km rodados por unidade neste período.
Por isso, explica o executivo, os biarticulados entregues são do modelo com maior capacidade de peso do que o especificado na licitação. Isso é para garantir maior durabilidade e disponibilidade dos chassis no uso intenso de horários de picos, quando pode haver sobrepeso.
A Volvo conta com dois modelos de biarticulado, o de 250 passageiros e o Gran Biart com capacidade para 300 passageiros. Os operadores compraram o biarticulado de 250 passageiros (pois é que tem o comprimento de carroceria que melhor que se adequada nas plataformas de embarque e desembarque dos corredores de Bogotá) e a Volvo entregou o chassi com capacidade para o peso de 300 passageiros.
Os 700 ônibus (chassi mais carroceria) foram comercializados por US$ 290 milhões (equivalente a R$ 1,120 bilhão), o que representa o valor médio de R$ 1,600 milhão por unidade.
Os ônibus contam com câmeras internas de segurança (13 no biarticulado e 11 no articulado) que cobrem todo o interior do veículo em tempo real. Ainda há uma câmera para detectar fadiga ou falta de atenção do motorista. Outras duas câmeras externas (uma na frente e outra atrás) são para a central de controle avaliar o trânsito no corredor.
Transmilenio
O BRT (Bus Rapid Transit) começou a ser formatado em 1999 em Bogotá a partir da experiência de Curitiba iniciado em 1974. O Transmilenio, como é conhecido o BRT de Bogotá, transporta de 30 mil a 40 mil passageiros por ano em cada sentido, considerado o maior do mundo — 125 quilômetros de corredores — com 2,5 milhões pessoas transportadas por dia. O Transmilenio está na terceira fase e está renovando 1.441 ônibus que estão sendo entregues no decorrer desde ano e no próximo. A Scania será responsável pela entrega de 741 ônibus.
O BRT é alimentado por milhares de ônibus médios e micros por outro sistema, o STIP que também passará por grande renova, possivelmente, parte por ônibus elétricos.
* Marcos Villela Editor da revista e site Transporte Mundial desde fevereiro de 2002.
Fonte: Transporte Mundial