Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Câncer, genética e espiritualidade

Câncer, genética e espiritualidade

28/10/2016 Cicero Urban

Acreditar em Deus faz diferença quando enfrentamos um câncer?

Pode alterar a realidade de alguém destinado a desenvolver uma doença grave e letal? A fé muda o destino daqueles que sofrem? Estas não são questões simples e que podem ser respondidas sem a devida reflexão, sem o auxílio do método científico, da filosofia e da teologia.

Câncer é um termo genérico e que representa mais de mil doenças diferentes. A maioria delas é curável, se diagnosticada precocemente e, claro, se tratada de maneira adequada, por profissionais e centros tecnicamente preparados. Tudo isso sem a necessidade da intervenção divina.

Bastam o método científico e o acesso aos meios diagnósticos e terapêuticos. Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos. Assim é na Bíblia. Assim também é na genética. Mesmo para aqueles raros portadores de mutações genéticas.

Em geral, a maioria deles não desenvolverá as doenças a que estão predispostos. Assim, as doenças de origem genética surgem em quem pode e não em quem quer. Podemos dizer que são aleatórias, randomizadas, e não uma punição divina.

A espiritualidade pode ser definida como a propensão do homem para a busca de um significado transcendente para a vida e de uma conexão com algo maior. Ela pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa. Até mesmo Marx falava da existência de uma espiritualidade sem Deus.

Contudo, a relação dela com a saúde humana permanece um grande dilema. Mais espiritualidade pode significar menos sofrimento ou um preparo melhor para enfrentar doenças graves? Cura? As perdas provocadas pelas doenças podem ser amenizadas por um sentimento ou uma crença em algo maior que nós ou que compense a nossa vulnerabilidade existencial?

Existem alguns modelos de estudos que pretendem medir a espiritualidade. De novo, não se trata de medir a fé ou a religiosidade. Esta última, por exemplo, é um conjunto de sistemas culturais, valores morais e crenças que relacionam o ser humano com a espiritualidade.

Ainda que isso tenha grandes limites metodológicos, a aplicação desses modelos pode ajudar no desenvolvimento de estudos científicos sobre o impacto da espiritualidade na saúde humana. Mas a ciência pretende medir os fatos concretos – compará-los e buscar uma relação de causa e efeito.

A espiritualidade busca o transcendente e o intangível. Não quantificável. Podem ser aliadas? Na prática oncológica, o que percebemos é que os pacientes que enfrentam a doença de maneira mais serena, em geral, são aqueles que estabeleceram relações interpessoais mais sólidas, maduras, seja com a família, seja com seus amigos.

A classe social, por outro lado, não tem tanta interferência nisso. E no caso da religião? Por mais que alguns até sejam tentados a achar que pessoas religiosas tenham uma capacidade de aceitar melhor a dor e o sofrimento, a sua interferência possivelmente esteja mais ligada às relações interpessoais e à percepção do significado da vida através dela.

A espiritualidade, então, enquanto relação humana com algo maior, pode fazer diferença. E este algo maior pode até ser Deus para alguns. Mas pode também estar na família, no ideal ou em um legado social que deixamos para a posteridade.

Se a imortalidade existe, ela nunca poderá ser provada cientificamente. Ficará nas obras e nas recordações. Os que mais sofrem não são aqueles que não têm religião ou que não acreditam em Deus, mas aqueles centrados em si mesmos. “Não existe dor maior do que a recordação dos tempos de glória na miséria”, dizia Francesca de Rimini. Dante tinha razão.

* Cicero Urban é médico oncologista e mastologista, professor de Metodologia Científica e Bioética na Universidade Positivo e vice-presidente do Instituto de Ciência e Fé em Curitiba.



Violência urbana no Brasil, uma guerra desprezada

Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 3 de março, revela que existem pelo menos 72 facções criminosas nas prisões brasileiras.

Autor: Samuel Hanan


Mundo de mentiras

O ser humano se afastou daquilo que devia ser e criou um mundo de mentiras. Em geral o viver passou a ser artificial.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Um País em busca de equilíbrio e paz

O ambiente político-institucional brasileiro não poderia passar por um tempo mais complicado do que o atual.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento