Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Acessibilidade em e-learning: incluir pessoas com deficiência

Acessibilidade em e-learning: incluir pessoas com deficiência

15/02/2014 Renato de Amorim Gomes

Tive a grata oportunidade de trabalhar em uma empresa onde dois colaboradores eram pessoas com deficiência visual.

Aliás, é válido um parênteses aqui: observado da perspectiva da inclusão social e pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, o termo correto a ser utilizado é “pessoa com deficiência”. A utilização das terminologias “deficientes”, “excepcionais”, “pessoas com necessidades especiais”, “pessoas portadoras de deficiência”, “pessoas portadoras de necessidades especiais” são inadequadas nos dias atuais.

Por trabalhar com e-learning, observava o esforço que estes colegas tinham para ter acesso às informações. Seja por braile ou pelos sintetizadores de voz no computador, me impressionava a postura ativa que estes colegas de trabalho possuíam para buscar as informações de seu interesse. Um deles, diga-se de passagem, atuava como DJ, o que me deixava ainda mais impressionado! Este convívio motivou-me a abordar no trabalho de conclusão de curso da pós-graduação o tema da aprendizagem virtual para pessoas com deficiência visual.

Eu desejava entender se as organizações que implementavam programas de educação corporativa, sobretudo, por meio do e-learning, preocupavam-se com a questão da acessibilidade. Na ocasião, contando com um site que disponibilizava pesquisas e enquetes pela internet, convidei as pessoas a refletirem sobre este tema. Dentre os vários quesitos propostos nesta pesquisa, me chamou a atenção o fato de mais de 80% das organizações pesquisadas não terem desenvolvido cursos online considerando a acessibilidade para pessoas com deficiência.

Durante quatro anos consecutivos (2006 a 2009) esta pesquisa continuou sendo apresentada por este site. Neste intervalo de tempo, este gap diminuiu para 70%, demonstrando que algumas organizações tomaram providências quanto a inclusão social das pessoas com deficiência. Da mesma forma que um arquiteto se preocupa com a questão da acessibilidade ao projetar edifícios ou residências, acredito que no âmbito da educação corporativa, esta preocupação deve permear todos os setores, desde o profissional que realiza o design educacional do curso, o web designer que produzirá as telas interativas até o profissional que implementará o curso no ambiente virtual de ensino-aprendizagem.

Sobretudo, penso que os clientes que demandam o desenvolvimento de cursos online também precisam questionar se os seus fornecedores podem e estão aptos para atender esse nicho de desenvolvimento. Recentemente, a SOU, empresa de serviços voltada ao desenvolvimento de pessoas, apresentou uma proposta pedagógica para uma instituição que possui o compromisso de bem-estar e inclusão social.

Nesta proposta foi considerado que o desenvolvimento dos cursos online deveriam atender às pessoas com deficiência, o que impactaria na forma de produzir os cursos e nas tecnologias que deveriam ser empregadas, tais como a adoção de procedimentos de acessibilidade referenciados pelo Web Content Accessibility Guidelines (também conhecido por WCAG 2.0). Dessa forma, gostaria de propor quatro ações que as instituições interessadas em promover a inclusão social, digital e capacitação profissional de pessoas com deficiência (visual, auditiva ou motora) podem adotar para incorporar nas suas estratégias de educação corporativa e e-learning:

Acreditar nas habilidades das pessoas com deficiência: mesmo com as diversas barreiras tecnológicas, muitas pessoas com deficiência dispõem de grande habilidade e disposição para realizar cursos online. Em uma entrevista realizada com um aluno de um curso a distância com deficiência visual, ele relatou que o ambiente de aprendizagem não havia sido preparado para ele, mas mesmo com os problemas deste ambiente, ele alcançava sucesso devido a sua experiência com leitores de tela e também do auxílio, em alguns momentos, das pessoas que enxergam.

Sensibilizar as pessoas da organização: demonstrar a importância de desenvolver cursos para pessoas com deficiência é um dos primeiros passos para seguir neste sentido. Certa vez, convidei um consultor em acessibilidade (ele é uma pessoa com deficiência visual) para expor aos profissionais da empresa (programador, web designer e designer educacional) suas impressões acerca da acessibilidade na educação a distância. O programador que participou desta reunião mostrou-se sensibilizado ao assistir o depoimento desse consultor, que comemorou ter concluído a sua graduação por uma instituição de ensino a distância.

Conhecer e incorporar tecnologias de acessibilidade na organização: existem softwares, tanto pagos quanto livres, que se dispõe a facilitar o acesso das pessoas com alguma deficiência. Um exemplo disso é o JAWS, um software sintetizador de voz (também conhecido por “leitor de tela”) que apoia a pessoa com deficiência visual no acesso ao sistema operacional, ferramentas de produtividade e internet. Importante ressaltar que o sistema operacional Windows e também o Mac OS possuem recursos de acessibilidade nativos (basta buscar em preferências ou configurações pelo termo “acessibilidade”). O mesmo se aplica a recursos mobile, como tablets e smartphones Android ou iOS: habilitando os recursos nativos de acessibilidade, as pessoas com deficiência podem acessar e gerar informações.

Desenvolver conteúdo com base nas referências de acessibilidade do WCAG 2.0: designers educacionais, webdesigners e programadores precisam ter noções e técnicas para aplicar as diretrizes de acessibilidade para web do Web Content Accessibility Guidelines. O WCAG.2 pode ser utilizado pelas organizações como uma “lista de verificação” de acessibilidade para web.

Estas diretrizes destacam, por exemplo, que qualquer conteúdo não textual (como imagem e vídeo) deve oferecer uma alternativa em texto para que ela possa ser acessível, além de diretrizes de adaptabilidade do conteúdo, navegação e legibilidade. Com essas ações, as instituições corporativas podem contribuir com a profissionalização, dignidade e inclusão social das pessoas com deficiência. Que tal fazer a sua parte?

*Renato de Amorim Gomes é mestre em tecnologias da inteligência e design digital pela PUC-SP. É especialista em design educacional na SOU Educação Corporativa.



O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto