Economia de Energia Elétrica em Fazendas Leiteiras (4/4)
Economia de Energia Elétrica em Fazendas Leiteiras (4/4)
Os cuidados ao adquirir um motor elétrico
Para adquirir um motor elétrico é importante ainda que o proprietário forneça ao vendedor as seguintes informações:
1) Tipo de máquina ou equipamento a ser acionado pelo motor.
2) Local em que o motor será instalado.
3) Número de vezes que o motor será ligado por dia.
O esquema de ligação dos motores monofásicos vem indicado em sua “placa de identificação”.
A ligação de motores trifásicos possuem, normalmente, três enrolamentos (bobinas), com terminais que podem ser ligados em redes com pelo menos duas tensões diferentes. A maior parte dos motores trifásicos produzidos no Brasil podem ser utilizados com tensões de 220 volts, com ligação em triângulo, e 380 volts com ligação em estrela.
Quando se deseja inverter o sentido de rotação de um motor trifásico é necessário, apenas, trocar duas fases de alimentação.
Motores monofásicos podem funcionar em propriedades rurais onde o fornecimento é pelo sistema trifásico, enquanto que motores trifásicos somente podem funcionar onde o fornecimento de energia é trifásico.
O proprietário rural deve ficar atento porque alguns fabricantes recomendam motores de diferentes potências para uma mesma máquina. Deve-se preferir o motor de menor potência pois os custos de aquisição e instalação são menores, possibilitando uma menor demanda, sendo que um número maior de máquinas poderão funcionar simultaneamente.
Os motores monofásicos não são recomendados para partir com carga. Por isso, o motor deverá ser ligado sem carga na máquina agrícola a ele acoplado.
A eficiência de um conjunto máquina/motor depende, principalmente, do dimensionamento correto para o tipo de acionamento a que é destinado, ou seja, a potência extraída pela carga deve estar próxima à potência nominal (de placa) do motor. Este equipamento é projetado para obter o melhor rendimento nas condições nominais de operação.
O super dimensionamento de motores é um fato comum, principalmente pelo desconhecimento das características da carga, obrigando os projetistas das máquinas a utilizarem fatores de segurança elevados.
Outros fatos que interferem na eficiência de um conjunto, são as condições do acoplamento entre motor e carga. O desalinhamento, a falta de correias ou má conservação contribuem também para uma solicitação maior do motor e consequentemente o consumo é maior.
As condições ambientais de temperatura e umidade influenciam, de forma significativa, no desempenho e vida útil dos motores. A umidade contribui para a aceleração do deterioramento de isolamento e a operação em temperaturas elevadas, no pior caso, leva à queima do motor.
Diante dos fatos expostos, é fundamental que se tenha um programa de manutenção preventiva nos motores e máquinas. A prática da manutenção não deve simplesmente se restringir à substituição e correção dos equipamentos avariados, mas sim, propiciar melhores condições ambientais e de operação.
Os procedimentos normais de manutenção preventiva incluem inspeções e testes de itens relacionados às partes mecânicas e elétricas. Basicamente são:
1) Verificação do estado de conservação e lubrificação dos rolamentos ou mancais;
2) Inspeção do acoplamento, transmissão e pontos de fixação;
3) Verificações das conexões dos cabos de alimentação e aterramento;
4) Medidas de resistências dos enrolamentos para identificar desequilíbrio entre fases e, se possível, da resistência de isolamento, entre outros.
Estes procedimentos devem ser intensificados e a periodicidade de inspeção abreviada para os motores instalados em locais úmidos ou de temperatura elevada, ao tempo ou em atmosfera agressiva.
Não esqueça de fazer o aterramento!
Todos os motores devem ter suas carcaças aterradas, ligadas à terra por meio de um condutor denominado cabo terra. Esse condutor, por sua vez, deve estar ligado às hastes de terra e conectado ao neutro da rede elétrica. Adote sempre o condutor terra com a mesma bitola do condutor fase que alimenta o motor.
Para sua segurança toda máquina elétrica deve ser aterrada (foto).
