Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Terceirização irrestrita e as armadilhas para empresas

Terceirização irrestrita e as armadilhas para empresas

08/09/2018 Ricardo Pereira de Freitas Guimarães

O STF liberou a chamada terceirização irrestrita.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 7 votos a 4, que as empresas podem contratar trabalhadores terceirizados para desempenhar qualquer atividade, inclusive as chamadas atividades-fim.

Ou seja, liberou a chamada terceirização irrestrita. Os ministros ainda firmaram a tese de que não é possível se estabelecer uma limitação genérica da terceirização da atividade-fim, linha que vinha sendo sustentada pela Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A terceirização recebeu o selo de legalidade e pode ser um “motor” de precarização nas relações de trabalho. A terceirização sem restrições é uma armadilha para as empresas e trabalhadores.

Agora, as empresas poderão terceirizar todas suas atividades. A questão que fica diz respeito a sua forma, pois sem os cuidados devidos, poderá se tornar, de um lado, motor de precarização das relações de emprego, reverberando em contratos com salários menores, menor proteção dos empregados coletivamente, pois em regra se vinculam aos sindicatos mais fracos, aumento de número de acidentes, entre outras hipóteses.

As empresas precisam ficar atentas para os futuros problemas com a queda de qualidade advinda da terceirização dos serviços. Avaliando a questão sob o prisma de impacto social na empresa e nos empregados, convém alertar os empregadores que na hipótese de realização de terceirização, o façam com responsabilidade, avaliando de forma profunda com quem contratam, sob pena de comprometer o próprio negócio.

O ideal é não avaliar apenas a economia da relação oriunda da terceirização posta e, sim, os eventuais problemas futuros na conjuntura social. Terceirizar sem referidos cuidados, pode ser motor gerador de problemas futuros. Sem dúvida, a terceirização também terá impacto negativo na segurança e na organização coletiva dos trabalhadores.

A maioria dos ministros do Supremo, ao se deixar levar, principalmente, pela conjuntura econômica e política do país e deixando de lado paradigmas importantes e constitucionais do Direito do Trabalho, como a proteção social do trabalhador, do ambiente do trabalho e da saúde e segurança do empregado.

Outro importante alerta às empresas é que, apesar de liberar a terceirização, o STF definiu também que a empresa contratante terá o encargo de prestar as obrigações trabalhistas não observadas pela empresa contratada. A chamada responsabilidade subsidiária. Ou seja, a empresa terá que assumir todos os direitos do trabalhador. E as hipóteses de desvirtuamento ou fraudes do contrato de terceirização continuarão sendo observadas pela Justiça do Trabalho.

Isso reforça, portanto, o papel fiscalizador do Ministério Público do Trabalho, da advocacia trabalhista, sindicatos, federações e associação de trabalhadores na fiscalização dos atuais e futuros contratos de terceirização. Portanto, negar a terceirização em razão de ideologismo alegando uma visão neoliberal ou outra que seja, respeitosamente, é ignorância pura. Ela existe e devemos enfrentá-la como uma sociedade civilizada e minimamente adulta.

Dizer que a terceirização - como algumas vozes dizem - não retira direitos, pois não retira direitos constantes na lei, respeitosamente, demonstra uma falácia. É retórica pura. Na verdade, é necessário acomodar o instituto com aprofundamento científico e fugir de suas armadilhas.

* Ricardo Pereira de Freitas Guimarães é doutor, mestre e especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada



O embate Twitter Files Brasil: que legado queremos deixar?

Elon Musk está usando sua plataforma X (ex-Twitter) para um duelo digital com o presidente do STF, Alexandre de Moraes.

Autor: Patrícia Peck


Justiça e inclusão: as leis para pessoas com TEA

Por muito tempo, os comportamentos típicos de crianças que tinham Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram tratados como “frescura”, “pirraça” ou “falta de surra”.

Autor: Matheus Bessa e Priscila Perdigão


Você conhece a origem dos seus direitos?

Advogado e professor Marco Túlio Elias Alves resgata a história do Direito no Brasil e no mundo em livro que democratiza os saberes jurídicos.

Autor: Divulgação


Os planos de saúde e os obstáculos ao bem-estar dos pacientes

No contexto do direito à saúde no Brasil, os planos de saúde privados são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece normas e diretrizes para garantir a cobertura assistencial aos consumidores.

Autor: Natália Soriani


R$ 200 mil não apaga a dor, mas paga a conta

Um caso de erro médico do interior de São Paulo chamou atenção de todo Brasil por conta de dois fatores.

Autor: Thayan Fernando Ferreira


Precisamos mesmo de tantas leis?

O Direito surgiu como uma forma de organizar melhor as sociedades, uma vez que já havia algumas tradições reproduzidas a partir de exemplos ou de determinações orais que alguns grupos, especialmente os familiares, seguiam.

Autor: Marco Túlio Elias Alves


Proibição do chatbot na campanha eleitoral afeta políticos com menos recursos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou normas relacionadas ao uso da inteligência artificial nas campanhas para as eleições municipais de 2024. A alteração é vista como pequena e mal discutida por especialistas da área.

Autor: Divulgação


Digitalização da saúde e os desafios na relação plano e consumidor

A digitalização da saúde, que compreende o uso de recursos tecnológicos e de Tecnologia da Informação (TI) para fins médicos, é um fenômeno que a cada ano se consolida e expande em todo o país.

Autor: Natália Soriani


Os equívocos do caso Robinho

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no uso de competência constitucional e regimental, analisou e, por maioria de votos, homologou o pedido de execução da sentença penal condenatória proferida pela Justiça Italiana contra o ex-jogador Robinho.

Autor: Marcelo Aith


A nova lei de licitações: o que deve mudar daqui para frente?

O sucesso dessa legislação dependerá do compromisso de todas as partes envolvidas em trabalhar juntas.

Autor: Matheus Teodoro


Exclusão de dependentes maiores de 25 anos de planos de saúde

Os magistrados têm reconhecido a existência de uma expectativa de direito por parte dos consumidores.

Autor: José Santana Junior


TikTok e a multa milionária por captura ilegal de dados biométricos no Brasil

Por utilizar métodos que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e o Marco Civil da Internet, o TikTok, rede social famosa por vídeos de curta duração, foi multado em R$ 23 milhões pela Justiça.

Autor: Renato Falchet Guaracho