Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Aluno não é todo mundo

Aluno não é todo mundo

09/10/2019 Rita Schane

“Você não é todo mundo”.

O velho bordão de mães e pais pode parecer apenas uma resposta negativa padrão para pedidos dos pequenos, mas diz muito sobre como precisamos olhar para nossas crianças. A questão da alfabetização no Brasil é um exemplo. O Plano Nacional de Educação (PNE) diz que a criança pode ser alfabetizada até o terceiro ano do Ensino Fundamental, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) até o segundo ano e, recentemente, o Pacto Nacional pela Alfabetização ressalta que esse processo deve ocorrer, preferencialmente, no primeiro ano do Ensino Fundamental.

Como resultado desse desencontro e de outras questões referentes à alfabetização, temos os resultados mais recentes da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), em que encontramos uma taxa de 54% dos alunos concluintes do 3º ano com desempenho insuficiente no exame de proficiência em leitura. Isso nos leva a crer que os professores estão desamparados e necessitando de auxílio, sem saber o que mais pode ser feito, diante da cobrança de toda a comunidade, para que os alunos sejam alfabetizados o mais rápido possível.

Bom, como “você não é todo mundo”, o aluno também não é! Em uma turma de vinte ou trinta alunos, sabemos que eles não serão alfabetizados no mesmo período, a partir da mesma metodologia, em um mesmo ano. Cada um tem seu ritmo e seu tempo. Talvez o professor precise repetir muitas e muitas vezes a mesma coisa para os mesmos alunos, ou tenha que mudar o percurso para que somente um deles aprenda daquele jeito e naquele momento. Ou seja, é necessário conhecer cada aluno e a forma como ele, em especial, aprende. Esse aluno pode ser auditivo, visual, cinestésico… e, por isso, a escola apresenta tantas dificuldades nesse sentido, precisando conhecer a forma como cada um se conecta com o conhecimento e, ainda, o seu percurso educacional individual.

Relato aqui uma das observações que tenho feito ao longo da minha carreira – nada científico, mas recorrente. Anos atrás, tínhamos cinco ou seis alunos por turma que chegavam ao terceiro ano e não liam ou não escreviam; hoje, em uma turma de trinta, às vezes, quinze, dezesseis, dezessete não têm sucesso na alfabetização. O que se percebe é que as crianças são diferentes e estão, cada vez mais, exigindo da escola novas e diferentes formas de ensinar. A educação é movimento, porque a vida é movimento, estamos em evolução e não podemos ensinar como ensinávamos antes – porque essas crianças não são as mesmas. Elas têm necessidades e especificidades que fazem parte de um contexto específico: o do século XXI.

 

Digo isso porque há mais de dez anos trabalho com a formação de professores e venho constatando, também, que o que se ensina no Ensino Superior atualmente não está dando conta da realidade encontrada nas salas de aula. A maioria dos professores não sai pronta para trabalhar com esses alunos. E são inúmeros os fatores que contribuem para tal situação, que vão desde questões familiares, interesses individuais dos alunos, questões que envolvem a inclusão, papel e finalidade da escola nos dias atuais, enfim... assuntos, esses, para uma outra conversa.

Assim, devemos parar de nos preocupar com o momento “ideal” para a alfabetização, mas sim, que ela ocorra verdadeiramente, de forma justa e com encantamento, seja no primeiro, segundo ou terceiro ano – tempo esse convencionado pelas políticas públicas educacionais. Paremos de tentar enquadrar nossas crianças em caixas e passemos a enxergá-las como realmente são: seres humanos únicos e que têm necessidades, desejos e particularidades, além de tempos e ritmos diferentes para o “aprender”. Necessitam de acolhimento, empatia, atenção e o nosso comprometimento, afinal, elas não são “todo mundo” e muito menos, as vilãs dessa história!

* Rita Schane é especialista em pareceres pedagógicos do Sistema de Ensino Aprende Brasil.

Fonte:Central Press



Acolhimento: um ato revolucionário de amor e empatia

Feche os olhos por um minuto e tente lembrar de um momento em que foi acolhida na infância ou adolescência.

Autor: Vanessa Nascimento

Acolhimento: um ato revolucionário de amor e empatia

A importância de diversificar as práticas esportivas nas escolas

Os impactos positivos das diversas práticas esportivas são inegáveis, especialmente quando se considera o contexto das instituições educacionais.

Autor: Kelly Soares Rosa

A importância de diversificar as práticas esportivas nas escolas

Afinal, vale a pena insistir no ensino da letra cursiva nas escolas?

Um assunto relevante para a educação está dividindo opiniões: o uso da letra cursiva nas escolas.

Autor: Liliani A. da Rosa

Afinal, vale a pena insistir no ensino da letra cursiva nas escolas?

Estudantes cativados, estudantes motivados

Contar com a participação da família nesse processo é fundamental para que a criança seja estimulada e reconhecida.

Autor: Cleonara Schultz Diemeier

Estudantes cativados, estudantes motivados

Quem faz pós graduação EaD pode estagiar?

A escolha pelo modelo híbrido de educação ganha força e esses alunos também podem pleitear as vagas.

Autor: Carlos Henrique Mencaci

Quem faz pós graduação EaD pode estagiar?

Livro ensina às crianças as verdadeiras cores da amizade

Obra infantil combina narrativa poderosa com ilustrações que ganham vida ao longo das páginas para incentivar a tolerância desde cedo.

Autor: Divulgação


A maldição da aula divertida

Nem tudo o que precisamos aprender para compreender o mundo é divertido ou pode ser aprendido em meio a jogos lúdicos ou brincadeiras dinâmicas.

Autor: Daniel Medeiros

A maldição da aula divertida

Era uma vez em uma escola na Suécia

O governo sueco resolveu dar uma guinada nas suas orientações escolares e agora estimula fortemente o uso de livros em vez de laptops.

Autor: Daniel Medeiros

Era uma vez em uma escola na Suécia

Pais de autistas pedem que ministro o Parecer do Autismo

Associações de pais de autistas de todo o Brasil estão empenhadas em ampliar os direitos educacionais dos filhos.

Autor: Divulgação

Pais de autistas pedem que ministro o Parecer do Autismo

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

Investir nas pessoas no tempo presente é um princípio básico e pode ser uma das maneiras mais efetivas de garantir um futuro mais sustentável.

Autor: Antoninho Caron

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

10 motivos para falar de IA com crianças e adolescentes

Para os especialistas, a ferramenta já é considerada uma nova forma de alfabetização.

Autor: Divulgação

10 motivos para falar de IA com crianças e adolescentes

Participação e inclusão escolar: como fazer?

O princípio da gestão democrática da educação, previsto no artigo 206 da Constituição de 88, é também uma luta histórica dos movimentos a favor dos direitos das pessoas com deficiência. 

Autor: Lucelmo Lacerda e Flávia Marçal

Participação e inclusão escolar: como fazer?