A haste de terra poderá ser de cobre, tipo “copperweld” (própria para aterramento) ou cantoneira galvanizada, com comprimento de 2,40 m. A ligação da haste de terra ao condutor terra deve ser feita através de solda, ou então, utilizando-se conector apropriado.
Deixar de fazer o aterramento ou fazê-lo incorretamente pode custar a vida do operador de equipamento.
Agora, os acoplamentos mecânicos
Geralmente, os fabricantes de máquinas agrícolas recomendam a potência do motor elétrico e como deve ser feito o acoplamento. Os mais comuns são do tipo correias com polias e flanges (ou luvas de junção).
Se as correias do acomplamento estiverem frouxas você vai desperdiçar energia elétrica (foto).
Para que o conjunto motor-máquina agrícola funcione adequadamente e com maior durabilidade, é necessário fazer o nivelamento, uma boa fixação e um alinhamento correto. Essas são as principais providências a serem tomadas para a obtenção de bons resultados.
Inspeções rotineiras são fundamentais
O motor elétrico com ruído anormal é uma indicação de rolamentos gastos, de sobrecarga, desalinhamento ou desgaste acentuado do eixo. Nessa situação, deve-se tomar as seguintes providências:
1) Rolamentos ou eixos gastos – providenciar a troca. Nesse caso, o responsável pela fazenda deverá procurar um profissional da sua confiança para corrigir o defeito;
2) Sobrecarga – aliviar a carga de modo que não seja solicitado do motor a sua máxima potência;
3) Desalinhamento – providenciar o alinhamento.
O cheiro característico de um isolamento (plástico ou borracha) queimado pode ser uma indicação de sobrecarga. Nesse caso, alivie imediatamente a carga mantendo o motor ligado por algum tempo e, depois, desligue o motor para verificação. Se o problema for de sobrecarga, o motor ligado se resfriará melhor.
Pode-se facilmente verificar se a temperatura do motor está demasiadamente elevada, cujas prováveis causas são: sobrecarga ou aletas de ventilação entupidas. Alguns motores podem suportar temperaturas mais elevadas, por exemplo: os motores de classe de isolamento B suportam até 90° acima da temperatura ambiente.
Pode-se facilmente verificar se o motor elétrico está com vibrações, cujas prováveis causas são: base de fixação da máquina agrícola ou problema de alinhamento. Se esse defeito for detectado, basta reapertar os parafusos e verificar as condições das cunhas. Caso necessário, troque-as, pois são peças de ajustes e podem estar mal adaptadas.
Cuide bem da lubrificação
Uma boa lubrificação aumenta a vida útil da máquina, além de evitar danos a ela própria e ao motor a ela acoplado. Deve-se seguir sempre as orientações dadas pelo fabricante e contidas no manual da máquina. O lubrificante deve ser guardado em recipiente limpo, vedado e nunca exposto ao sol.
Os principais cuidados para se fazer uma lubrificação correta são:
1) Lavar as peças com solvente (líquido indicado para diluir e remover as sujeiras das peças; por exemplo: querosene, tiner, gasolina, óleo diesel, etc);
2) Manter os materiais, recipientes, escovas, panos, etc,devidamente limpos;
3) Antes de colocar o novo lubrificante, certificar-se de que as peças estão secas e completamente limpas;
4) Colocar o novo lubrificante de forma a atingir todas as partes móveis de contato.
5) Nunca reaproveitar o solvente para outra limpeza.
6) Nunca misturar lubrificantes de características diferentes.
E para finalizar...
Quando o motor elétrico não é bem dimensionado e funciona desnecessariamente sem uma boa manutenção o resultado negativo aparece, em primeiro lugar, no seu medidor de energia elétrica que vai registrar um consumo de energia elétrica desnecessário e depois no seu bolso. Faça sua opção e tenha sempre em mente que a energia elétrica é um bem precioso, porém muito dispendioso.
* Eduardo Carvalhaes Nobre – Engº Eletricista e diretor de O Debate