Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Síndrome de péssimos pais

Síndrome de péssimos pais

07/06/2023 Anderson Leal

Pais ruins de verdade não são os que têm pouco tempo, são os que priorizam qualquer outra atividade, ainda que estejam fisicamente próximos de seus filhos.

Síndrome de péssimos pais

Todos os dias, no caminho que leva da porta de casa até o portão da escola, os corações de pais e mães espalhados por todo o mundo param de funcionar por alguns centésimos de segundos. Por fora, sorrisos e palavras de incentivo querem convencer crianças e adolescentes das mais diversas idades de que o curso da vida é mesmo esse. Por dentro, culpa, tristeza, dor e a sensação de que todo o tempo do mundo ainda não seria tempo suficiente.

Aliás, não só o tempo. Ter filhos é experimentar constantemente a sensação de insuficiência. Os braços são curtos, os olhos não enxergam tudo o que deveriam, os ouvidos estão frequentemente ocupados com sons desimportantes, o abraço não aperta o bastante, a atenção poderia ser maior. E, ainda assim, bilhões de pais e mães seguem vivendo. Levando seus rebentos à escola, à casa dos coleguinhas, ao futebol, à dança, à capoeira. Como se não andassem por aí com o coração pulsando fora do peito.

Péssimos pais, é o que são. Ou, ao menos, é o que sentem que são. Porque trabalham demais, porque não conseguem almoçar ou jantar com os filhos, porque não estão disponíveis 100% do tempo para as necessidades deles. Mas a ciência garante que não é isso que faz um bom pai. Uma pesquisa divulgada há algum tempo pela Universidade de Toronto, no Canadá, ouviu mais de seis mil famílias e chegou à conclusão de que o que determina um crescimento saudável dos filhos não é a quantidade de tempo que eles passam com os pais, mas a qualidade desse tempo. 

E, se não é preciso dedicar mais tempo a essa relação, o que é preciso? Dedicar mais atenção. Atenção plena, na verdade, o que agora é chamado “mindfullness”. Ou seja, você não precisa estar com as crianças todo o tempo, mas precisa estar com elas, de fato, sempre que estiver com elas. Nesses momentos, não pode haver celular, trabalho ou problemas externos que sejam mais importantes que a construção conjunta de um relacionamento forte e saudável. Conversas, risadas, brincadeiras, tudo faz parte dessa construção.

Pais ruins de verdade não são os que têm pouco tempo, são os que priorizam qualquer outra atividade, ainda que estejam fisicamente próximos de seus filhos. Aí é que mora o perigo, porque essa é a receita para que os pequenos se sintam preteridos e, muitas vezes, até desamparados. O resultado é irritação, hiperatividade e até mesmo sentimentos mais difíceis que esses: depressão, estresse, frustração e, muitas vezes, enfermidades físicas que não passam de somatizações de todas essas questões emocionais.

Principalmente na primeira infância, o que contribui para o desenvolvimento de seres humanos saudáveis e completos é o afeto. Olhos nos olhos, carinho, escuta ativa e a proposição de momentos exclusivamente separados para essas atividades são fundamentais para garantir também uma evolução cognitiva adequada para cada uma das idades.

Falar e ouvir previnem desentendimentos que são determinantes para as relações entre pais e filhos, principalmente na fase da adolescência, mas não apenas nesse período. Parece óbvio, mas é muito importante repetir. O diálogo é a base do amor. Manter aberto um canal de comunicação direto e claro facilita o exercício da empatia, de colocar-se no lugar do outro e poder lidar com as diferentes situações sem tantos julgamentos e conclusões prévias. Isso funciona para as duas vias dessa relação.

Se você quer criar pessoas capazes de compartilhar suas angústias e alegrias, comece dando o exemplo. Fale sobre seu dia, seus desafios, suas preocupações, respeitando sempre a linguagem e o conteúdo adequados para cada faixa etária. Ao mesmo tempo, pergunte sobre o dia das crianças, os sentimentos que elas vivenciam em suas rotinas e as novidades de seus universos em expansão.

Por fim, saiba estabelecer limites. Não vale a pena tentar compensar a falta de tempo com presentes caros ou liberdade irrestrita. É um ato de amor ensinar que o mundo, em boa parte das oportunidades, sabe dizer “não”. Por outro lado, liberte-se, você também. Saiba que não é possível - ou mesmo saudável - ser perfeito, e que errar é o que te faz parecer mais humano aos olhos dos seus filhos. Não se culpe, porque os verdadeiros péssimos pais sequer são capazes de se dar conta de que o são.

* Anderson Leal é consultor pedagógico na Conquista Solução Educacional.

Para mais informações sobre crianças clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Central Press



Acolhimento: um ato revolucionário de amor e empatia

Feche os olhos por um minuto e tente lembrar de um momento em que foi acolhida na infância ou adolescência.

Autor: Vanessa Nascimento

Acolhimento: um ato revolucionário de amor e empatia

A importância de diversificar as práticas esportivas nas escolas

Os impactos positivos das diversas práticas esportivas são inegáveis, especialmente quando se considera o contexto das instituições educacionais.

Autor: Kelly Soares Rosa

A importância de diversificar as práticas esportivas nas escolas

Afinal, vale a pena insistir no ensino da letra cursiva nas escolas?

Um assunto relevante para a educação está dividindo opiniões: o uso da letra cursiva nas escolas.

Autor: Liliani A. da Rosa

Afinal, vale a pena insistir no ensino da letra cursiva nas escolas?

Estudantes cativados, estudantes motivados

Contar com a participação da família nesse processo é fundamental para que a criança seja estimulada e reconhecida.

Autor: Cleonara Schultz Diemeier

Estudantes cativados, estudantes motivados

Quem faz pós graduação EaD pode estagiar?

A escolha pelo modelo híbrido de educação ganha força e esses alunos também podem pleitear as vagas.

Autor: Carlos Henrique Mencaci

Quem faz pós graduação EaD pode estagiar?

Livro ensina às crianças as verdadeiras cores da amizade

Obra infantil combina narrativa poderosa com ilustrações que ganham vida ao longo das páginas para incentivar a tolerância desde cedo.

Autor: Divulgação


A maldição da aula divertida

Nem tudo o que precisamos aprender para compreender o mundo é divertido ou pode ser aprendido em meio a jogos lúdicos ou brincadeiras dinâmicas.

Autor: Daniel Medeiros

A maldição da aula divertida

Era uma vez em uma escola na Suécia

O governo sueco resolveu dar uma guinada nas suas orientações escolares e agora estimula fortemente o uso de livros em vez de laptops.

Autor: Daniel Medeiros

Era uma vez em uma escola na Suécia

Pais de autistas pedem que ministro o Parecer do Autismo

Associações de pais de autistas de todo o Brasil estão empenhadas em ampliar os direitos educacionais dos filhos.

Autor: Divulgação

Pais de autistas pedem que ministro o Parecer do Autismo

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

Investir nas pessoas no tempo presente é um princípio básico e pode ser uma das maneiras mais efetivas de garantir um futuro mais sustentável.

Autor: Antoninho Caron

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

10 motivos para falar de IA com crianças e adolescentes

Para os especialistas, a ferramenta já é considerada uma nova forma de alfabetização.

Autor: Divulgação

10 motivos para falar de IA com crianças e adolescentes

Participação e inclusão escolar: como fazer?

O princípio da gestão democrática da educação, previsto no artigo 206 da Constituição de 88, é também uma luta histórica dos movimentos a favor dos direitos das pessoas com deficiência. 

Autor: Lucelmo Lacerda e Flávia Marçal

Participação e inclusão escolar: como fazer?