A universidade, formadora e sem militância política
A universidade, formadora e sem militância política
Criadas sob inspiração liberal, com a finalidade de ensejar o desenvolvimento, as universidades vieram para reunir e qualificar os profissionais que o mercado necessita.
Têm a dupla função de preparar a mão-de-obra que os empreendimentos exigem e, na outra ponta, oportunizar aos cidadãos e cidadãs as condições para preencherem as vagas laborativas tanto no setor público quanto no privado.
Ao sair das escolas, os novos profissionais concorrem e preenchem as vagas dos concursos públicos e nos postos oferecidos pelas empresas dos diferentes ramos.
Existem no país 2.537 instituições, entre universidades, centros universitários, faculdades, institutos federais e centros de educação tecnológica.
Nelas estudam 6,5 milhões de alunos, dos quais 175 mil em pós-graduação. Formam-se anualmente 900 mil alunos (686 mil no ensino superior e os restantes no médio e tecnológico).
Mesmo assim, os cursos disponíveis não têm conseguido ajustar a oferta à demanda do mercado, registrando-se sobra de formados em algumas áreas e falta em outras.
A formação demora de três a seis anos de estudos, dependendo do ramo e sua complexidade. Há, ainda, ocupações que exigem pós-graduação e especializações, podendo o apronto do profissional ultrapassar uma década.
O ensino é caro, tanto para os alunos das escolas privadas que pagam altas anuidades quanto para a União e os Estados que mantêm as escolas públicas.
O sistema é imprescindível tanto para as atividades governamentais e econômicas quanto à população que carece de emprego e renda e, por conta da disputa e da escalada tecnológica, tem de se preparar melhor a cada dia que passa.
Além da tarefa formadora da mão-de-obra nacional, a universidade e os centros tecnológicos também prestam serviços de ponta até que estes tenham executores privados em condições de assumir a demanda.
É uma importante atividade dentro de um país em frequente desenvolvimento e da chegada das novas tecnologias.
Porém, com toda essa importante e inadiável missão educacional, social e econômica, o meio sofre o indevido aparelhamento político-ideológico.
A esquerda infiltrou-se na universidade e em muitos casos atrapalha sua função quando, profissionais cooptados, em vez ou ao lado de formar o aluno nas áreas para as quais os cursos foram criados, insistem em transformá-los em militantes políticos.
Não raramente, a formação de militantes é tratada com o mesmo ou até maior empenho que a curricular.
Ao ser criado, todo curso tem seu programa e objetiva a formação profissional. Até o ensino de ciência política é organizado de maneira a informar genericamente o aluno para que, com o conhecimento adquirido, exerça suas atividades profissionais e, se esse for seu desejo, faça sua opção política e milite pelas causas que vier a escolher.
Não é missão do professor imprimir viés ideológico às aulas. Quando ocorre, é uma grave distorção que tem de ser denunciada e combatida.
Todo tempo empregado para difusão ideológica é perdido e certamente faz falta na formação do aluno dentro da carreira que abraçou.
O professor, o servidor e até mesmo o aluno têm o direito de atuar politicamente, mas nunca na sala de aula.
O correto é escolherem o partido com que se identifique e participar de suas atividades, sem a promiscuidade com o sagrado templo do ensino.
É difícil identificar com certeza desde quando os esquerdistas tentam fazer da universidade o quintal de suas casas.
Há quem diga que eles chegaram a esse ponto em razão de um cochilo ou falta de interesse da direita que, se tivesse feito o mesmo, teria garantido pelo menos o contraponto.
É, acima de tudo, injusta a politização da universidade e do ensino como um todo, pois a escola se destina a toda a população e deve estar acima da partição ideológica. É importantíssima para o desenvolvimento.
Basta lembrar a potência em que se transformou a Coréia do Sul depois de sofrer uma devastadora guerra e optar por investir massivamente em Educação.
O Brasil, que investe alto no setor, assim como a família que gasta elevadas somas para estudar os filhos, perderão muito se, em vez de profissionais, eles saírem diplomados e feitos militantes (não importa se de direita ou esquerda).
O aluno tem de ser qualificado profissional e não politicamente. Sem isso, com todos os diplomas, continuará desempregado...
* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).