Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Bretas vs Gilmar

Bretas vs Gilmar

12/06/2018 Bady Curi Neto

"A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a fraqueza do direito."

Praticamente, todos os jornais e mídias sociais, fizeram referência ao esclarecimento que o juiz federal Marcelo Bretas – responsável pelos processos e desdobramentos da Operação Lava Jato naquela circunscrição jurisdicional –, fez ao ministro Gilmar Mendes.

O que ocorreu e ocorre diariamente em processos desta natureza, no caso o Habeas Corpus, é que o relator ao receber a petição do paciente ou de seu advogado, pôde pedir esclarecimentos à autoridade coatora (aquela que determinou a prisão). O fato corriqueiro chamou a atenção por dois motivos. Primeiro, por se tratar de processo da Lava Jato e tendo como paciente (réu) o ex-presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).

Segundo, porque o magistrado emitiu opinião pessoal sobre os crimes de corrupção, ao dizer: "Também foi defendido que casos de corrupção e delitos relacionados não podem ser tratados como crimes menores, pois a gravidade de ilícitos penais não deve ser medida apenas sob o enfoque da violência física imediata", e completou sua fala expondo que estes crimes praticados por agentes públicos "têm enorme potencial para atingir, com severidade, um número infinitamente maior de pessoas".

Não restam dúvidas, a meu ver, da gravidade dos delitos de corrupção. Porém, com todo o respeito ao magistrado federal – que tem desenvolvido um trabalho hercúleo em seus processos e a quem rendo minhas homenagens – o fato a ser observado, se pauta no questionamento da existência dos requisitos para a prisão preventiva e se a mesma, não poderia ser substituída por medidas cautelares outras, que não o encarceramento, ou seja, a moral a ser observada é a da lei e não a do julgador.

A banalização da prisão preventiva, sob aspectos morais do julgador e não do determinado pelo ordenamento jurídico, leva, via de regra, a uma decisão equivocada. Por óbvio, a sociedade, cansada de tantos escândalos, aplaude a transformação da prisão preventiva de exceção à regra, influenciada pelo misto de sentimentos de moralidade e vingança social.

Apesar de não ser advogado criminalista e somente conhecer o caso por informação jornalística, pode-se dizer, como regra geral, que os anseios da sociedade devem ser respondidos pela justiça, não com os excessos de prisões preventivas e midiáticas, mas sim com a celeridade processual, sendo assim, respeitado o ordenamento jurídico e formada a culpa, hoje em segundo grau (novo entendimento do STF), aplica-se a pena ao condenado.

A correção de rumos em um processo por instâncias superiores não pode levar em consideração a dicotomia popular, na qual quem prende é o herói da nação e quem determina a soltura é o salafrário da justiça. Esta dicotomia tem levado alguns julgadores – atendendo o clamor social – ao esquecimento da balança do equilíbrio, atuando somente o peso da espada do Estado Juiz.

Segundo o jurista alemão Rudolf von Ihering, “o direito não é mero pensamento, mas sim força viva. Por isso, a justiça segura, numa das mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e na outra a espada, com a qual o defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a fraqueza do direito. Ambas se completam e o verdadeiro estado de direito só existe onde a força, com a qual a justiça empunha a espada, usa a mesma destreza com que maneja a balança”.

* Bady Curi Neto é advogado, professor de Direito e ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).

Fonte: Naves Coelho Assessoria e Marketing



O embate Twitter Files Brasil: que legado queremos deixar?

Elon Musk está usando sua plataforma X (ex-Twitter) para um duelo digital com o presidente do STF, Alexandre de Moraes.

Autor: Patrícia Peck


Justiça e inclusão: as leis para pessoas com TEA

Por muito tempo, os comportamentos típicos de crianças que tinham Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram tratados como “frescura”, “pirraça” ou “falta de surra”.

Autor: Matheus Bessa e Priscila Perdigão


Você conhece a origem dos seus direitos?

Advogado e professor Marco Túlio Elias Alves resgata a história do Direito no Brasil e no mundo em livro que democratiza os saberes jurídicos.

Autor: Divulgação


Os planos de saúde e os obstáculos ao bem-estar dos pacientes

No contexto do direito à saúde no Brasil, os planos de saúde privados são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece normas e diretrizes para garantir a cobertura assistencial aos consumidores.

Autor: Natália Soriani


R$ 200 mil não apaga a dor, mas paga a conta

Um caso de erro médico do interior de São Paulo chamou atenção de todo Brasil por conta de dois fatores.

Autor: Thayan Fernando Ferreira


Precisamos mesmo de tantas leis?

O Direito surgiu como uma forma de organizar melhor as sociedades, uma vez que já havia algumas tradições reproduzidas a partir de exemplos ou de determinações orais que alguns grupos, especialmente os familiares, seguiam.

Autor: Marco Túlio Elias Alves


Proibição do chatbot na campanha eleitoral afeta políticos com menos recursos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou normas relacionadas ao uso da inteligência artificial nas campanhas para as eleições municipais de 2024. A alteração é vista como pequena e mal discutida por especialistas da área.

Autor: Divulgação


Digitalização da saúde e os desafios na relação plano e consumidor

A digitalização da saúde, que compreende o uso de recursos tecnológicos e de Tecnologia da Informação (TI) para fins médicos, é um fenômeno que a cada ano se consolida e expande em todo o país.

Autor: Natália Soriani


Os equívocos do caso Robinho

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no uso de competência constitucional e regimental, analisou e, por maioria de votos, homologou o pedido de execução da sentença penal condenatória proferida pela Justiça Italiana contra o ex-jogador Robinho.

Autor: Marcelo Aith


A nova lei de licitações: o que deve mudar daqui para frente?

O sucesso dessa legislação dependerá do compromisso de todas as partes envolvidas em trabalhar juntas.

Autor: Matheus Teodoro


Exclusão de dependentes maiores de 25 anos de planos de saúde

Os magistrados têm reconhecido a existência de uma expectativa de direito por parte dos consumidores.

Autor: José Santana Junior


TikTok e a multa milionária por captura ilegal de dados biométricos no Brasil

Por utilizar métodos que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e o Marco Civil da Internet, o TikTok, rede social famosa por vídeos de curta duração, foi multado em R$ 23 milhões pela Justiça.

Autor: Renato Falchet Guaracho