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Daqui a quatro anos

Daqui a quatro anos

21/10/2010 Pedro Cardoso da Costa

Agora, foram eleitos novos governadores e reeleitos alguns, num total de 27, mais os 27 vices. Foram mais 54 senadores, 517 deputados federais, 1059 deputados estaduais. É muito gente para fazer o bem deste país. Isso ocorre a cada quatro anos e tudo é tão igual, a partir das promessas.

O jogo de cena começa com a propaganda política. Cada problema é prioridade do candidato. Creche, prioridade; show de dupla sertaneja, prioridade; horas extras, prioridade. Tudo é prioridade. E aí se volta para uma frase atribuída ao ex-presidente Janio Quadros: a melhor maneira de não priorizar nada, é priorizar tudo.

Todos eles sabem que a maioria de suas promessas não pode ser cumprida. Também sabem que, com promessas impraticáveis, terão alguma chance de vitória e que sem elas não teriam a mínima chance. Culpa do eleitor que vota em promessas, culpa dos políticos que não trabalham para conscientizar o cidadão fora do período de campanha. Esse jogo de gato e rato prejudica a todos. O eleitor vota em quem promete mais para se eximir depois atribuindo culpa ao candidato. Os problemas também não mudam e não têm solução.

Hoje são assassinadas perto de cinquenta mil pessoas por ano no Brasil. Com atuação igual aos últimos 20 anos, daqui a mais quatro terão sido assassinadas mais de 200 mil pessoas. A continuar os números de hoje, para cada mil, vinte assassinos terão sido punidos.

Nesse período, as crianças que iniciarem a primeira série no primeiro ano do próximo governo terão terminado a 4ª, sem saber o resultado da multiplicação de duas vezes quatro. Exemplo por que passo com crianças na quarta série que estudam em escola estadual na periferia de São Paulo. Ainda teremos alguns órgãos especializados em contar os milhões, milhões, de analfabetos formais, que nem sequer saberão rabiscar o nome. Uma vergonha que já ultrapassou o MOBRAL, o MOVA e tantas nomenclaturas de programas que trazem como resultado milhões de reais jogados no bolso de corruptos.

Daqui a mais quatro anos, os brasileiros assistirão pessoas sendo retiradas de escombros, após os rotineiros desabamentos de encostas de morro e de rios, enchendo escolas, estatísticas e desculpas de autoridades. Além de continuar contando os mortos em naufrágios de embarcações fajutas no Norte do país. Terão as cenas de mães chorando os filhos mortos nas balas perdidas mais certeiras do mundo no Rio de Janeiro. Se as autoridades esquecerem de que o refrão virou clichê, as pessoas ainda ouvirão que a vítima estava no lugar errado, na hora errada, no momento errado. Ouvirão que as favelas virarão condomínio, mas não citarão quantas existem, ou se já diminuiu uma das 16.433 mencionadas num editorial da Folha de São Paulo de 14 de novembro de 2003.

Teremos ainda os políticos como donos das comunicações que avaliarão seus mandatos; a imprensa criticando qualquer manifestação popular, argumentando que não é dessa forma que se protesta e sem dizer uma vírgula sobre a forma correta; a dizer que a cidadania é apertar botão verde de urna eletrônica, sem tocar no voto facultativo; pessoas morrendo em filas de hospitais e de postos de saúde; as autoridades culpando as pessoas pelas mazelas nos três anos de mandato; e no último se vangloriando do aumento de cestas básicas, com a mesma naturalidade que dirão não haver mais um pobre no país.

Além disso, daqui a quatro anos, continuaremos sem entender por que cidades como Canoas, Rio Grande do Sul, adquire detector de armas de fogo e o Rio de Janeiro não sabe nem de sua existência.

Fecharemos os próximos quatro anos a esconder o país do planeta com uma Copa do Mundo de futebol. É assim agora, como foi há quatro, oito, doze, dezesseis anos, como será daqui a mais alguns séculos.

Daqui a quatro anos, como todos os brasileiros, cada um estará criticando a apatia, a passividade dos “outros” 190 milhões, dentre os quais não fará parte. E concluir-se-á que não tem jeito. Mas tem jeito, sim, senhor. Mas, o primeiro passo é tirar a bunda do sofá... Topa?

Ah! Daqui a quatro anos... “Sempre foi assim... Assim será...” Como diria o poeta.

* Pedro Cardoso da Costa – Bel. Direito



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