Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Governança de terras: uma questão de soberania nacional

Governança de terras: uma questão de soberania nacional

12/09/2018 Vitor Bukvar Fernandes

O Brasil foi descoberto em 1500 e o conflito de terras vem ocorrendo desde a divisão do território.

Até hoje, o emaranhado de regras, leis e as lacunas deixadas pela falta de controle sobre o uso e a ocupação do solo tornam o país uma verdadeira “terra de ninguém”. Na recente edição do Seminário Internacional de Governança de Terras e Desenvolvimento Econômico: Regularização Simplificada, realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), temas relevantes foram debatidos e ficou patente a necessidade urgente de promover uma ampla regularização de terras no país que se baseie em regras claras e na aceleração dos processos.

O objetivo é que todos saibam quem está em cima da terra e o uso que se dá a cada palmo de chão no Brasil e, assim, garantir a segurança jurídica. Ter uma política certa de governança de terras é uma questão de soberania nacional. Na última década, a preocupação com a compra de milhares de hectares de terras no Brasil por estrangeiros passou a fazer parte da pauta de discussões>

Sem um controle mais efetivo, é difícil identificar se são brasileiros ou estrangeiros quem está por trás, por exemplo, de empresas em regime de sociedade anônima (S/A) que adquirem as áreas. A legislação existente no país tem problemas graves e ainda há muito espaço para melhoras. Há uma concordância de que é necessário promover mudanças. Mas não adianta, simplesmente, criar regras que proíbam a compra ou a venda de terras. O país precisa promover uma mudança de visão.

É necessário compreender que a terra é, simultaneamente, um ativo produtivo e um ativo líquido. Em qualquer parte do mundo é assim. A governança de terras é a saída para garantir regras claras de uso e ocupação do solo. As normas vão impor direitos e deveres para os proprietários de áreas no Brasil – sendo eles brasileiros ou estrangeiros. Em conjunto, o país deverá estabelecer mecanismos que freiem uma invasão de estrangeiros comprando terras brasileiras.

Se o país tiver uma boa governança, garantirá um controle das terras, terá conhecimento de quem são os donos dos imóveis e poderá monitorar o uso que os proprietários fazem de cada área. As medidas para definir a melhor governança passam pela legislação mais adequada para a realidade brasileira, a elaboração de um cadastro nacional de imóveis, o georreferenciamento das áreas urbanas e rurais, a simplificação dos processos burocráticos que envolvam órgãos e cartórios e a articulação de agentes públicos e privados.

Ter, de fato, a soberania da terra brasileira é fundamental para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país. Conhecer bem a nossa terra também permitirá reduzir os conflitos que resultam em violência no campo e nas cidades. Assim, também será possível barrar a especulação imobiliária e a grilagem de terras. O governo e a sociedade terão ainda instrumentos para evitar o desmatamento das florestas e para coibir as irregularidades na posse de terras no país.

A governança de terras é uma questão complexa no Brasil. E, o futuro do país passa pela organização do uso e da ocupação do solo. Em um ano de eleição nacional, o tema deve estar na pauta de debate dos presidenciáveis e da sociedade.

* Vitor Bukvar Fernandes é doutor em desenvolvimento econômico pela Unicamp, professor da Unesp - Rio Claro e pesquisador do Grupo de Governança de Terras (GGT) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Fonte: Ateliê da Notícia



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena