Bolsonaro pede confiança em quem não votou nele
Bolsonaro pede confiança em quem não votou nele
Em discurso, futuro mandatário exalta redes sociais, afirma que "poder popular não precisa mais de intermediação" e agradeceu os votos recebidos.
O presidente eleito Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, receberam em cerimônia na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, seus respectivos diplomas eleitorais, documentos que os habilitam a tomar posse.
Após receber o diploma das mãos da presidente do TSE, a ministra Rosa Weber, Bolsonaro exaltou o papel da internet no pleito de outubro. "Vivenciamos um novo tempo. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado. O poder popular não precisa mais de intermediação", afirmou.
"As novas tecnologias permitiram uma nova relação entre os eleitores e seus representantes", disse o presidente eleito, que, sem contar com grandes recursos e um partido forte, focou sua campanha nas redes sociais.
Em discurso que durou cerca de dez minutos, Bolsonaro deixou de lado sua postura crítica ao processo eleitoral e à segurança das urnas eletrônicas e fez elogios ao TSE, apontando que os brasileiros escolheram seus novos governantes em eleições "livres e justas". "Somos um exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível", afirmou.
O presidente eleito afirmou ainda que o Brasil precisa de uma "ruptura" com "práticas que historicamente retardaram" o progresso do país.
"Não mais a corrupção, não mais a violência, não mais as mentiras, não mais manipulação ideológica, não mais submissão do nosso destino a interesses alheio, não mais mediocridade complacente em detrimento do nosso desenvolvimento", afirmou.
"Tenho plena consciência dos desafios que se colocam diante de nós. Trabalharei com afinco para que, daqui a quatro anos, possamos olhar com orgulho para o caminho trilhado", disse.
Ele também agradeceu os mais de 57 milhões de votos recebidos no segundo turno e pediu a "confiança" dos eleitores que não votaram nele. "Agradeço aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país", disse.
"A partir de 1º de janeiro serei o presidente de todos, dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião", afirmou. "Vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro. O Brasil deve estar acima de tudo."
Bolsonaro foi eleito presidente no segundo turno da eleição presidencial, em 28 de outubro. Ele conquistou 55,13% dos votos e derrotou o petista Fernando Haddad (PT), que obteve 44,87% dos votos.
O primeiro diploma eleitoral foi expedido pelo TSE em 1946. O documento foi confeccionado para Eurico Gaspar Dutra, eleito presidente da República no ano anterior.
A sessão solene de diplomação deve ocorrer até o dia 19 de dezembro do ano da eleição, após a análise das prestações de contas dos candidatos eleitos. Na semana passada, Bolsonaro teve suas contas de campanha aprovadas pelo TSE, porém com "ressalvas”.
Conforme a prestação de contas, a campanha arrecadou R$ 4,3 milhões e gastou R$ 2,8 milhões.