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A “ressurreição” do bode

A “ressurreição” do bode

09/01/2024 Antônio Marcos Ferreira

Azar do bode, que morreu sem necessidade!

Esta frase me foi dita pelo meu primo Raimundo lá pelos anos setenta. Para dar sentido a esta afirmação vamos voltar no tempo, quando nas nossas férias escolares, invariavelmente íamos desfrutá-las em Manga, nossa cidade natal.

O Raimundo, embora também tenha nascido em Manga, muito cedo mudou-se para Montalvânia com toda sua família, já que seu pai, o tio Edmê, irmão do meu pai, comprara uma fazenda juntamente com outro irmão, o tio Raimundo.

Em função da grande amizade com o Raimundo, gostava muito de passar as férias em Montalvânia, distante 50km de Manga por uma estrada hoje asfaltada, mas que naquela época revezava entre muito poeirenta na seca e lamacenta na época das chuvas.

Além da diversão na fazenda, muito próxima da cidade, o que nos permitia ir a pé, também tinha muitos amigos no time de futebol e por muitos anos joguei na seleção da cidade.

Lá também foi onde ganhei o apelido de Tonho Prego, como sou conhecido lá até hoje. Havia uma pelada, disputada entre estudantes da cidade e os de fora.

Campinho de terra, era uma pelada animada, com os jogadores descalços, mas com uma plateia animada e participativa.

Numa delas, ao ir pela linha de fundo, sai um pouco da quadra e furei o pé num prego, cravado numa tábua, o que me gerou o apelido que ainda era restrito a Montalvânia.

Pouco tempo depois houve uma partida de futebol de campo entre Manga e Montalvânia, realizado nesta cidade. Os meus amigos de Manga, ouvindo a torcida gritar meu nome, ou melhor, meu apelido, ficaram sabendo e o levaram para Manga também.

Mas voltemos ao bode! Numa daquelas férias, depois de passar muitas em Montalvânia, resolvi que aquelas seriam desfrutadas em Manga. E assim foi.

Numa ida do tio Edmê para resolver assuntos no Banco do Brasil em Manga, ele me perguntou se eu não iria visitar o pessoal em Montalvânia. Eu lhe disse que ainda não sabia.

- Se você for, nós vamos matar um bode e fazer um churrasco. Vou marcar para o próximo sábado e estamos te esperando. - Vou tentar, mas não posso prometer.

E conforme imaginei, não consegui participar do churrasco do bode, o que me deixou muito chateado. Além de gostar de churrasco, gostava muito deles também.

Alguns dias depois o Raimundo passou por Manga com destino a BH e comentou comigo sobre o churrasco e eu expliquei a ele que não conseguira ir, no que ele comentou: - Azar do bode, que morreu sem necessidade!

Falei com ele como estava chateado por não ter participado daquele churrasco. Alguns dias depois foi o tio Edmê que chegou em Manga.

Como sempre, passou na casa dos meus avós, onde ficávamos. Minha avó, também como sempre, lhe serviu um café com pão de queijo.

Durante a conversa, falamos sobre o churrasco e ele logo comentou: - Sorte do bode, que não precisou morrer! Levei um susto e fiquei sem entender.

O bode morrera há alguns dias e agora "ressuscitou"? Será que o Raimundo havia mentido? Terminadas as férias, voltei para Belo Horizonte e alguns dias depois me encontrei com o Raimundo.

- Uai, Coelho (era o seu apelido) não entendi a história do bode. Você matou o bode e tio Edmê o ressuscitou? Ele me disse que o bode teve sorte por não ter precisado morrer. Afinal, o bode morreu ou não morreu? - Claro que morreu.

Mas eu falei com ele que você ficara muito chateado por não ter ido. Mas não falei nada sobre o bode. Ele, para diminuir a sua chateação, disse que não matara o bode.

- Coisa de amigo, né? Se não pode alegrar, pelo menos pode deixá-lo menos triste. Vida que segue. Até um próximo churrasco!

* Antônio Marcos Ferreira

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