É hora de se preocupar com a dengue
É hora de se preocupar com a dengue
A junção de água parada com calor e sombra costuma ser a fórmula perfeita para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da chikungunya.
Por isso, quando a temperatura cai, a partir do outono, nem todo mundo dá tanta atenção assim para o mosquito quanto no verão. Mas a verdade é que os riscos de haver uma reprodução em massa do mosquito ocorrem o ano inteiro.
Isso porque o inseto transmissor tem a capacidade de sobreviver também ao frio. Além disso, a fêmea do Aedes costuma depositar os ovos no período de maior estiagem, e assim que as chuvas se iniciam eles brotam, fazendo nascer novos mosquitos. É um erro, portanto, despreocupar-se com os mosquitos na época em que as chances de contrair essas doenças são menores.
De acordo com o Ministério da Saúde, o período de maior transmissão da dengue ocorre justamente nos meses mais chuvosos, entre novembro e maio. Mas o próprio órgão reforça o alerta sobre a capacidade de os ovos conseguirem sobreviver pelo período de um ano no ambiente mais frio. É exatamente isso que chama a atenção agora, no fim de abril.
De fato, o número de casos de dengue e de chikungunya tende a diminuir com o fim das chuvas, mas agora é o momento exato de se montar uma força-tarefa para combater os ovos e as larvas em águas paradas, que daqui a alguns meses poderão se transformar na ameaça do próximo verão. Os cuidados, portanto, devem ser permanentes.
A principal regra é não deixar água parada em recipientes como pneus velhos, caixas d’água, vasos de plantas, garrafas e baldes. A orientação é de sempre mantê-los limpos e secos, e, no caso das caixas d’água e das garrafas, deixar esses recipientes completamente vedados com uma tampa. O repelente para mosquito e o uso de roupas mais longas também servem para evitar a contaminação. Mas vale lembrar que estamos falando de prevenção à proliferação do mosquito, e assim evitar que ele apareça e seja necessário se proteger com essas armas.
Outra forma de combater as larvas é jogando água sanitária semanalmente nas poças onde haja o risco de proliferação. Mas todas essas medidas só terão resultados efetivos se toda a comunidade participar das ações contra o Aedes aegypti. Não adianta exterminar um foco enquanto outros tantos lugares ainda insistem em dar espaço para o mosquito. É o trabalho conjunto, aliado ao empenho do próprio poder público, que conseguirá diminuir o número de casos. Mais uma vez, é a consciência popular o ingrediente principal na receita para eliminar a dengue.
Muito além do coletivo, há também medicamentos que combatem a doença, mas o ideal mesmo é prevenir a disseminação do Aedes Aegypti. Hoje existe uma vacina que parece ter boa eficácia contra a dengue, mas ainda não está distribuída para o grande público. Esse imunizante pode cessar o grande nível de acometimento da dengue, mas até que esteja disponível, dizimar os focos do mosquito é a medida mais segura e adequada.
* Dr. Leandro Curi, médico infectologista do Hospital Felício Rocho.
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