Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Gestão orçamentária na corda bamba

Gestão orçamentária na corda bamba

05/01/2023 Nathália Boaventura

Em 30 de dezembro de 2022 foram publicados, como últimos atos do governo passado, os Decretos 11.321, 11.322 e 11.323 que tratavam importantes benefícios fiscais.

Respectivamente são eles, a redução das alíquotas do PIS e da Cofins não cumulativos incidentes sobre receitas financeiras, de 0,65% para 0,33% e de 4% para 2%, a concessão de desconto de 50% nas alíquotas do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e, ainda, a regulamentação da prorrogação do programa de incentivos fiscais para o setor de semicondutores (Padis) até 2026. Tais medidas estariam válidas a partir de 01 de janeiro de 2023.

O ato foi editado com objetivo impactar positivamente o mercado brasileiro, como por exemplo para o setor da navegação, contribuindo com a redução de custos de fretes marítimos e da burocracia, favorecendo o aumento da competitividade e a melhoria na dinâmica dos fluxos de trabalhos nos portos.

Em nota divulgada à época pela então Secretaria-Geral da Presidência, esperava-se com a medida uma consequente diminuição do preço dos insumos fertilizantes, dos combustíveis importados e dos produtos do setor primário que compõem a cesta básica ou que interferem no seu custo.

Contudo, a atual equipe financeira do novo governo decidiu por revogar as medidas, através do Decreto 11.374/23, publicado nesta segunda feira, dia 02 de janeiro, reestabelecendo as alíquotas anteriores e revogando os descontos concedidos.

Fato é que, apesar do ato de revogação imediata dos decretos, a equipe orçamentária do atual governo passará por impactos jurídicos, em especial quanto à vigência das revogações.

Sendo assim, juridicamente, seria caracterizada a alteração do ordenamento jurídico tributário e, por sua natureza, a nova modificação da legislação, com a majoração das alíquotas (mesmo que para retroceder aos patamares anteriores) somente poderia produzir efeitos após o respeito ao princípio constitucional da anterioridade nonagesimal.

Apesar de estarmos tratando de decretos recentes este embate jurídico quanto a aplicação de mudanças na legislação tributária não é novo e possui entendimento consistente do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a redução de benefícios fiscais e outras medidas que tornem o tributo mais oneroso, devem obrigatoriamente respeitar tais garantias previstas pela Constituição Federal.

À título de exemplo temos as decisões favoráveis dos julgados em 20/11/2019 em RE 564225 AgR-EDv-AgR, com relatoria do Min. Alexandre de Moraes, e 26/10/2018 em RE 1053254 AgR, com relatoria do Min. Roberto Barroso.

Em termos gerais, o novo ato normativo que revogou o benefício somente poderia produzir efeitos depois de observadas as regras da anterioridade tributária, uma vez que ao reduzir o benefício fiscal vigente, gerou, como consequência lógica, o aumento indireto do imposto, o que atrai a aplicação dos princípios da anterioridade o que tem como objetivo garantir que o contribuinte não seja surpreendido com aumentos súbitos do encargo fiscal.

Por tanto, considera-se que ao caso, deve o princípio da anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses de redução ou de supressão de benefícios ou de incentivos fiscais, haja vista que tais situações configuram majoração indireta de tributos.

Desta forma, tendo em vista que o prévio conhecimento da carga tributária tem como fundamento a segurança jurídica e, como conteúdo, a garantia da certeza do direito, prevemos que há bons argumentos para se sustentar quanto à aplicação do Decreto 11.374/2023 somente após 90 dias de sua publicação.

* Nathália Boaventura é advogada do escritório BLJ Direito e Negócio.

Para mais informações sobre legislação tributária clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Naves Coelho Comunicação



Um mundo fragmentado

Em fevereiro deste ano completaram-se dois anos desde a invasão russa à Ucrânia.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Leitores em extinção

Ontem, finalmente, tive um dia inteiro de atendimento on-line, na minha casa.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Solidariedade: a Luz de uma tragédia

Todos nós, ou melhor dizendo, a grande maioria de nós, está muito sensibilizado com o que está sendo vivido pela população do Rio Grande do Sul.

Autor: Renata Nascimento


Os fios da liberdade e o resistir da vida

A inferioridade do racismo é observada até nos comentários sobre os cabelos.

Autor: Livia Marques


Violência urbana no Brasil, uma guerra desprezada

Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 3 de março, revela que existem pelo menos 72 facções criminosas nas prisões brasileiras.

Autor: Samuel Hanan


Mundo de mentiras

O ser humano se afastou daquilo que devia ser e criou um mundo de mentiras. Em geral o viver passou a ser artificial.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Um País em busca de equilíbrio e paz

O ambiente político-institucional brasileiro não poderia passar por um tempo mais complicado do que o atual.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.