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Decepção amorosa e suicídio

Decepção amorosa e suicídio

28/04/2016 Flávio Melo Ribeiro

Essa é uma estória de ficção, mas baseada em diversos relatos de clientes.

Se passa num shopping, cinco horas da tarde de uma sexta-feira, começa o movimento na praça de alimentação. E lá está uma jovem de 19 anos, pensativa e arrasada pelo término do seu namoro.

Era a terceira vez que acontecia em menos de dois meses. Dessa vez o namorado despejou toda a culpa das desavenças em cima dela. Apontou o quanto ela era mimada, egocêntrica e exigia demais dele, e o fez com cruel frieza.

Virou as costas e a deixou só no meio de uma multidão que não vê ninguém, apenas vitrine e seus próprio interesses. Por duas horas lembrou de quando morava numa cidade pequena do interior, onde todos se conheciam, mas nessa época ela já se sentia sozinha.

Não queria ser igual aos seus pais, que tinham muitos amigos, mas eram frios entre eles e com os filhos. Nada a faltava, mas a seu ver não teve amor na sua educação e sim, muita exigência. Semanas mais tarde seus pais relatam convivência familiar muito diferente do que ela considerava ter vivido e foi confirmado pelos irmãos.

Mas nessa tarde no shopping o que valia era o que considerava. Lembrou em detalhes o que viveu na sua infância e depois com o namorado, o quanto ela sentia-se acolhida e amada. Pensou que não encontraria mais ninguém como ele e sua tristeza foi tão grande que o sentimento de abandono ampliou ao infinito.

O desamparo tomou conta do seu ser e a desesperança inundou sua consciência. Ela não viu mais sentido continuar viva. Na verdade, não queria ter que explicar à ninguém que novamente tinha dado errado num namoro. Não queria escutar que agindo do seu jeito ninguém vai ficar com ela.

Considera que ficou independente nos seus posicionamentos para se defender. Para não deixar ninguém mais se aproveitar dela, como considerava que os pais lhe exploraram. Mas ao mesmo tempo mostrava uma fragilidade, tanto que ao acumular funções e não se sentir apoiada, passava a dedicar-se ao máximo, pois não aceitava o fracasso, mantinha o foco nas tarefas até esgotar.

Tanto que um ano antes dessa tarde no shopping tinha entrado em depressão. Esse namoro foi de uma aposta muito grande. Tinha expectativa que encontrou a pessoa que iria compreende-la, entenderia suas necessidades e lhe apoiaria nos seus afazeres e projetos.

O término foi um golpe muito forte. Nos últimos quinze minutos passou a lembrar e a sentir as “coisas ruins” que sentia quando em depressão. Levantou com náuseas e caminhou em silêncio até o vão central no quinto andar.

Junto as lojas mais caras, ultrapassou a mureta de vidro, apoiou-se na ponta da laje e ainda segurava com as duas mãos o cano metálico da mureta quando se inclinou para frente e deu um passo se projetando para o vazio. Um pouco mais de dois segundos foi o suficiente para percorrer os vinte metros que a separavam do solo e finalizar com 19 anos de esperança e projetos para toda uma vida.

O seu futuro foi encerrado no momento em que o estrondo da queda ecoou até a praça de alimentação e por um momento interrompeu o lanche de alguém que nem soube o que aconteceu. E esse tempo já não mais a pertencia.

Preste atenção em seus familiares e amigos em depressão, procure identificar desesperança nos discursos. Pois é muito mais sério que a tristeza, as dores e as lamentações que aparecem no dia-a-dia, a desesperança mata.

* Flávio Melo Ribeiro é Psicólogo.



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