Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Mineral e universal

Mineral e universal

26/09/2018 Petrônio Souza Gonçalves

O mineiro é essencialmente um garimpeiro; um minerador.

Por isso se esmera tanto na eterna busca da preciosidade. Sua produção é pequena, pois está focada em separar o que reluz em meio ao cascalho. Drummond e Milton Nascimento são exceções. Drummond foi longevo e constante, Milton captou o sentimento do mundo que inspirava o Brasil em tempos de efervescência e esperança.

Guimarães Rosa talvez seja a síntese dessa mineiridade criativa. Publicou apenas oito livros em vida, diante da sua prematura partida, mas foi fundo no veio que encontrou entre o sertão inóspito da palavra e a vereda do pensamento. Plantou um buritizeiro no coração dos brasileiros que floriu no mundo inteiro. Pedro Nava, o grande memorialista nacional, juntou tudo que viu, ouviu e viveu e condensou em seis livros, tornando possível a improvável tarefa de colocar o oceano em apenas seis conchas.

O Clube da Esquina encarnou essa premissa de menos quantidade e mais preciosidade. Todos eles estão por aí, cantando o momento divinal do primeiro encontro. Por sucessão do acaso, os dois gênios do futebol mineiro seguiram a mesma sorte, com Tostão e Reinaldo deixando seus lances espetaculares antes do fim do primeiro tempo.

Garimpar é um pouco a gente sozinho, bateando o pensamento, seguindo o veio com fé na busca da fonte de todo mistério. Depois de encontrado e devidamente lapidado, essas preciosidades são levadas para todo o mundo, encantando e enfeitando a vida daqueles que adoram o belo e têm olhos para o raro, o nobre, o inusitado, o maravilhoso.

O amanuense Ciro dos Anjos sabia disso e foi preciso em seu primeiro e quase único feito. O fantástico Murilo Rubião foi tão realista em suas visões que tirou apenas 33 coelhos da cartola e deixou a plateia extasiada; para todo o sempre. Rubião, pedra de outra esfera, tornou-se gênero literário e foi buscar a Lua para colocar dentro de seu livro, nos revelando um outro lado do mundo.

Mineiro vive entre montanhas, guardado em neblinas, imaginado o que tem por detrás da paisagem. Está sempre filosofando sobre o mundo que se ergue à sua volta, guiando seus olhos para o alto, o infinito. Não tem jorro criativo, sequenciado, mas um eterno amadurecer do sentimento curado, destilado, defumando em sonhos e sentimentos. Tem um afazer demorado, porque nada está pronto, terminado, nem mesmo o pôr do sol, que precisa de olhos atentos para ver detalhes dos contornos, nuances e silhuetas improváveis.

Tudo é rebuscado nessas paragens, até o dedilhar do vento soprando os telhados ancestrais das noites em quintais das Minas Gerais. O criar mineiro não é liso, reto, planalto aberto. É montanhoso, sinuoso, em segredos vales submersos.

A sofisticação de um verso mineiro tem esse tempo de garimpar, lapidar, polir e cravar nos contos, poemas, canções, livros. De fundir o irreal com nossa pobre vida diária. Não é apenas uma publicação, uma gravação, um lance no gramado. É, sobre tudo, um registro para a eternidade.

* Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor.

Fonte: Petrônio Souza Gonçalves



Violência urbana no Brasil, uma guerra desprezada

Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 3 de março, revela que existem pelo menos 72 facções criminosas nas prisões brasileiras.

Autor: Samuel Hanan


Mundo de mentiras

O ser humano se afastou daquilo que devia ser e criou um mundo de mentiras. Em geral o viver passou a ser artificial.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Um País em busca de equilíbrio e paz

O ambiente político-institucional brasileiro não poderia passar por um tempo mais complicado do que o atual.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento