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Lições da tragédia de Santa Maria

Lições da tragédia de Santa Maria

30/01/2013 Valmor Bolan

O Brasil ficou em estado de choque com a tragédia ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria (RS). As 231(até o momento) mortes de jovens estudantes universitários, quase todos asfixiados, poderiam ter sido evitadas.

Esta é a conclusão dos especialistas, depois de ouvir os testemunhos de sobreviventes e técnicos. O fato é que o número de jovens excedeu a capacidade do local, com uma única saída, e outros fatores complicadores que agravaram a situação.

O uso de artefato pirotécnico foi o que deve ter causado o incêndio, tomando conta da boate, e ceifando rapidamente mais de duas centenas de vidas jovens, promissoras. Foi uma tragédia de comoção nacional (que obrigou a presidente Dilma Rousseff a cancelar seus compromissos no Chile), e esperamos que não haja impunidade, pois este é o tipo de desastre que pode ser prevenido.

Os estabelecimentos prestadores de serviços devem estar com todos os equipamentos e recursos técnicos em dia, pois uma falha pode ser fatal, como o que vimos agora. Isso exige realmente responsabilidade de todos, dos empresários, do poder público e também da população. Uma casa noturna como aquela não podia funcionar com aquele número de pessoas. Houve excesso.

Na hora que o componente da banda que estava tocando pegou o extintor de incêndio, não se sabe se ele não soube manusear o equipamento ou ele não funcionou. Tudo isso é inaceitável, diante de todas as possibilidades técnicas hoje existentes para garantir a segurança das pessoas. Casos semelhantes ocorridos em outros países deveriam ter servido de alerta, mas infelizmente não foi o que aconteceu.

O que acontece é a cultura da permissividade que grassa hoje por toda a sociedade. Muitas vezes faz-se vista grossa, aqui e ali, e depois vem às consequências, com danos irreparáveis para a população. Pagam-se impostos, e não há retorno devido dos serviços públicos. As empresas deveriam cumprir os pré-requisitos necessários para seus funcionamentos, mas muitos preferem fazer a lógica da esperteza.

E logo vêm os resultados: acidentes fatais. Esta foi à mesma lógica que ocasionou o desabamento de um prédio, ano passado, no Rio de Janeiro, perto do Teatro Municipal. Um dos sobreviventes foi salvo porque entrou dentro do elevador. Estas situações são diferentes dos casos de calamidades provocadas por desastres naturais, como no caso do tsunami no Japão.

Os japoneses mesmo assim mostram que é possível estar prevenidos para minimizar os danos de tais ocorrências. Mas nós, que não temos problemas de terremotos, maremotos ou furacões, penalizamos a nossa população por descaso do cumprimento do mínimo das regras exigidas para o bom funcionamento dos empreendimentos e serviços.

Mais uma vez fica comprovado que se nem em situações como estas, que requerem providências técnicas preventivas, imagine só se teríamos preparo para enfrentar - como os japoneses enfrentam - os furores da natureza. Temos muito que aprender e mudar nossa forma de enfrentar os desafios do cotidiano. Chega de cultura do improviso.

O Brasil está na hora de banir a mentalidade permissiva, pois com tal amadorismo, até quando continuaremos vitimando a nossa população? Que tragédia de Santa Maria sirva de lição para que prevaleça o que Capistrano de Abreu pediu a todo brasileiro, ainda no século XIX, que tivéssemos uma única coisa: vergonha na cara.

*Valmor Bolan é Doutor em sociologia e Presidente da Conap/MEC (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos-PROUNI).



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