Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O fim da ‘saidinha’, um avanço

O fim da ‘saidinha’, um avanço

23/02/2024 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

O Senado Federal, finalmente, aprovou o projeto que acaba com a ‘saidinha’ (ou ‘saidão’) que vem colocando nas ruas milhares de detentos, em todo o país, durante os cinco principais feriados do ano.

Criado com o objetivo de ressocializar os beneficiários, o elevado número dos que não voltaram para continuar cumprindo suas penas e – mais que isso – os que retornavam ao submundo do crime, furtando, roubando e até matando suas vítimas, o benefício agora é extinto e o que dele pode restar só poderá ser aplicado mediante salvaguardas, nunca no regime da grande excursão que o caracterizou ultimamente.

Aprovado por 62 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção, a matéria volta à Câmara para os deputados apreciarem alterações introduzidas no texto original aprovado em 2023 naquela casa legislativa.

Por mais boa-vontade que tenha mobilizado os autores da ‘saidinha’, a prática a revelou perigosa e inconveniente por conta dos seus efeitos colaterais.

Nada contra os que obedeceram às regras, mas tudo de reprova aos que fugiram e, principalmente, voltaram à vida do crime.

Estes zombaram das penas e do Judiciário que as aplicou. E, para piorar, voltaram a elevar os índices de insegurança em nossa sociedade.

Pensamos que todo detento deve ter oportunidades reais de se ressocializar. Mas não às custas de perigosas benesses porque estas podem promover efeito contrário e levá-los a raciocinar que o crime compensa e, portanto, não há porque abandoná-lo.

O sistema carcerário e a legislação de execução penal não podem quedarem-se perante o apenado. Ambos existem para cobrar os malfeitos e, na medida do possível, devolver o indivíduo recuperado à sociedade.

Antes de ceder benefícios a qualquer detento, é preciso submetê-lo a testes criminológticos e outros recursos que dêem a certeza de que está preparado para a nova situação.

A grosso modo, podemos raciocinar que, quando estiver seguramente preparado para se beneficiar da ‘saidinha’, o condenado nem precisará mais voltar ao cárcere.

Se na primeira saída não voltar à delinquência ou cometer outra infração, o sistema poderá evoluir para que cumpra o restante de sua pena em regime de prisão domiciliar, apenas prestando informações ao Judiciário sobre o andamento de sua vida na nova condição.

Essa medida poderá, inclusive, reduzir a população carcerária de forma positiva. Sem libertar detentos que não tenham condições de voltar a conviver na sociedade e reservando as vagas para aqueles que ainda necessitam ser mantidos reclusos mercê de sua periculosidade.

Embora os senadores tenham demorado tanto tempo para discutir e votar a matéria, reputamos como importante a votação deste dia 20 de fevereiro e torcemos para que sirva de parâmetro para andamento das outras leis penais cuja reforma tramita pelo Congresso Nacional.

Não podemos continuar com o estado de leniência imposto pelos demagogos das décadas passadas que afrouxaram as leis penais na esperança de abiscoitar os votos dos apenados e de seus familiares. Isso foi um erro que precisa ser reparado com a devida urgência.

A legislação precisa voltar a dar condições de trabalho às forças de segurança e, principalmente, aos promotores públicos e juízes.

Sem a ferramenta legal adequada, as instituições e seus integrantes ficam de mãos amarradas e a sociedade à mercê dos criminosos e sua nefasta atividade.

O endurecimento do benefício da ‘saidinha’ foi promovido pelo então Deputado Guilherme Derrite - atual Secretário da Segurança Pública de São Paulo - que foi o relator do projeto.

Seu substitutivo ao texto original considerou todos os malefícios da liberação indiscriminada de apenados e conseguiu aprovar o fim da libertação sem a garantia de que o beneficiado está em condições de cumprir o estabelecido, voltar ao presídio e, principalmente, não aproveitar a saída temporária para cometer crimes.

Senhoras e senhores deputados e senadores. Tramitem com a devida urgência as leis que devolvem o “imperium” às instituições do Estado Brasileiro. Nós, o povo, precisamos de segurança, paz e tranquilidade para viver.

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Para mais informações sobre sistema carcerário clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp



Violência urbana no Brasil, uma guerra desprezada

Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 3 de março, revela que existem pelo menos 72 facções criminosas nas prisões brasileiras.

Autor: Samuel Hanan


Mundo de mentiras

O ser humano se afastou daquilo que devia ser e criou um mundo de mentiras. Em geral o viver passou a ser artificial.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Um País em busca de equilíbrio e paz

O ambiente político-institucional brasileiro não poderia passar por um tempo mais complicado do que o atual.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento