Um ano novo com muito crédito
Um ano novo com muito crédito
Menos inadimplência, mais crédito!
Considerando que o crédito é um dos mais importantes motores das economias desenvolvidas, é animador constatar que, em novembro último, segundo os dados oficiais mais atualizados do Banco Central, a taxa de inadimplência das operações de empréstimos do sistema financeiro nacional, considerados atrasos superiores a 90 dias, atingiu 3,6% da carteira, mantendo-se praticamente estável, posicionando-se em 3,8% no âmbito das famílias e 3,3% no tocante às empresas.
Embora a inadimplência ainda esteja alta, refletindo os efeitos da crise, a estabilidade da taxa sinaliza um movimento de redução ao longo de 2018. Essa tendência é coerente com a realidade que vimos constatando no dia a dia de nossa atividade profissional referente à recuperação de crédito.
Temos observado, notadamente a partir do segundo semestre de 2017, uma preocupação mais acentuada dos devedores, pessoas físicas e jurídicas, no sentido de pagar suas dívidas. Nesse contexto, sintoma positivo, considerando a importância dos dois setores para a economia nacional, é a crescente disposição das empresas de agronegócio e serviços em solucionar seus débitos.
Outro dado recente do Banco Central, constante de pesquisa com profissionais do mercado, indica que o volume de crédito com recursos livres deverá crescer 5,4% em 2018, ante queda de 0,7% em 2017. A previsão inclui as famílias e as pequenas e médias empresas.
Menos inadimplência, mais crédito! Esta é uma equação que deverá ser fundamental no ano novo para a consolidação da tendência de retomada do crescimento do PIB, somando-se a outros fatores positivos, como a queda dos juros, a baixa inflação e a injeção de recursos na economia advindos dos acordos sobre a remuneração da Caderneta Poupança nos pacotes econômicos dos anos 80 e 90.
A reforma trabalhista é outro item que contribui para revitalizar a economia. Seria melhor ainda se, em 2018, fosse concretizada a reforma tributária, reduzindo os ônus dos elevados impostos, cujo impacto é grande no “custo Brasil”. Levando-se em conta todas essas sinalizações positivas, é fácil entender por que o Boletim Focus do Banco Central, em sua última edição até a data em que escrevi este artigo, indicava expectativa do mercado de que o PIB crescerá 2,6% em 2018, superando a previsão anterior, de 2,2%.
Trata-se de uma expansão ainda tímida para o Brasil, que precisa de incremento anual em torno de 4% para ascender, em médio prazo, à condição de país de alta renda, deixando o patamar mediano no qual temos patinado há muitos anos. Todos os números evidenciam que a recuperação nacional, embora em ritmo moderado, mostra-se consistente.
É notável a resiliência e reação dos brasileiros à maior recessão de nossa história e à grave crise política atrelada ao impeachment da presidente da República e aos casos de corrupção que seguem sendo apurados e punidos.
As instituições democráticas, que se mantêm firmes e nos têm ajudado a superar todas essas adversidades, nos oferecerão neste ano novo, nas eleições de outubro, mais uma grande oportunidade de melhorar o Brasil. Vamos mostrar ao mundo que, na economia e na política, somos um povo que merece crédito!
* Dr. Luiz Felipe Perrone dos Reis é sócio-diretor do escritório Paulo Reis Advogados Associados, que possui matriz em Bebedouro (SP) e escritórios em São Paulo (SP), Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) e Frutal (MG).