Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Sobre faixas de preço para pedágios

Sobre faixas de preço para pedágios

02/11/2014 Bernardo Santoro

A Secretaria de Transportes do Estado do Rio está discutindo uma proposta bastante polêmica: criar faixas de preço para o pedágio da Ponte Rio-Niterói, onde os usuários pagariam por um pedágio mais caro nos horários de pico de movimento e um pedágio mais barato nos horários de baixo movimento.

Essa ideia está intimamente ligada à ideia de racionalismo econômico e faz sim bastante sentido, se corretamente aplicada. A teoria da economia comportamental, ou seja, a análise de como indivíduos tomam decisões a partir das informações socioeconômicas disponibilizadas, argumenta que, embora os incentivos econômicos não sejam determinantes para a escolha econômica, são sim levados em extrema consideração pelo agente que toma a decisão.

Em palavras mais simples, um homem é livre para tomar uma decisão econômica, mas levará em consideração todas as influências que o cercam, sejam elas afetivas, sociais, culturais ou econômicas, entre outras. E na questão do trânsito na Ponte Rio-Niterói, essas influências também são levadas em consideração. O trânsito em uma determinada via acontece porque essa via, seja ela uma rua, avenida ou ponte, é um bem econômico. Um bem é econômico quando ele é escasso, ou seja, para que uma pessoa use o bem, o uso por outras pessoas se torna precarizado, ou, em último caso, inviabilizado.

Quanto mais pessoas usam o bem econômico “via de trânsito”, mais precarizado é o seu uso por outras pessoas, até que chega o momento em que ninguém usa direito, também conhecido como engarrafamento ou engavetamento. Existe engarrafamento porque mais pessoas usam a via do que ela pode efetivamente suportar em um determinado momento. Para que haja uma maior racionalidade no uso de um bem escasso, a economia cria incentivos na aplicação de um preço.

Um preço pode incentivar ou não o uso de um bem dependendo da quantia exigida. Um preço inexistente (produto gratuito) estimula o sobreconsumo desse bem, normalmente de maneira insustentável, com seu uso tendendo ao infinito. Já um preço excepcionalmente caro desestimula gravemente o seu uso. Um preço infinitamente caro tende a desestimular absolutamente o seu uso (completo desuso do bem). Mas o preço não precisa ser aplicado em seus extremos, podendo servir para regular o uso racional de um produto.

Se a Ponte Rio-Niterói está sofrendo com trânsito excessivo em determinados horários, o aumento do valor nesse período estimulará os usuários a consumirem o uso da Ponte em outros horários mais baratos. A diminuição do valor em horários sem grande fluxo cria o mesmo efeito. Nesse caso, os usuários que não estão utilizando a via de maneira essencial passarão a usar outros horários, aumentando o conforto de uso para as pessoas que realmente precisam usar a Ponte no horário de rush.

Em última análise, até mesmo outros tipos de meios de transporte acabam sendo estimulados, como os veículos coletivos e as barcas, especialmente se o aumento do pedágio não se aplicar aos coletivos, além do futuro metrô da linha 4. Essa ideia aumentará a qualidade de vida da população e ainda poderá gerar economia para o usuário que conseguir programar melhor sua viagem.

*Bernardo Santoro é Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ).



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena