Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Leis “tapa-buracos” e os apuros da atividade empresarial

Leis “tapa-buracos” e os apuros da atividade empresarial

05/05/2012 José Adir Loiola

Uma das astúcias para tentar encobrir um erro, omissão ou negligência é imputar a outrem responsabilidades que lhes cabem, agindo com dissimulação, partindo para acusações, apegando-se a detalhes legais, distorcendo interpretações, até que sejam invertidos os valores e o jogo mudado.

O acusado passa a acusador, a vítima a ré. Qual seria outro entendimento possível diante de algumas jurisprudências criadas no campo do Direito do Trabalho, responsabilizando transportadoras pelos motoristas vitimados em função das péssimas condições das estradas brasileiras?

Com base na figura da “Responsabilidade Objetiva”, o Tribunal Superior do Trabalho tem considerado que compete ao empregador indenizar funcionário que exerça atividade de risco e venha a sofrer algum tipo de dano, independente da culpa relacionada ao incidente, ou, no caso das transportadoras, de que se reconheça a  precariedade das estradas como a causa principal dos acidentes. Quanto à negligência ou omissão do Estado, nada é dito ou cobrado. O Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp) acompanha com preocupação essa tendência que se desenha junto aos Tribunais do Trabalho.

Conforme a leitura dos magistrados, a empresa que atua em áreas que possam implicar riscos para terceiros assume, per si, a obrigação de assegurar a integridade física dos colaboradores, pouco importando se o contexto dos acontecimentos vier a extrapolar as prerrogativas e a capacidade de ação das organizações. Nessa linha de interpretação, a empresa de segurança privada, por exemplo, poderia responder integralmente pelo vigilante ou terceiro caso sejam vitimados em um entre os muitos flagrantes de assaltos que infelizmente compõem o cenário diário das cidades brasileiras.

Entendem os tribunais que o Caput do artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal, que trata da “Responsabilidade Subjetiva” (com culpa direta do empregador), prevê a possibilidade de ampliar o arco da proteção social ao trabalhador. A inversão de valores se dá a partir do momento em que o Estado, ao não dar conta de cumprir com os princípios fundamentais da República expressos na Constituição Federal, entre eles “a dignidade da pessoa humana” e “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”, transfere toda a responsabilidade à sociedade e suas organizações, exigindo-lhes que cubram os buracos deixados por sua omissão ao longo do caminho.

É uma distorção que pode ser observada ainda em outros dispositivos legais que vêm criando dificuldades ao dia a dia do segmento de segurança privada: a Lei do Aprendiz (incompatível com um setor que exige mão de obra altamente treinada e qualificada); a “Lei de Cotas” (que deixa um problema às empresas que precisam compor 95% de seu efetivo com vigilantes em plena capacidade física e mental).

Diante deste quadro, questionamos aqui como ficam os princípios da “livre iniciativa”, também expressos na Constituição Federal, quando o Estado começa a dar vazão a entendimentos que comprometem a capacidade de trabalho das empresas tão e somente para reparar sua própria incompetência em garantir “o desenvolvimento nacional”?.

De nossa parte, empregando quase meio milhão de trabalhadores com registro em carteira em todo País, temos cumprido com nosso papel social. No mais, resta ao Estado assumir os princípios, objetivos e funções prescritas pela Constituição e deixar de apenar a iniciativa privada com leis e entendimentos que visem a tapar seus buracos.

* José Adir Loiola é presidente do SESVESP (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo).



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena