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O Dia das Crianças e o consumo consciente da classe D

O Dia das Crianças e o consumo consciente da classe D

04/10/2010 Stella Kochen Susskind

Ao participar de um evento promovido pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP) em homenagem ao Prêmio Nobel John Nash, em agosto deste ano, Robert Aumann – igualmente Nobel de Economia –, afirmou que podemos nos convencer de qualquer coisa com palavras, mas a matemática promove a disciplina do pensamento.

Lembrei da frase, extraída de uma entrevista concedida pelo professor decano a um jornal brasileiro, ao me deparar com números que comprovam a mudança real na estrutura de consumo do brasileiro. A mensuração da ascensão da classe D está inserida no nosso cotidiano e nos impele à disciplina do pensar citada pelo catedrático, sobretudo às vésperas do Dia das Crianças – terceira melhor data para o varejo, antecedida pelo Natal e Dia das Mães.

Dados recentes atestam que em 2010, a classe D assumiu o segundo lugar em poder de consumo, pela primeira vez: tem destinado 28% do total de sua renda ao consumo de produtos e serviços, percentual superior ao da classe B, de 24%. Já em 2009 a classe D cresceu 4,1% e passou a realizar sonhos de consumo que incluem eletroeletrônicos e eletrodomésticos, além de produtos alimentícios e de higiene pessoal tidos como mais “sofisticados”. Há estimativas de que a venda de computadores para a classe D cresça 30% neste ano. Os números mostram matematicamente que o Dia das Crianças deste ano será marcado não apenas pela inclusão no consumo, como por características peculiares à forma de consumir da classe D.

Nos shopping centers, a expectativa de crescimento nas vendas para o Dia das Crianças é de 16,5% em relação a 2009 e o tíquete médio de gastos deve ficar entre R$ 80 e R$ 120 reais. As pesquisas indicam que cada vez mais ligadas à tecnologia, muitas crianças pediram aos pais – e devem ser atendidas – itens como celulares, games, MP3 e demais aparatos eletroeletrônicos. Marcas que povoam o imaginário infantil, Estrela e Lego projetam um aumento nas vendas de 15% e 20%, respectivamente.

Parte significativa desse otimismo do varejo com o Dia das Crianças, a classe D – ávida e feliz por poder presentear os filhos – tem características muito peculiares e que revelam um determinado grau de sofisticação na compra; uma crível aproximação com os ideais do consumo consciente. No caso específico do Dia das Crianças, enquanto os pais da classe A têm intenção de presentear os filhos com novidades tecnológicas, isentos da preocupação com a durabilidade dos produtos, os da classe D estão planejando essa compra há alguns meses. Além de avaliar a vida útil do presente e a real necessidade do item, já pesquisaram os preços mais acessíveis e as condições de pagamento. Fatores como a real necessidade  e a durabilidade do produto também têm importância maior no processo de compra da classe D e revelam a maturidade de uma classe que sabe o real valor do dinheiro e que não se esquece dessa importante lição nem mesmo quando a emoção costuma imperar. Afinal, brinquedos, peças de roupa ou mesmo sapatos sempre podem ser bem aproveitados também pelos irmãos menores, quando resistem bem ao tempo de uso. De acordo com pesquisa da República – Opinião dos Brasileiros, 12% dos membros da classe D têm mais de cinco filhos.

As inúmeras iniciativas de educação financeira, conduzidas pelos quatro cantos do País, mostram que a gestão do orçamento familiar tem sido aprimorada e que a classe D está aprendendo a fazer bom uso das opções de crédito e a dosar melhor o índice de endividamento. Embora haja a euforia da inclusão no consumo, existe a preocupação em dosar os gastos.

Um outro fator que diferencia o consumo da classe D é a relação com os produtos. É óbvio que as crianças também se interessam por artigos eletrônicos, mas o fator social ultrapassa o virtual na escala de prioridades. Explicando melhor, os meninos da classe D têm o futebol com a turma; as meninas têm as brincadeiras de casinha no bairro. O videogame é apenas uma parte do dia. Essa vivência do coletivo e das relações de amizade traz influências claras para o consumo. Na prática, a classe D tem muito o que ensinar para as demais, sobretudo a avaliação de custo-benefício – conceito que torna os consumidores da classe D muito mais próximos do consumo consciente.

* Stella Kochen Susskind preside a Shopper Experienc

Fonte: Printec Comunicacao

 



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