Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Triste realidade do comércio exterior

Triste realidade do comércio exterior

05/07/2018 Shotoku Yamamoto

A balança comercial é uma parte importante do comércio exterior.

O Brasil, ao longo do tempo, tem apresentado sucessivos saldos positivos nesta balança. Entretanto, o indicador mais importante no comércio exterior é o saldo da conta transações correntes com o resto do mundo, do qual pouco se fala, que além da balança comercial, adiciona-se o saldo das balanças de serviços, rendas primárias e transferências unilaterais.

Na balança de serviços, os valores mais significativos são relativos a transportes e viagens internacionais, seguros, serviços de propriedade intelectual (royalties) alugueres de equipamentos e serviços de telecomunicação, computação e informações. Nesta balança o Brasil apresentou um déficit de USD 33,8 bilhões em 2017.

Na conta renda primária, contabiliza-se os lucros e dividendos, juros de operações intercompanhias, juros de títulos negociados nos mercados externo e doméstico e renda das aplicações das nossas reservas. Nesta conta o Brasil apresentou, no mesmo período, um déficit de USD 42,6 bilhões.

A conta de transferências unilaterais refere-se a valores que brasileiros residentes no exterior e estrangeiros residentes no Brasil enviam para os respectivos países. Neste quesito o saldo foi positivo em USD 2,6 bilhões no ano passado.

Portanto, apesar do maior superávit da balança comercial da história de USD 67,0 bilhões, o saldo de transações correntes com o resto do mundo foi deficitário no ano passado. O planeta divide-se em dois grupos: de um lado, os países superavitários no saldo de transações correntes e, de outro, os deficitários.

Desnecessário dizer que a soma dos saldos de transações correntes de todos os países do planeta totaliza zero. O Brasil, infelizmente, por falta de uma política industrial e visão de futuro, esteve sempre no segundo grupo, acumulando um saldo negativo em transações correntes com o resto do mundo no valor de USD 615,5 bilhões no período 1992 a 2017.

Evidentemente, para fechar o balanço de pagamentos, o Brasil precisou e continua precisando de investimentos estrangeiros, tanto é que, em setembro de 2017, os investimentos internacionais em carteira somavam USD 327,3 bilhões em ações e USD 228,8 bilhões em títulos da dívida pública brasileira.

Estes números mostram a vulnerabilidade da economia brasileira porque as reservas brasileiras não são próprias e estão sujeitas a fugas. Neste período, apenas na primeira gestão do governo Lula, por conta do grande aumento nos preços das commodities, puxados pela grande demanda chinesa e câmbio favorável, a economia brasileira apresentou um superávit na balança comercial que superou o déficit da balança de serviços e rendas em USD 43,2 bilhões.

Estes indicadores são mais do que suficientes para mudar a política de comércio exterior. Já é passado a hora de mudar os rumos do país, é preciso implementar uma política industrial e uma política cambial que permita, a longo prazo, deixar o bloco dos países deficitários no saldo de transações correntes e, portanto, deixar de ser devedor do mundo.

Parafraseando Rui Barbosa, “De tanto ver triunfar a nulidade”, vou me permitir apresentar algumas sugestões para mudar esta triste realidade do nosso comércio exterior, mais para provocar um debate, principalmente por achar que se trata de um momento oportuno, eleições de 2018:

1 – Eliminar totalmente os impostos sobre produtos de exportação. Na filosofia da tributação, contribuintes e beneficiários dos impostos devem ser, necessariamente, cidadãos do mesmo país; não se justifica o pagamento de impostos ao governo brasileiro, por cidadãos residentes no exterior porque não se beneficiarão deste pagamento;

2 – Adotar uma política de câmbio administrado, visando, de imediato, saldo positivo na balança comercial que seja, no mínimo, igual ao déficit das balanças de serviços e de rendas mais as transferências unilaterais e, a longo prazo, maior do que este último, de modo a criar reservas internacionais próprias;

3 – Utilizar parte das reservas para pagar as dívidas externas do setor privado, transformando-as em dívidas em moeda local, eliminando o risco cambial das empresas devedoras em moedas estrangeiras. Esta medida diminuiria a oferta de moedas estrangeiras, fato que depreciaria a moeda brasileira, contribuindo para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e, portanto, as exportações;

4 – Eliminar todos os impostos sobre importações de máquinas, equipamentos e insumos industriais, cujas fabricações inexistem no Brasil, para aumentar a produtividade e o estoque de capital por trabalhador;

5 – Incentivar a substituição das importações e aumentar o valor agregado dos bens manufaturados no país. Para tanto, as universidades, principalmente a públicas, precisam ouvir o que disse Marcelo Viana do IMPA – Instituto de Matemática Pura e Aplicada: “No Brasil, diferentemente da Europa e Estados Unidos, existe um abismo legal e ideológico que separa universidades das empresas com prejuízo para ambas, porque não se falam”.

Para finalizar, quero deixar uma pergunta: Até quando vamos continuar pertencendo ao grupo dos países devedores do mundo, apesar do volume e da qualidade dos recursos naturais que o Brasil dispõe.

* Shotoku Yamamoto é diretor da Sky Corte Laser e diretor conselheiro da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas.

Fonte: Vervi Assessoria



O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto