Chega a “Primavera Brasileira”!
Chega a “Primavera Brasileira”!
O Brasil, de Norte a Sul, amanheceu mais bonito, cheio de alegria e esperanças.
Depois de anos considerado como “cordeiro”, “desinteressado”, “ausente” e outros adjetivos, o povo brasileiro, pela sua juventude, indignada, resolveu protestar e cobrar, começando pela passagem de ônibus e agora incluindo extenso rol de problemas.
No exterior já se fala em “Primavera Brasileira”, embora aqui vivamos o outono-inverno. As autoridades, acomodadas ao longo de tantos anos de indiferença popular, não tiveram outra alternativa senão a de apoiar o direito de reivindicar e falar contra o vandalismo. Mas, além de falar contra, os governantes têm a obrigação oficial de combater os criminosos infiltrados que barbarizam e aproveitam o vácuo ao redor para depredar, saquear e promover o caos.
É preciso acabar com a hipocrisia e enfrentar o crime com rigor, até para que os manifestantes possam levar avante seu movimento. A presença policial é importante, não para combater os reivindicantes, mas para livrá-los dos baderneiros que, na sua saga desordeira, acabam por enfraquecer a reivindicação.
As lideranças são impotentes para conter os provocadores e criminosos, pois atuam desarmadas e eles – os errantes – enfrentam até a força policial. É fundamental que os desvirtuadores sejam identificados, retirados do local e processados conforme o agravo cometido. Isso é uma tarefa da polícia, como braço armado do Estado para a manutenção da ordem. A instituição está preparada para o trabalho e, quando seus integrantes cometem excesso, são punidos pela corregedoria e outros órgãos de controle.
Os governantes, enquanto comandantes da força policial, têm o dever de se colocarem à frente do trabalho, assim como, na condição de titulares do poder, não podem se furtar da tarefa de ouvir, analisar, negociar e implementar medidas que possam solucionar as divergências antes que evoluam para o conflito, e a força tenha de ser usada. Há que se compreender que toda vez em que a polícia tem de intervir é porque falharam as possibilidades de negociação e pacificação, e a ação pode fugir ao controle.
O melhor é evitar o confronto. As manifestações em curso por todo o país demonstram claramente que não vivemos a maravilha cantada pela propaganda oficial. Fica claro que o povo está descontente por uma série de problemas e que não confia nos partidos políticos. Tanto que os rejeita nas passeatas.
Presidente da República, governadores, prefeitos e lideranças que ainda contem com o respeito popular, não podem fugir do dever cívico de ouvir, negociar e tentar resolver a dor do povo. Se não o fizerem, o futuro será incerto. Não podemos esquecer que os grandes cismas mundiais, inclusive as guerras, tiveram a manifestação popular como nascedouro. É preciso vê-las com muito respeito e interesse...
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).