Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Entendendo o ininteligível – Com o Professor Flavio Dino

Entendendo o ininteligível – Com o Professor Flavio Dino

25/10/2014 Lucas Berlanza Corrêa

Uma ocorrência curiosa chamou a atenção na corrida pelo governo do Maranhão. Na sexta-feira, 22 de agosto, a afiliada da Rede Globo, TV Mirante, promoveu uma curta entrevista com o candidato do PCdoB, Flavio Dino, professor de Direito na Universidade Federal do Maranhão.

O repórter Sidney Pereira foi o condutor. O evento seria muito mais propriamente do interesse dos maranhenses, não fosse por alguns detalhes bastante pitorescos do “interrogatório”. Pereira perguntou a Flavio Dino, baseando-se no que diz o estatuto de seu partido, o maoísta PCdoB – o mesmo representado pela já conhecida hipocrisia de Jandira Feghali, e que defendeu a luta armada nos moldes chineses durante o regime militar -, se ele deseja implantar o comunismo no Maranhão.

Sim, a pergunta foi exatamente essa: “se o senhor for eleito, vai implantar o comunismo no Maranhão?” A inesperada questão foi manchete e motivo de troça na página virtual da revista Carta Capital – conhecida por seu endosso crônico a qualquer esquisitice esquerdista. O texto associa a atuação do repórter aos interesses de José Sarney, cujo candidato seria o principal adversário de Dino, Lobão Filho. Pouco nos importam as motivações ou os adversários; muito menos nosso alvo é o surpreendente repórter.

O fato é que as respostas do candidato oferecem demonstração cabal das maiores bizarrices típicas de nossas esquerdas e, por extensão, de nosso próprio meio de fazer política. À questão chave que acabamos de mencionar, insana ou não, ele responde: “Sidney, isso implicaria em revogar a Constituição e todas as leis brasileiras. Nenhum governo pode fazer isso. Realmente a pergunta parte de uma premissa segundo a qual o Maranhão seria algo contrário à Constituição e ás leis”.

Brada a Carta Capital, em concordância: pergunta idiota! É óbvio que implantar a receita marxista e comunista da ditadura do proletariado em um estado brasileiro é uma impossibilidade jurídica! O repórter obviamente age por má fé; outros diriam que por uma injustificável ingenuidade. Confesso que não sei o que moveu Sidney Pereira em sua opção pelo modo como encaminharia a entrevista. Porém, a resposta é uma preciosidade para quem deseja desmascarar as incoerências dessa gente.

Ele complementa: “O meu compromisso, a minha vida toda, é cumprir a Constituição e as leis e assim vai ser feito. Eu sou um democrata. O meu partido defendeu a democracia e eu não entendo, Sidney, porque tanta perseguição que tem um, inclusive, um sabor de ditadura militar. Eu acho que esse tempo passou.” Perguntaríamos a Flavio Dino se o tempo do PCdoB não terá passado também... Passaremos ao largo da evidente mentira de que o PCdoB lutou pela democracia contra a ditadura dos generais, o que já está mais que suficientemente desmentido.

O que podemos tentar fazer, diante dessas declarações, é entender o ininteligível. O político fica indignado, e rebate afirmando ser óbvio que sua plataforma não poderia defender uma causa ilegal. Notemos; o candidato do Partido COMUNISTA do Brasil afirma que NÃO implantará o comunismo no estado do Maranhão, porque isso seria contra as leis. Mais; ele se apressa em dizer que é um democrata, em oposição ao que poderia sugerir a pergunta. O que isso quer dizer? Quer dizer que seguir à risca a agenda do comunismo seria solapar a democracia e desrespeitar a Constituição; portanto, impensável! É preciso perceber o tiro no pé representado por essa conclusão verdadeira, mas que acaba sendo grotesca para os propósitos do sujeito.

Frisemos: Flavio Dino está descrevendo, sem perceber, o quanto o comunismo é absurdo, antidemocrático e ilegal e, portanto, seria proporcionalmente indigna a sugestão do repórter de que ele o implantaria no Maranhão. O candidato não explica então o que o tal do comunismo faz no nome e no estatuto de sua agremiação! Se eu desaprovo esse tal de comunismo e sei que ele é um erro, por que diabos me filiaria justamente a um Partido Comunista e ainda concorreria a cargos eletivos por ele? Qual a lógica, qual a coerência disso? Afirma a Carta Capital que “quem acompanha a política brasileira sabe que os estatutos dos partidos são, em geral, manifestos ideológicos com pouca ou nenhuma conexão com a realidade, até porque costumam ser desatualizados”.

Está na hora de ver em noções como essa o que elas verdadeiramente são: sintomas das enfermidades agudas de nossa democracia representativa. A revista Carta Capital nada mais faz que declarar seu apreço pela incoerência! Afinal, essa história de que os partidos dão voz a um segmento do pensar da nação, têm uma filiação de princípios, apresentam um documento que estabelece seus valores e pontos de vista, um núcleo duro de diretrizes – tudo isso é balela. Os estatutos não servem para nada.

Os políticos podem ignorar tudo isso completamente e sair pregando o que lhes vier à cabeça. Ora, se o estatuto de um partido se comprova desatualizado e inaceitável e, na mesma toada, o próprio NOME do partido, não seria dever moral de coerência extinguir ambos? Se não, então não seria o mínimo esperável que o candidato filiado àquela legenda se esforçasse por traduzir aqueles princípios? Se a resposta for não a ambas as perguntas, onde a credibilidade institucional do referido partido?

Depois de se auto-sabotar e se lançar em uma evidente sinuca de bico (para qualquer um com dois neurônios e livre da idiotia útil que acomete tantos “militontos” por aí), Flavio Dino ainda se diz religioso. Encerra dizendo que tem a alegria de ser “comunista, cristão, maranhense e brasileiro”. Esse negócio de que a Igreja Católica condena o comunismo é uma besteira, claro... Coisa mais medieval! Eu posso ser o que eu quiser: nazista judeu, tricolor flamenguista, conservador revolucionário... Posso ser um democrata, num partido de estatuto antidemocrático!

A união de contrários, mesmo em um país tão caracterizado culturalmente pelos sincretismos e pela miscigenação como o Brasil, há de ter seus limites de sanidade! Este show de horrores é uma amostra peculiar do que caracteriza muitos dos socialistas do Brasil e do mundo: o total desprezo pela lógica e pelos fatos, em favor de um vício incessante em sofismas. A mera existência de candidaturas como esta (e outras, como a da presidenciável Luciana Genro, do PSOL, cuja gritaria contra o capitalismo se fez ouvir em rede nacional no debate da Band), demonstra a nossa face mais miserável – uma miséria que não é material, mas cultural. Inevitável rir dessa comédia; igualmente inevitável prantear a realidade de que esse espetáculo não está num circo, e sim nas corridas eleitorais de um dos maiores países do mundo.

*Lucas Berlanza Corrêa é Acadêmico de Comunicação Social e Colunista do Instituto Liberal.



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena