Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O judiciário e a cultura do medo

O judiciário e a cultura do medo

25/08/2023 Bady Curi Neto

Com todo respeito que nutro pelo Judiciário e seus membros, que representa nas palavras do ex-ministro Marco Aurélio de Melo, a última trincheira da cidadania, não o vejo como instituição imune às críticas.

A Constituição Federal garante às pessoas a liberdade de expressão e a manifestação de pensamentos, como instrumentos de proteção do próprio regime constitucional e do Estado Democrático de Direito.

Não há que se falar libertinagem de expressão. De fato, nenhum direito é absoluto, já que a própria legislação traz, em alguma medida, limitações que hão de ser respeitadas, a exemplo da vedação ao anonimato e exposição de fatos que violem a intimidade ou a honra de terceiros.

Contudo, as relativizações da liberdade de expressão são encontradas nos textos legais, sendo plena desde que não violem outros direitos ou a segurança pública.

O Supremo Tribunal Federal e seus Ministros têm sido alvos de críticas de toda sorte, algumas no campo das ideias, outras dotadas de acidez e adjetivações insultuosas, a meu ver desnecessárias, mas resguardadas pela liberdade de expressão.

A luta pela livre manifestação deve ser aguerrida, não arrefecida. A história nos mostra que a relação do Estado com os direitos que exige sua abstenção, dentre os quais se encontra a liberdade de expressão, jamais foi amistosa:

- Nos tempos do Império, José Bonifácio organizava o empastelamento de jornais.

- Na República Velha, Floriano Peixoto defendia o arcabuzamento de jornalistas e, no mesmo período, Washington Luís instituiu a Lei Celerada, que permitia o fechamento de jornais e sindicatos que propagassem ideias contrárias à ordem vigente.

Mais tarde, durante o governo militar, os cidadãos foram alvos da censura, como retratado na música de Raul Seixas, denominada “Metro Linha 743”, que, de forma irônica, expressou:

“Ele ia andando pela rua meio apressado
Ele sabia que estava sendo vigiado
Cheguei pra ele e disse: Amigo, você pode me ceder um cigarro?
Ele disse: Eu dou, mas vá fumar lá do outro lado. Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado. (...)
Três outros chegaram com pistolas na mão
Um gritou: Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos córneos
Eu disse: Claro, pois não, mas o que é que fiz? Se é documento eu tenho aqui.
Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aí. Eu quero saber o que você estava pensando. Eu avalio o preço me baseando no nível mental que anda por aí usando.
E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando (...)”

A repressão à liberdade de expressão, como relatado na letra de Raul, vem acompanhada da imposição do medo e da reprimenda física e mental.

Infelizmente, com renovado respeito a nossa Suprema Corte, algumas decisões, ao meu sentir, têm renovado a imposição do medo à sociedade, como forma de fragilizar o ser humano e, assim, censurá-lo.

Presenciamos, diuturnamente, redes sociais e canais de internet serem bloqueados e desmonetizados.

Testemunhamos, na época das eleições, a censura aos críticos das urnas eletrônicas por decisões dos preclaros Ministros do TSE.

Pessoalmente, sou um defensor do nosso sistema eleitoral e das urnas eletrônicas, porém, entendo ser inconcebível tratar o indivíduo que não comunga da mesma opinião como um antidemocrático. 

Ao arrepio da Constituição Federal, que estatui “que ninguém poderá ser considerado culpado sem sentença penal condenatória transitada em julgado”, temos assistido, atônitos, prisões preventivas em razão de postagens em redes sociais (caso do ex-Deputado, Daniel Silveira), apresamento em massa de manifestantes para averiguação, e, por último, a prisão da cantora gospel Fernanda Oliver, ocorrida no dia 17 do corrente mês, por ter, supostamente, participado, convocado e incentivado os atos criminosos de 08 janeiro.

Fazendo a ressalva de não ter examinado os autos dos inquéritos, conhecendo-o, de forma superficial, por reportagens jornalísticas, o que pode levar a uma interpretação errônea, anoto que todo poder que deixe transparecer uma forma de censura, mesmo que forma transversa, fora dos limites Constitucionais e legais, assemelha-se a uma Ditadura!

E, nas palavras de Rui Barbosa, “a pior ditadura é a do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer”. Tenho dito!!!

* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário.

Para mais informações sobre judiciário clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Naves Coelho Comunicação



Violência urbana no Brasil, uma guerra desprezada

Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 3 de março, revela que existem pelo menos 72 facções criminosas nas prisões brasileiras.

Autor: Samuel Hanan


Mundo de mentiras

O ser humano se afastou daquilo que devia ser e criou um mundo de mentiras. Em geral o viver passou a ser artificial.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Um País em busca de equilíbrio e paz

O ambiente político-institucional brasileiro não poderia passar por um tempo mais complicado do que o atual.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento