Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Violência e política

Violência e política

17/09/2018 Daniel Medeiros

Nada é mais perigoso para a política do que seu envolvimento com a violência.

Violência e política

“O poder corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em comum acordo. Este jamais é propriedade de um indivíduo, pertence a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. Quando dizemos que alguém está ´no poder` estamos na realidade nos referindo ao fato de encontrar-se esta pessoa investida de poder, por certo número de pessoas, para atuar em seu nome. No momento em que o grupo - de onde se originara o poder - desaparece, desaparece também o seu poder” (Hannah Arendt).

A violência é o outro extremo da política. Onde há violência, no seu estado bruto, avassalador, há silêncio - e onde há silêncio, não há política. Aristóteles define o ser humano como um “animal político” e como “um ser dotado de linguagem”.

Isto é: usamos nossa condição de humanos para exercer nossa liberdade pública, por meio da nossa fala e das nossas ações. A violência é o campo da imposição e da opressão; a política, o campo do convencimento e do consenso. Para uma, as armas são a intimidação, o terror; para outra, a palavra e os bons argumentos.

A vitória da violência é o silêncio do outro; a vitória da política é a isegoria, o direito de todos falarem. Nada é mais perigoso para a política do que seu envolvimento com a violência. Isso porque a violência é um recurso que não encontra reação fora dela mesma - daí o risco altíssimo de seu uso gerar uma espiral de “respostas" tão ou mais violentas que o seu início. A violência nunca é um fim em si mesma. É instrumental, serve a propósitos que estão além dela. A violência não é a essência de nada.

O problema reside aí: quando enxergamos na violência a forma mais adequada para alcançar algo, mas não conseguimos delinear com clareza esse algo e, principalmente, o tempo para alcançar esse objetivo, a violência acaba tornado-se a única coisa concreta do projeto político.

A violência paralisa e, por isso, limita a ação. A democracia é a prática da ação que contrapõe ideias e projetos e, por meio do debate, da fala, constroem-se os consensos. Os consensos são sempre provisórios, pois que a liberdade que é inerente ao espaço público democrático - a polis - renova sempre a oportunidade de mudanças desses mesmos consensos.

Aos que não se juntam à maioria, resta sempre a oportunidade de reverter suas derrotas e construir novos projetos. Essa é a ideia que os gregos nos legaram, essa invenção maravilhosa.

No entanto, à espreita, há a violência que quer calar, que quer imobilizar, que quer apagar as diferenças, que quer impedir o debate, que quer sufocar a novidade das expressões de vida no mundo, que quer uniformizar os comportamentos, essa violência é anti-democrática por excelência. E ela precisa ser combatida pela palavra, pela ação - e nunca pela própria violência.

Se a violência tivesse consciência, como um maléfico monstro mítico, riria de nossas raivas e de nossas reações brutas. O antídoto para esse monstro é a voz, a palavra, os projetos coletivos, o respeito pelo consenso, o repúdio por toda forma de discriminação e silenciamento

A palavra “democracia" tem efeito paralisante sobre o monstro desumanizador. É possível vencê-lo. Mas, para isso, é preciso valermo-nos da coragem da calma e da prudência. Em um ambiente de paz, é fácil identificar o inimigo: ele é exatamente aquele que quer acabar com o ambiente de paz.

* Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica pela UFPR, consultor de conteúdos na área das Humanidades e professor no Curso Positivo.

Fonte: Central Press



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena