Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O normal dos anormais

O normal dos anormais

24/07/2020 Julio Gavinho

A palavra comum é a corrupta do sentido “como um”. Sua origem monta os princípios da sociologia e busca dar sentido aos fenômenos sociais que atingem a todos, “como um”.

Vamos dando botinadas, cabeçadas nos portais e caneladas em tudo que não vemos - até que um outro se comporte “como um” e mais alguém se comporte “como um”.

Quando uma massa de “como um” se forma, é porque o comportamento da maioria orientará a todos, deixando então de ser “comum” e passa a ser reconhecido como “normal” - aquilo ou aquele que segue a norma.

Apenas déspotas ou ditaduras corruptas promovem o “normal” em detrimento ao comum. Norma que se evade do senso comum só funciona “sob vara”.

Eu estive por duas vezes na Tailândia e, em ambas, tive a oportunidade de treinar no camp com Khaosai Galaxy - peso pena com 41 vitórias por KO na sua carreira. Ele deve ter uns 1,60m e pesar algo ao redor de 55kg.

É quase imbatível para todas as categorias mas para um adversário peso pesado, não tem “quase” não... é impossível acertá-lo dentro das regras tailandesas.

Uma vez durante os ensinamentos depois do treino, ele nos contou a fábula da iluminação de Bangcoc.

Ele nos contou que o rei Rama I, olhando para porção mais pobre de sua cidade do outro lado do Rio, separou uns bons cobres e determinou a iluminação noturna da cidade. Seu ministro então recolheu o cascalho do rei e guardou.

Ato contínuo, determinou ao seu chefe de polícia que obrigasse, sob pena de morte, a todos os moradores de ambas as margens do rio, a iluminar suas casas com lampiões fortes o suficiente para iluminar suas casas e calçadas.

No dia seguinte, o rei Rama I, antes de cair nos braços de Morfeu, foi até a varanda do seu novo palácio e contemplou seu nome, a ser escrito com luz na história.

O seu ministro então… ficou duplamente feliz: por ter cumprido com folga as ordens de seu rei tanto quanto engordou e muito suas finanças pessoais com sua parte do butim.

Não houve nem “eu” nem “você” nem o “como um”. Não houve o que fazemos em comum nem nada que justificasse o estabelecimento de uma nova “norma”.

Simples assim, como costuma dizer o meu brilhante amigo, Arquiteto Eduardo Manzano: acende ou morre. O normal em Bangcoc já em 1700 e bolinho era de cumprir a ordem.

Eventualmente, esta ordem minguou e o rei “quem-quer-que-seja” passou a iluminar a cidade. Normal? Novo normal? Faltou povo nessa história absurda… lembra alguma coisa? Tipo, “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”?

Notem que o primeiro conjunto de leis e regulamentos sociais que reconhecemos como normal, tem seis mil anos.

O Código de Hamurabi, cuja a origem se reputa ao grande Rei Hamurabi, foi um exercício de compilação de conhecimento comum.

Ao Rei coube apenas compilar e observar o que já era praticado “como um” e daí colocar sua assinatura e transformar em “norma”.

A partir da iluminação de Bangcoc e a partir de inúmeros exemplos de atos de governo, fica convencionado entre os historiadores que “a norma é consequência natural do senso comum e de sua observação.”

O que temos então para o jantar de hoje?

“A consciência cívica da classe média co-existe com o “medo da vara” que atinge as classes mais baixas.”

Dá uma folhada aí no filósofo Austríaco Hans Kelsen (que na verdade nasceu em Praga) ou no francês Emile Durkheim e tudo ficará mais claro, além de divertido!

Achar que o mundo mudará, igual roteiro de “Guerra dos Mundos” é tomar partido político contra a nação, qual seja, contra si próprio.

Precisamos antes de mais nada, observar se agimos “como um”, se temos um senso que privilegia a sociedade e que podemos chamar de comum.

Um novo normal, quando não há concordância sobre o que é ou não aceito pelo bem comum, está fadado a virar o “quase normal” ou mesmo, um “anormal”.

Há um ditado em comunicação que diz que a “verdade é a primeira vítima da guerra.” Aqui, nos jatos de tinta da minha impressora, parece-me que emergencialmente um certo Estado quer impor a uma certa Nação, seus fios de marionete.

Óquei, entendi. Emergencialmente, temporariamente. Mas, se temos governos nas 3 esferas que não são assim tão confiáveis; se temos órgãos de imprensa que são simbioticamente alimentados pelo governo e deste governo tiram seu sustento; se temos oposição que (…) não quero nem pensar e finalmente; se temos um judiciário que jamais! jamais! teve legitimidade para nos representar como nação, eu devo admitir que estamos meio perdidos mesmo…

Ordens, contra-ordens, desobediência civil e a falsa independência dos poderes operam seus milagres para que a sociedade exista a sombra da democracia. Porque? Sei lá. Eu deixo a resposta com vocês.

Mas normal e/ou anormal, precisam de um pouco de participação da sociedade. Algo ali, tipo 99%.

* Julio Gavinho é executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência, sócio e Diretor da MTD Hospitality.

Fonte: Vervi Assessoria



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena