A “onda” dos procedimentos estéticos vai acabar?
A “onda” dos procedimentos estéticos vai acabar?
Vai embora o frio e se aproxima a temporada de altas temperaturas.

A expectativa é que no verão, o calor acima dos 30 graus, tal qual no verão europeu, permaneça. Mas, para além da preocupação com as ondas de calor, existe uma outra “onda” sem fim que preocupa os profissionais da área da saúde com consciência: a dos procedimentos estéticos.
Isso porque é nesse período, que as pessoas estão mais propensas a procurar ajuda para tratar aquela questão estética que costuma ser evidenciada no calor. Entretanto, apesar desse crescimento sazonal, passamos por um fenômeno social que tem tornado a busca pelo corpo perfeito cada vez mais problemática, sobretudo entre os jovens.
Por aqui, a realização de cirurgias plásticas tem sido cada vez mais comum e normalizada. A exemplo disso, estatísticas recentes apontam que estamos entre os países líderes que mais fazem esse tipo de intervenção, junto dos EUA e da Turquia. Mas não são apenas as cirurgias que têm atingido patamar recorde, os procedimentos faciais, como o tratamento de olheiras e “papada” e os corporais, como liporedução e criolipólise também têm ganhado o mercado de forma exponencial.
Em 2020, quando o boom da harmonização começou, as pesquisas do termo no Google cresceram 540% no Brasil. No ano seguinte, mais um dado assustador: cresce em 140% o número de procedimentos em jovens no país. E isso não é normal. A busca desenfreada pela perfeição nessa fase da vida ultrapassa as barreiras físicas, de aparência, e chegam até o interior, no psicológico, num problema de saúde pública.
A explicação? Pandemia, isolamento social, excesso de tempo nas redes sociais, incertezas sobre o futuro, insatisfações com a realidade, entre outras. No entanto, a discussão é mais profunda. A onda dos procedimentos que explodiu em 2020 está durando tempo demais.
Isso demonstra que, primeiro, a transformação do período foi intensa e grande. Segundo, que essas mudanças foram tão intensas a ponto de transformar o panorama comportamental dos jovens, muitas vezes imaturos, que tomaram essas transformações como algo natural, não problemático, e amplamente incentivado.
Agora, a esperança é de que entremos numa nova era: a do questionamento dos exageros que envolvem as cirurgias e os procedimentos estéticos. Celebridades já começam a desfazer esses procedimentos que podem deformar face e corpo e que, na maioria das vezes, tem origem numa distorção de imagem.
O momento é de falar sobre a relação entre procedimentos e o psicológico. É debater sobre o que passa no interior de quem quer transformar completamente o exterior e questionar quem estabelece o exagero como padrão. Precisamos de menos neura com o exterior e mais cuidado com a mente. A urgência é para que a saúde mental se torne objeto de cuidado e preocupação assim como vemos com a aparência.
É preciso perceber que o panorama social dos jovens mudou. São adolescentes se tornando adultos rápido demais. O acesso aos procedimentos, por sua vez, também se tornou fácil demais. E há muita gente se aproveitando de uma sociedade que não percebe a problemática por trás dessas mudanças (que também aconteceram rápido demais). É hora de desacelerar, furar essa onda que se tornou um problema social.
Neste segundo semestre, esperamos que o verão e as festas de fim de ano não sejam gatilhos para o descompasso da sociedade com o próprio corpo e que a qualidade de vida (corpo, mente e espírito) seja de fato a força motriz da busca por procedimentos.
* Simone Barros, fisioterapeuta e diretora da Clínica Simone Barros.
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Fonte: Naves Coelho Comunicação