Lula no país das delações premiadas
Lula no país das delações premiadas
O ex-presidente Lula hoje responde a cinco processos na Justiça Federal de Curitiba e Brasília.
Na história infantil nonsense, Alice no País das Maravilhas, Alice, ao correr atrás de um coelho, escorrega em sua toca e cai em um jardim maravilhoso, vivendo várias experiências impossíveis e inusitadas, até ser acordada de seu sonho.
O ex-presidente Lula, o maior expoente do Partido dos Trabalhadores, que anteriormente gozava de uma reputação quase irretocável, vivia uma vida de luxo, locomovendo de uma cidade para outra somente de jatinhos particulares, degustando vinhos caríssimos, fazendo palestras ao preço cobrado pelos ex-presidentes da maior potência mundial – EUA – hoje responde a cinco processos na Justiça Federal de Curitiba e Brasília, acusado por Obstrução à Justiça, Corrupção Passiva, Lavagem de Dinheiro, Tráfico de Influência e Organização Criminosa.
Como todas as condutas delitivas, apontadas pelo Ministério Público em suas denúncias, são de difícil apuração, devido ao fato dos demais envolvidos também responderem pelos mesmos crimes, o ex-Presidente vinha afirmando sua inocência.
Lula dizia que não tinha que fazer prova de sua inocência e que cabe aos Procuradores provarem as acusações contra ele imputadas, no que lhe assiste razão. Não precisa ser do meio jurídico para conhecer o jargão popular “quem acusa, tem que provar”.
O ex-presidente como bom orador que é, repetia aos quatro cantos do país, por onde discursava ou dava entrevistas: “Desafio qualquer empresário a dizer que Lula pediu R$10”; “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu.
Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”; “Nem Moro, nem Dellagnol, nem o delegado da Polícia Federal tem a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida pública”.
As frases de efeito do ex-presidente Lula, propicia um discurso de candidato e talvez, com a certeza, que seus antigos amigos empreiteiros não forneceriam provas robustas contra ele, certo que, se o fizessem, estariam se alto denunciando pelas práticas dos mesmos tipos penais, não convencem mais.
Certamente Lula não contava que os demais réus da Operação Lava Jato fechariam acordos de colaborações premiadas, nos quais ao se predisporem a colaborar com a justiça, recebem em troca um benefício, a exemplo da redução da pena, comprometendo-se a falar e apresentar provas no intuito de elucidar os crimes praticados.
Assim se deu com Marcelo, Emilio Odebrecht, seus executivos, Leo Pinheiro (presidente da OAS) entre outros, todos ligados ao ex-presidente. O depoimento dos colaboradores, publicados na imprensa, são altamente comprometedores, demonstrando que o ex-presidente, ao contrário dos seus discursos de arrosto de honestidade, recebera várias vantagens indevidas, frutos de corrupção.
O ex-presidente, em uma paráfrase às avessas da história infantil citada no início do artigo, escorregou na certeza de sua impunidade e caiu em um novo ordenamento jurídico, sua história poderá ser intitulada, Lula – No País Das Delações Premiadas.
* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).