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O eterno país do futebol e do futuro que não chega

O eterno país do futebol e do futuro que não chega

30/03/2014 Marcos Morita

Como todo menino brasileiro, sempre gostei de futebol e principalmente de Copa do Mundo. Colecionava as figurinhas um tanto toscas com as fotos dos jogadores, as quais acompanhavam os chicletes Ping Pong de tutti-frutti, hortelã e morango.

Para agilizar a coleção costumávamos mascar várias gomas disputando quem fazia a maior bola, ou então batendo figurinha na entrada ou saída da escola, já que lá dentro era risco de perdê-las na certa. Chegar em casa, colá-las com cola Tenaz e preencher uma página inteira era a recompensa suprema.

A Copa que mais curti, acredito que cada um tenha a sua preferida, foi a de 82 na Espanha. Pela primeira vez pude torcer com os amigos fora de casa, tomando Guaraná e Coca-Cola à vontade, comendo pipoca e carregando minha bandeira improvisada. Como sou palmeirense, pintei a faixa branca de amarelo. Valia de tudo para a brincadeira estar completa. Valdir Peres, Oscar, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico e Éder, só para citar alguns, eram os grandes ídolos e Paolo Rossi, o grande vilão, despachando uma das melhores seleções que já tivemos.

Também sempre sonhava com uma Copa no Brasil, o que naquela época era algo impossível. Oito edições se passaram assim como a idade e os cabelos brancos. Agora serão os sobrinhos e filhos que poderão curtir a competição e aproveitar o tão desejado torneio em solo tupiniquim. Opa, mas espere um pouco. Tão desejado? Escândalos, superfaturamento, corrupção, desvio de recursos, atraso nas obras e os protestos do ano passado conseguiram tirar meu sonho de menino.

Pesquisa realizada pelo Datafolha demonstra que a aprovação caiu de 79% para 52%, confirmando que não estou sozinho. Como professor e executivo tinha esperança que os grandes eventos poderiam gerar crescimento econômico sustentável pelo menos até o final da década, levando de vez nosso titulo de pais do futuro. Ledo engano, comprovado nas manchetes e notícias econômicas. Ao contrário, sua aproximação, aliada ao Carnaval tardio e as eleições para governador e presidente em novembro tem trazido extrema preocupação aos empresários e colaboradores, os quais terão que trabalhar muito para tentar ao menos igualar os resultados do ano passado, o qual já foi bastante ruim.

Tomemos São Paulo como exemplo. Feriados nos dias 12, 17, 19, 23 e 26 de junho ou 5ª, 3ª, 5ª, 2ª e 5ª, sem mencionar as pontes e ressacas pós-feriados. O mesmo ocorrerá nas demais cidades-sede, cujas datas se repetirão apenas nos jogos da seleção canarinho. Será literalmente um mês perdido, no qual agendar reuniões com fornecedores, visitar clientes, viajar a negócios e faturar mercadorias será praticamente impossível, excetuando-se os produtos de primeira necessidade tais como linguiça, picanha, carvão, cerveja e pipoca, imprescindíveis para manter a turma animada.

Para tentar mitigar este risco iminente, planejamento, flexibilidade e negociação entre os membros do canal de vendas: importadores, fornecedores, fabricantes, distribuidores, atacadistas, varejistas, representes e consumidores finais, seja antecipando a produção, agendando entregas, estocando distribuidores e varejistas, efetivando promoções, efetuando manutenções preventivas, estendendo prazos de pagamento e concedendo descontos, evitando o corre-corre e o estresse de ultima hora.

Parodiando a fábula de cigarra e da formiga, as empresas e os empresários terão que trabalhar duro no verão e no outono, aguardando o inverno chegar. Se lembra da cena da formiga em sua casa quentinha, com comida estocada para toda a estação? Quanto as cigarras, continuarão cantando longe de Brasília em seus currais eleitorais, promovendo-se ou aos seus aliados até as eleições de novembro, após 52 dias de trabalho extenuantes no primeiro semestre o que representa uma redução de mais de 70% em suas atividades, definido por seu presidente de conduta ilibada, Renan Calheiros.

Com esta fábula adaptada à realidade brasileira, as notícias dos elefantes brancos em plena Amazônia ou no Pantanal e o legado que não será legado, torna-se cada vez mais difícil encontrar motivação e alegria para que esta seja a melhor Copa de todos os tempos, alardeada pelos patrocinadores da seleção em suas propagandas ufanistas. Bons tempos aqueles em que com espírito ingênuo, acreditava que poderíamos dominar o mundo através da bola. E já que o evento será inevitável, o jeito será torcer e comprar o álbum da Copa, mesmo sem o bafo, o chiclete de tutti-frutti e a cola Tenaz.

*Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ.



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