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Por que ensinar letra cursiva para a criança?

Por que ensinar letra cursiva para a criança?

30/06/2021 Janaína Spolidorio

Quem estudou até os anos 70 ou 80 do século passado foi alfabetizado direto com a letra que chamamos de cursiva.

Por que ensinar letra cursiva para a criança?

Em finais dos anos 80, começo dos 90, ela saiu de cena e ficou durante pouco mais de duas décadas pertencendo ao lado “obscuro” das salas de aula.

Os professores que eram a favor ensinavam praticamente escondido e os que não gostavam muito do tempo dispendido em ensiná-la, porque era realmente trabalhoso, acharam a novidade interessante. Na ocasião, e ainda hoje, o argumento é o mesmo: para que ensinar cursiva se os alunos têm mais contato com a letra imprensa ou bastão para leitura nas mídias? Não poderiam estar mais enganados os que assim o colocavam...

Na época estávamos com uma abertura do país a novas possibilidades e uma delas foram novas teorias educativas que, infelizmente, demoraram muitos anos para serem realmente compreendidas. Entre os mitos que surgiram, o banimento da cursiva ser favorável ao aluno foi um deles.

Se ela não tivesse saído de cena, talvez não saberíamos atualmente o que sabemos hoje sobre a letra cursiva. O tempo que ela ficou em “stand-by” ajudou estudiosos e professores a compreenderem que ela fazia falta sim e era ela, tão trabalhosa e aparentemente dispensável, que ajudava o aluno a ser desenvolvido na escola de várias maneiras.

Veja a seguir alguns fatos que contribuíram para seu retorno às escolas:

1. Melhora as conexões neurais: nunca o cérebro foi tão relacionado antes à aprendizagem como agora. A letra cursiva estimula o cérebro de uma forma que a digitação e a letra bastão não conseguem. Ela consegue desenvolver uma relação entre os hemisférios direito e esquerdo, promovendo inputs que aprimoram a atenção, a linguagem e a memória de trabalho.

2. Contribui para as habilidades motoras: com o uso da cursiva, a criança aprende a força necessária na relação lápis/papel, o ângulo e melhor posição para executar a escrita manual e ainda desenvolve um senso motor expressivo para que a escrita tenha a fluência da esquerda para a direita.

3. Aprimora a retenção de memória: o ato de escrever em letra cursiva promove a reflexão sobre o que está sendo escrito. O processo envolve ainda a interpretação e a retenção de informações. Se comparada à digitação, por exemplo, por levar maior tempo, faz o processamento do conteúdo ser melhor absorvido, dando o período que o cérebro necessita para interpretar. Ativa o processamento de imagens, por ter um traçado pré-definido e desenhado, reforçando ainda mais a retenção de memória.

4. Melhora a interpretação e a ortografia: o fato de ser sempre escrita da esquerda para a direita, ter uma cadência, com o devido espaçamento entre palavras, facilita a leitura. A atenção usada para fazê-la desenvolve a atenção e contribui ainda para o uso da memória muscular por causa do traçado tão específico e rebuscado das letras, ajudando na ortografia. Compara-se ainda, em estudos, a memória muscular da cursiva ao ato de tocar um piano. Assim como um pianista cria memória muscular pela repetição de movimentos, o aluno também o faz, mas aliando à linguagem.

5. Facilita a aprendizagem para alunos com dificuldade: alguns transtornos de aprendizagem se beneficiam com a letra cursiva. Crianças com dislexia, por exemplo, costumam ter dificuldade em diferenciar p e b, por conta de sua grafia visual. Na letra cursiva o traçado dessas letras é bastante diferente, o que facilita sua distinção.

Outros benefícios ainda são explorados no uso deste tipo de letra em todas as fases da alfabetização, entre eles: melhoria da coordenação viso-motora, o aprimoramento da criatividade e da produção autoral, melhoria dos resultados em avaliações e diminuição dos erros de escrita.

Para surtir o efeito desejado, é preciso que seja estimulada desde a educação infantil, ainda antes da alfabetização da criança, porque estimula o lobo occipital, responsável pelo reconhecimento das letras, e primeiro contato da alfabetização do ponto de vista neural. No início, as letras e movimentos devem ser integrados a atividades lúdicas e em menor quantidade, passando progressivamente para algo mais formal. Crianças que aprendem a letra cursiva, independentemente do ponto de alfabetização, uma vez que se busca resultados neurais e não da alfabetização em si, até antes do segundo ano, apresentam melhores resultados escolares.

* Janaína Spolidorio é especialista em neuroeducação, formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital. 

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Fonte: EVCOM



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