Empatia e respeito em tempos difíceis
Empatia e respeito em tempos difíceis
Como podemos proteger quem amamos ou ter empatia quando acreditamos estar acima de recomendações estipuladas pelas organizações de saúde?
Algumas indagações poderiam nos ajudar a compreender sobre a importância de protegermos quem amamos e aqueles a quem não conhecemos, mas que são amados também por seus familiares e conhecidos.
Recentemente na cidade de São Paulo, um rapaz foi abordado pelo segurança da estação de metrô por não usar a máscara facial, exigida por lei.
De forma rude, a pessoa alegou ser militar, concursado e estudante de Direito, como se tais fatores, por si só, fossem escudos protetores contra o novo Coronavírus.
O lado triste desse é fato que ele não é a única pessoa que não se preocupa, e até mesmo nega, em usar a proteção, mesmo diante de todos os números expressivos de doentes e mortos no país.
Mas por que algumas pessoas ainda negam a preocupação com a doença e se recusam em usar a proteção? Vale ressaltar que há algumas questões para serem avaliadas.
Primeiro, temos dados conflitantes e brigas políticas que atrapalham e confundem, o que ajuda a gerar fake news e a falta de confiança nos noticiários por parte de alguns.
Segundo ponto, lidar com sentimentos como medo, morte, dor e superação não são fáceis e, na maioria das vezes, escolhe-se fugir da realidade.
Por exemplo, quando não se tem contato com a dor, adquire-se mecanismos de fuga. Então, é mais fácil acreditar que tudo se trata de um exagero, o que leva à crença da não necessidade do uso de máscara.
Infelizmente, essas pessoas só caem em si quando o problema, no caso, a doença, afeta um familiar próximo ou amigo.
Outro fator negativo envolvendo esse caso é quando o militar desrespeita o profissional do metrô, responsável justamente pela segurança de todos ali presentes, até daquele que o tratou de modo rude.
O grande problema é que no mundo de hoje há a necessidade de mostrar que se “tem” poder, para poder mostrar ao outro o quanto você tem "sucesso".
O “mandar e não ser mandado” colabora para uma guerra silenciosa que oprime o "mais fraco", fazendo com que o ego da pessoa se sinta forte e realizado.
O poder está intimamente ligado ao respeito, onde não só cabe espaço para ser líder ou liderado, como se fosse uma desonra ser liderado, ou obedecer a uma ordem.
Mas qual é o “remédio” ou “vacina” para curar as futuras gerações contra a ignorância? Primeiro de tudo, envolve entender que cada vida humana é importante. Trata-se do início de mudanças mais significativas.
A sociedade precisa dialogar mais, mostrar que o outro semelhante tem de igual modo importância. Também temos de ver por meio de dados jornalísticos e científicos a necessidade do uso da máscara para preservar a vida de nossas famílias.
Devemos ainda entender que somos responsáveis por nossas atitudes, mas, na atual situação, temos que pensar para além dos fatos, levando em conta um pensamento mais abrangente.
É necessário ainda compreender que nossas ações podem causar reações em larga escala, com complicações sérias que podem acabar com a vida de outros.
* Daniela Generoso é psicóloga clínica e pós-graduada em Neuropsicologia.
Fonte: Agência Drumond