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Meditando sobre o mindfulness

Meditando sobre o mindfulness

09/09/2017 Marcos Hashimoto

Quando você está em um estado de mindfulness, seu foco está no aqui e no agora.

Uma das práticas mais bem avaliadas nos programas da Polifonia é o “check in”, um exercício de presença realizado antes de iniciar cada encontro no qual os participantes, sentados em círculo, relatam como foi o dia de cada um, com qual estado estão chegando à sessão e por que estão lá naquele momento.

Os depoimentos são muito breves, mas são cinco minutos nos quais a pessoa tem a chance de se desconectar de tudo o que aconteceu no seu dia para estar plenamente concentrado na sessão que vai se iniciar, sem que pensamentos, emoções ou ações interfiram no seu aprendizado.

Este exercício de desconexão com o antes e o externo e conexão com o agora e o aqui é uma das várias práticas que estimulam o mindfulness. Mindfulness é um conceito originado na tradição budista que evidencia a clareza de consciência do mundo interior e exterior, incluindo emoções, pensamentos e ações.

Pessoas com mindfulness compreendem que influências externas podem afetar o seu julgamento e gerar vieses de interpretação e julgamento da realidade à sua volta. Nossa percepção da realidade filtra nossa capacidade cognitiva de interpretar a realidade à nossa volta.

Quando você está em um estado de mindfulness, seu foco está no aqui e no agora. Sua consciência é expandida a ponto de compreender claramente todas as conexões que existem entre você e o ambiente à sua volta, incluindo a relevância e a pertinência das pessoas, objetos e cenários daquele momento e como você se insere neste contexto, compreendendo a unicidade deste conjunto.

Pessoas mindful conseguem desconectar seus pensamentos dos fatos, julgando eventos e situações sem interferência de seu ego, isolando os efeitos de sua carga emocional e experiências passadas. Uma das formas de avaliar se você é mindful é a natureza do seu trabalho. Você sente que uma boa parte do seu dia você está no automático, realizando as atividades de forma mecânica?

De vez em quando sente que está com a cabeça em outro lugar quando faz alguma coisa e se dispersa com facilidade, sentindo-se distante, desconectado? Você com frequência tem dificuldade para se concentrar em uma tarefa ou atividade? No seu trabalho, você apenas cumpre o que foi dito para fazer, sem saber o significado do que faz? Sofre de ansiedade sobre algo que pode acontecer? Fica se remoendo por ocorrências passadas?

Se você respondeu “sim” a qualquer uma destas perguntas, a prática de mindfulness vai ajuda-lo bastante em sua vida e seu trabalho. O treinamento de mindfulness envolve o exercício da prática da desconexão do seu dia-a-dia, passando pela limpeza do pensamento de fatos que podem afetar o julgamento da situação. Existem várias formas de praticar o mindfulness.

Da meditação, o caminho mais clássico, a uma pequena oração no início da manhã, uma pausa para um café no meio do dia, exercícios simples de respiração e concentração. Você também pode treinar sua concentração lendo um livro em um ambiente barulhento e cheio de distrações. Ajuda muito a prática da observação sistemática também, sentar-se em um local público e prestar atenção em todos os detalhes à sua volta, móveis, cores, cheiros, pessoas, movimentos, texturas, etc.

Com 14 estudos sobre mindfulness, a Conferência anual da Academy of Management ocorrida em Atlanta, Georgia, EUA este mês bateu o recorde de artigos e demonstra que o interesse pelo tema só cresce na comunidade acadêmica. A Academy of Management é a principal conferência sobre gestão de negócios e administração de empresas no mundo.

Os estudos sobre mindfulness este ano abordaram o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, estresse, satisfação com o trabalho, desempenho individual, equilíbrio emocional, liderança, trabalho em equipe e ambiente corporativo. Um dos estudos, por exemplo, demonstrou que equipes que praticam mindfulness se concentram melhor em situações de estresse e produzem resultados melhores do que outras equipes.

Outro estudo constatou que pessoas com mindfulness são mais propensas a regular suas emoções, pensamentos e comportamentos e, consequentemente, menos afeitos a reagir negativamente a eventos de adversidade, como quebra de contrato, mal atendimento ou injustiça. Um dos estudos foi particularmente interessante.

Os pesquisadores estudaram a relação entre mindfulness e a liderança servidora. Líderes mindful exercitam a empatia com seus funcionários e tendem a ser mais servis. O líder servidor é uma tendência crescente nas organizações, um conceito que parte do pressuposto que o líder de equipes experientes só está lá para garantir a harmonia da equipe, já que cada um, individualmente, já sabe realizar bem suas tarefas e não requer supervisão direta.

O líder servidor tem plena consciência do todo em sua equipe e seu projeto e age para garantir que haja menos interferências ou desarmonia na equipe, “servindo” sua equipe com sua autoridade e poder para o que eles precisam para executar bem suas tarefas.

Embora mindfulness seja mais relevante no desempenho em tarefas repetitivas e, coletivamente, em integração de times, o efeito se manifesta com mais frequência em situações inesperadas, sobretudo em eventos de crise.

Um estudo analisou 102 chamadas recebidas pelo 911 nos EUA durante o ataque terrorista ao World Trade Center e verificou que os atendentes que mais conseguiram salvar vidas foram aqueles que, mais do que estarem calmas diante do trágico momento, conseguiram também se colocar no lugar das vítimas e dar orientações precisas dentro da circunstância de cada um e souberam tomar decisões rápidas de forma precisa e direcionada.

Um dos aspectos mais valorizados nos estudos sobre os traços e características empreendedores é o chamado “locus de controle”, a capacidade dos empreendedores de controlar o seu futuro e serem atores ativos das suas realizações e conquistas.

O locus de controle remete à crença de que não existe sorte nem acaso, tudo o que o empreendedor consegue é fruto de suas ações e decisões. O locus de controle é desenvolvido pela prática do mindfulness.

Através da consciência do seu nível de controle e do seu poder de interferência sobre este ambiente, o empreendedor toma melhores decisões e age pró-ativamente em favor das transformações que promove. Temos trabalhado muito em desenvolver o nosso “saber” e “fazer”.

O exercício do mindfulness o levará a um novo patamar de desenvolvimento pessoal, o “ser”, fundamental para qualquer profissional que deseja saber como melhor aplicar seu conhecimento, habilidades e competências de forma consciente, significativa e relevante ao seu atual momento e ambiente.

* Marcos Hashimoto é co-fundador da Polifonia.com.br e professor de empreendedorismo da Universidade de Indianapolis.



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