E agora, Brasil? Como as empresas podem chegar “vivas” em 2018?
E agora, Brasil? Como as empresas podem chegar “vivas” em 2018?
O ano de 2016 já pode ser considerado perdido para as empresas no Brasil.
A meta agora é sobreviver em 2017 e chegar “vivo” em 2018. Desde 2014 estava evidente que o País mergulhava em uma séria crise econômica motivada por três grandes pilares: o crescimento da inflação; a retração da economia repercutindo em queda no PIB, e a elevação dos custos das tarifas públicas, notadamente energia elétrica e combustíveis, que ainda impactou na elevação das taxas de juros e, consequente, pressão sobre o custo financeiro do capital de giro necessário para as empresas "girarem" o seu dia-a-dia.
O posicionamento adotado para 2016 e 2017 foi de austeridade total na gestão dos custos, redução da previsão das vendas e um repensar sobre todos os processos adotados pelas organizações. Ficou evidente a tendência que, para sobreviver, seria necessário vender para mais clientes -ainda que com volume per capita menor- para conseguir manter ou evitar queda grave no faturamento.
Também ficou imperativa a revisão dos relacionamentos com os clientes. Antes, um cliente construía uma relação duradoura. Hoje, as empresas não podem tentar manter esses relacionamentos baseados em cenários de estabilidade e consumo em um ambiente fortemente influenciado pela instabilidade.
Diante do impeachment, observa-se que no curto prazo não há tendência de considerável alteração no cenário econômico no curto prazo. Nos próximos 30 dias, o potencial novo governo tende a gerar instabilidade junto ao mercado por conta da construção de um novo governo que não se sabe por quanto tempo estará no comando do País.
Não se pode descartar fatores como o potencial retorno do Governo Dilma dentro de 180 dias, o que acarretaria em nova composição governamental, novas políticas econômicas etc.
Frente à essa realidade, algumas dicas básicas podem auxiliar as empresas para concluírem 2016 e 2017. São:
1. Foque sua atuação em sobrevivência. 2016 é um ano que não terminará em comemoração por uma retomada milagrosa do crescimento econômico;
2. Foque na avaliação dos executivos que estão na gestão da empresa. Neste momento é preciso pessoas sensatas e flexíveis para conduzir o barco em mar turbulento;
3. Torne a análise estratégica o principal foco de suas reuniões. A instabilidade exige sensibilidade em relação às mudanças e perder o foco com questões operacionais menores pode significar fuga da real responsabilidade;
4. Pense no médio e longo prazo: empresários, profissionais e consumidores vivem de expectativas positivas. Essa é a função da gestão da empresa e esse foco somente é encontrado com uma visão mais ampla sobre o potencial de consumo do Brasil;
5. Revise sua política de concessão de crédito. Clientes tradicionalmente adimplentes poderão ser envolvidos pela elevação da inadimplência no mercado. A combinação de "custo de vida em elevação" com "elevação do desemprego" gera um elemento corrosivo da tranquilidade na concessão do crédito. Setores ligados a bens de consumo durável são os mais suscetíveis a sofrer neste momento.
6. Olhe para o ticket médio mais baixo. Compras menores serão a tônica nos próximos dois anos e isso implica que as empresas deverão conquistar mais clientes se quiserem manter o mesmo faturamento.
* Luciano Salamacha é Doutor em Administração, Mestre em Engenharia de Produção, com MBA em Gestão Empresarial e Pós-Graduação em Gestão Industrial.