Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A importância da prevenção no Direito do Consumidor

A importância da prevenção no Direito do Consumidor

28/11/2019 Andrea Mottola

Prevenir-se para não sofrer problemas judiciais é sempre conveniente, tanto para o consumidor quanto para o fornecedor.

Hoje em dia, é uma prática razoavelmente comum que vendedores ou compradores entrem com processo judicial, antes mesmo de encontrar uma forma alternativa de resolver conflitos nas relações de consumo.

Por isso, prevenir-se para não sofrer problemas judiciais é sempre conveniente, tanto para o consumidor quanto para o fornecedor.

A prática preventiva tem uma importância crescente, uma vez que nossa sociedade está adstrita a judicialização dos conflitos, ou seja, o costumeiro uso do sistema judiciário por agentes e grupos políticos a fim de gerar uma mobilização em torno de interesses políticos, sociais e econômicos específicos.

No Brasil as práticas de mediação e conciliação ainda precisam de maior disseminação. Concretamente, seria sempre mais apropriado evitar ou diminuir esses desacordos entre consumidor e empresa. O mais razoável seria mesmo evitar sempre que possível entrar propriamente num conflito direto na justiça.

A verdade é que processos judiciais sempre geram gastos financeiros para contratantes de serviços jurídicos. Além disso, existe o desgaste pessoal dos litigantes envolvidos, já que há desgaste de energia da pessoa e o tempo despendido, quando é necessária alguma audiência. Então, prevenir-se contra enfrentamentos no Poder Judiciário é tentar amenizar todos estes desgastes.

O positivo disso tudo é que há alternativas para se reduzir ou se evitar processos judiciais fatigantes. O consumidor, ao ler o contrato (o que é imprescindível) pode tomar algumas medidas, como ficar atendo aos termos de uso ou serviço.

Outra dica: é recomendável que busque sempre um advogado especializado no Código de Defesa do Consumidor (CDC), para ser devidamente orientado, quando o comprador não entender algum detalhe na legislação.

Trocas de produtos também são pontos importantes, porque saber como a empresa que vende um produto ou serviço lida com esse procedimento pode prevenir uma futura ‘dor de cabeça’. O fato é que sempre existem regras que o comprador desconhece.

Os compradores também convivem com artifícios de má fé como aquelas lojas que reduzem o preço de seus produtos, mas aumentam muito o valor do frete.

Por mais que a maioria das empresas não trabalhe com desonestidade, como vemos em várias situações, é sempre importante que o consumidor esteja atento a esses detalhes, que muitas vezes passam despercebidos à primeira vista.

Em questões que envolvam contratos mais complexos, por exemplo, aqueles de financiamento de imóveis na planta, é mais sensato ter um acompanhamento cuidadoso de um advogado especializado no assunto para que esteja a par de toda sistemática e de quais serão seus direitos e deveres neste investimento e evitar ser de surpreendida com situações de cláusulas abusivas, que podem ser discutidas judicialmente, mas que poderiam ter sido prevenidas com antecedência.

Desta forma, é primordial que o consumidor tenha acesso prévio ao contrato, exatamente para poder levar para avaliação de um advogado.

Se eventualmente o fornecedor negar essa garantia, ele estará incorrendo em erro e violando os princípios da boa fé, transparência e o dever da informação.

Somente com essas boas práticas nas relações de consumo, o comprador pode decidir se vai ou não comprar com mais segurança um produto ou serviço.

Da parte do fornecedor, é importante que entenda que estar em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor evita dissabores como os custos de demandas judiciais.

O conhecimento elementar de suas diretrizes acaba sendo uma medida econômica. É interessante também fazer uma verificação dos contratos para ver se eles realmente se adéquam aos preceitos do CDC.

Neste quesito estabelecer prazos de entrega realistas, porque não adianta o vendedor se comprometer em algo que será difícil de cumprir só para garantir uma boa venda. Isso pode evitar os problemas de longo prazo.

Aquelas cláusulas dúbias, ambíguas ou abusivas serão entendidas e analisadas sempre em prol do consumidor aos olhos da magistratura.

Então não é vantajoso para um fornecedor ter condições contratuais que sejam de difícil entendimento, porque elas podem ser anuladas numa demanda e vão causar, às vezes, cobrança de multas ou indenização.

Em alguns casos, é bom para uma empresa realizar um treinamento a fim de explicar melhor o produto no momento da venda, porque aquilo que é prometido pelo vendedor pode ser cobrado pelo consumidor.

Assim, quando a equipe de vendas passa por esse processo de entendimento dos dispositivos do CDC, evitam-se uma série de transtornos.

A partir da promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, a figura do advogado auxiliando e assessorando os fornecedores e comerciantes será de suma importância para identificar dados sensíveis e pessoais do consumidor.

Essas informações, que serão armazenadas em bancos de dados e, em alguns casos, dependem do expresso consentimento do consumidor. Esse tipo de prevenção legal pode evitar imposições de multas e outras penalidades que são bastante severas pela nova lei.

O que se conclui da análise do assunto é que tanto para comprador como para fornecedor, a consultoria de um advogado especialista em direito do consumidor é valorosa e na maioria das vezes indispensável.

Mesmo que não acabem com os conflitos, esses assessores jurídicos podem diminuir a ocorrência de conflitos, evitando assim que os casos tomem proporções maiores.

*Andrea Mottola é advogada, com especialização em direito empresarial, em processo civil e direito do Consumidor.

Fonte: Vervi Assessoria



O embate Twitter Files Brasil: que legado queremos deixar?

Elon Musk está usando sua plataforma X (ex-Twitter) para um duelo digital com o presidente do STF, Alexandre de Moraes.

Autor: Patrícia Peck


Justiça e inclusão: as leis para pessoas com TEA

Por muito tempo, os comportamentos típicos de crianças que tinham Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram tratados como “frescura”, “pirraça” ou “falta de surra”.

Autor: Matheus Bessa e Priscila Perdigão


Você conhece a origem dos seus direitos?

Advogado e professor Marco Túlio Elias Alves resgata a história do Direito no Brasil e no mundo em livro que democratiza os saberes jurídicos.

Autor: Divulgação


Os planos de saúde e os obstáculos ao bem-estar dos pacientes

No contexto do direito à saúde no Brasil, os planos de saúde privados são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece normas e diretrizes para garantir a cobertura assistencial aos consumidores.

Autor: Natália Soriani


R$ 200 mil não apaga a dor, mas paga a conta

Um caso de erro médico do interior de São Paulo chamou atenção de todo Brasil por conta de dois fatores.

Autor: Thayan Fernando Ferreira


Precisamos mesmo de tantas leis?

O Direito surgiu como uma forma de organizar melhor as sociedades, uma vez que já havia algumas tradições reproduzidas a partir de exemplos ou de determinações orais que alguns grupos, especialmente os familiares, seguiam.

Autor: Marco Túlio Elias Alves


Proibição do chatbot na campanha eleitoral afeta políticos com menos recursos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou normas relacionadas ao uso da inteligência artificial nas campanhas para as eleições municipais de 2024. A alteração é vista como pequena e mal discutida por especialistas da área.

Autor: Divulgação


Digitalização da saúde e os desafios na relação plano e consumidor

A digitalização da saúde, que compreende o uso de recursos tecnológicos e de Tecnologia da Informação (TI) para fins médicos, é um fenômeno que a cada ano se consolida e expande em todo o país.

Autor: Natália Soriani


Os equívocos do caso Robinho

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no uso de competência constitucional e regimental, analisou e, por maioria de votos, homologou o pedido de execução da sentença penal condenatória proferida pela Justiça Italiana contra o ex-jogador Robinho.

Autor: Marcelo Aith


A nova lei de licitações: o que deve mudar daqui para frente?

O sucesso dessa legislação dependerá do compromisso de todas as partes envolvidas em trabalhar juntas.

Autor: Matheus Teodoro


Exclusão de dependentes maiores de 25 anos de planos de saúde

Os magistrados têm reconhecido a existência de uma expectativa de direito por parte dos consumidores.

Autor: José Santana Junior


TikTok e a multa milionária por captura ilegal de dados biométricos no Brasil

Por utilizar métodos que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e o Marco Civil da Internet, o TikTok, rede social famosa por vídeos de curta duração, foi multado em R$ 23 milhões pela Justiça.

Autor: Renato Falchet Guaracho