Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Entre a Pressa e a Preguiça

Entre a Pressa e a Preguiça

09/11/2019 Acedriana Vicente Vogel

Quem já passou dos quarenta anos e viveu em algum canto do Brasil, experimentou, certamente, exercícios sistemáticos de paciência.

Paciência para enviar uma carta e ter de aguardar uns quinze dias a resposta; para esperar aquecer o tubo de imagem da televisão, em seguida ajustar com cuidado as linhas verticais e horizontais e, ainda, para arrumar a esponja de aço que ficava na ponta da antena...

Paciência para tolerar os chiados do som ‘mono’, sonhando com o ‘stereo’ dos aparelhos 3 em 1; para virar o lado dos discos de vinil a fim de ouvir todas as faixas, limpando, a cada pouco, a agulha da vitrola ou, de forma artesanal, para desenrolar a fita cassete que se enroscava e comprometia, quase que irremediavelmente, aquela música preferida.

Isso não bastando, era necessário aguardar a utilização das 12; 24 ou 36 poses do filme da máquina fotográfica, enviar para a revelação e torcer para que as fotos ficassem boas.

Para muitos, esse relato trata de um tempo longínquo, tão distante que parece de outro mundo. Para outros, apenas a oportunidade de ser testemunha ocular da história.

É fato, no entanto, que, entre o saudosismo de uns e o espanto de outros, não é difícil perceber que as facilidades e a velocidade da modernidade acabaram por privar os jovens de oportunidades para exercitar a paciência.

A vida é uma relação com o tempo e, para ser plena, necessariamente, deve ser repleta de planos, sonhos e esperas. A fuga do tempo, na atual lógica do instantâneo, precipita o fim; um fim difícil de decifrar por conta da sua natureza provisória.

É similar ao que se faz ao envolver um abacate em um pano ou jornal: acelera-se o amadurecimento, mas compromete-se o sabor da fruta.

É evidente, nas novas gerações, a relação de tortura com os ponteiros do relógio, nos remetendo a pensar que, como adultos responsáveis, nossa tarefa também seja a de ajudar esses jovens a reverem a importância do respeito ao tempo na construção do sentido da vida: a importância de ser paciente.

Paciência que nada tem a ver com passividade, mas com a qualidade do que se aprende e se realiza durante a espera, sem perder de vista o horizonte móvel que direciona o nosso deslocamento.

Quando se analisa a vida de pessoas que realizaram grandes feitos, em diversos campos, se tornam evidentes virtudes comuns como paciência, perseverança e persistência - ou seja, nem pressa, nem preguiça.

Sobre isso, já nos alertava Paulo Freire: “ninguém chega lá, saindo de lá”, defendendo, nesse sentido, a importância do desenvolvimento da paciência histórica.

Não há mágica para as conquistas humanas; se algo precisa ser aprendido, é necessário que alguém se disponha a ensinar e, nesses tempos, mais ainda, a dar o testemunho, visto que não há como ensinar algo que antes não se tenha aprendido.

Essa dinâmica tacocrácica, cuja raiz tem origem no termo grego tákhos (rápido), que Bauman intitula de “modernidade líquida”, ressalta, entre outras características, o perigo do consumo descartável, como forma de preencher os vazios daqueles que andam, somente porque têm pernas.

Pessoas assim desenvolvem baixa resistência a frustração e pouca vitalidade para o enfrentamento da realidade.

Se for verdade a crença de que a qualidade da escola tem relação direta com a qualidade das pessoas dela egressas, não há como questionar o fato de que no ‘patchwork curricular’, o desenvolvimento de habilidades e competências são retalhos soltos a serem entretecidos, por meio de fios virtuosos, entre os quais se destacam a paciência, a perseverança e a persistência, a fim de dar firmeza e consistência à obra artesanal de cada vida inserida no trabalho educativo escolar.

* Acedriana Vicente Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.

Fonte: Central Press



O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto