Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Reforma da Previdência ou Show do Bilhão?

Reforma da Previdência ou Show do Bilhão?

05/02/2018 João Badari

Fala-se em mais de R$ 3 bilhões em benefícios para partidos e parlamentares que aceitarem votar a favor da reforma.

 A ofensiva do presidente Michel Temer pela aprovação a qualquer preço da reforma da Previdência está virando um verdadeiro show dos horrores e invadiu a TV brasileira nestes primeiros dias do ano. Temer está fazendo uma rodada de participações em programas populares e de grande audiência como Silvio Santos, Ratinho, Amaury Jr., entre outros. E a principal mensagem continua sendo o mentiroso mantra do combate aos privilégios na Previdência Social no Brasil.

A reforma provavelmente será votada em fevereiro na Câmara dos Deputados. E a equipe do Governo Federal sabe que não tem a quantidade de votos necessária para aprovar o texto atual da reforma. E, assim como faz o apresentador e proprietário do SBT, Silvio Santos, Temer poderá começar um verdadeiro “Show do Bilhão” em troca de apoio político.

Fala-se em mais de R$ 3 bilhões em benefícios para partidos e parlamentares que aceitarem votar a favor da reforma. Um verdadeiro absurdo, mediante aos diversos problemas que o país atravessa, seja na própria previdência, na saúde, ou mesmo nas questões morais e de ética.

E além de defender as falsas bandeiras do déficit e do combate aos privilégios, o presidente disse nos últimos dias que o texto da reforma pode sofrer novas alterações. A versão atual tem a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres para dar entrada na aposentadoria, além de o tempo mínimo de contribuição de 15 anos. Entretanto, para quem pretende ter direito ao valor de benefício integral, o tempo mínimo de contribuição é de 40 anos.

Entre as possíveis alterações ventiladas no texto da reforma está a inadmissível possibilidade da idade mínima do Benefício de Prestação Continua (BPC-LOAS) subir de 65 anos para 68 anos. O benefício, no valor de um salário mínimo (R$ 954) é pago a idosos e pessoas com deficiência cuja renda familiar por pessoa seja inferior a R$ 238,50. Ou seja, quer estender o sofrimento de pessoas miseráveis.

E o pior é que a justificativa para aumentar a idade para acesso ao benefício é o desestímulo à contribuição ao INSS. Ou seja, além de ser mais uma ação que corrobora a mentira do combate aos privilégios, já que afeta aos cidadãos em situação de miserabilidade, o governo ainda beira a insanidade ao exigir que pessoas desempregadas, doentes e em situações degradantes passem a contribuir aos cofres públicos.

Outro número noticiado recentemente que chamou atenção é que um beneficiário militar federal custa 16 vezes mais do que um segurado do INSS aos cofres da Previdência no Brasil. O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, contra R$ 6,25 mil no INSS. Os dados foram calculados com base no número de beneficiários de 2016, já que não há dados mais recentes.

Ou seja, se o texto atual da reforma não compreende os militares e nem os políticos, que possuem pensões e benefícios de valores altos, qual tipo de privilégio está falando o presidente Temer ao defender a reforma nos programas de TV?

Certamente não estão falando dos trabalhadores e “colegas de trabalho", como gosta de chamar suas telespectadoras, o bilionário Silvio Santos. E nem da maioria dos servidores públicos, que terão suas regras equiparadas aos segurados do INSS.

Os verdadeiros privilegiados sequer estão sendo citados ou discutidos pela equipe econômica do presidente na reforma. E também não adianta as mensagens de terror que não teremos dinheiro para pagar os aposentados, que seremos uma nova Grécia. São países diferentes, como situações diferentes, economias diferentes. Não dá para se comparar.

Portanto, queremos que o governo diga quais serão os privilégios combatidos pela reforma? Queremos saber se os principais devedores da Previdência no Brasil, alguns deles grandes empresários que estão pressionando os parlamentares pelos corredores de Brasília, vão sanar suas dívidas? E, queremos um debater maior com a sociedade para transformamos esse circo que virou a reforma e um projeto sério e que tenha olhos para a realidade do trabalhado brasileiro.

*João Badari é advogado especialista em Direito Previdenciário e sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena