Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Lidar com a saúde mental ainda é um tabu para as lideranças

Lidar com a saúde mental ainda é um tabu para as lideranças

13/08/2021 Ana Carolina Conduta Losco

A pandemia alavancou um alerta maior às empresas sobre a saúde mental e o bem-estar, não só no Brasil, mas em diferentes países.

O mundo todo está sofrendo esse impacto e, doenças como depressão, ansiedade e outros transtornos são preocupações crescentes, também para as empresas.

Como líder da área de Benefícios de uma empresa global, tenho observado o comportamento das corporações nesse sentido e como estão lidando com esse tema tão importante.

Depressão e ansiedade são assuntos sérios. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o País mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo.

A ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de 1/3 do número total de incapacidade nas Américas.

Mesmo com dados tão alarmantes, muitas pessoas não procuram ajuda ou não encontram assistência médica adequada.

Uma das reflexões que considero essenciais para esse tema é estrutural, ou seja, lidar com a saúde mental ainda é um tabu para as lideranças, começando pela presidência e pela diretoria das empresas e chegando aos gestores e líderes.

A cultura, o ambiente, a exigência de alta performance constante e regular, e o foco incessante nos resultados - com a leitura de que eles só são conquistados com uma carga horária que extrapola os limites da normalidade - são fatores que influenciam diretamente na saúde física e mental dos colaboradores, tornando ineficazes quaisquer políticas de apoio psicológico ou outras iniciativas nesse sentido.

Vale lembrar que o indivíduo é um ser único e recebe toda a carga emocional do ambiente e das circunstâncias em que vive, como um verdadeiro bioma.

Portanto, um ambiente de trabalho tóxico aumenta a incidência de transtornos de saúde mental e diminui a produtividade.

Não é à toa que a procura por terapias, coachs, meditação e outras ferramentas que contribuam para um melhor entendimento do comportamento humano através da neurociência vêm aumentando.

A saúde mental se tornou o tema central na maioria das empresas, mas ainda é tratado apenas como consequência da pandemia por grande parte dos empregadores.

Será que as empresas estão realmente preparadas para mudar os perfis de gestores e alcançar a produtividade máxima dos colaboradores oferecendo um ambiente de trabalho sadio?

Outra área a ser observada é a cultura de trabalho: é preciso saber se ela também está contribuindo para os altos níveis de estresse e ansiedade.

As reuniões virtuais, consagradas pelo trabalho remoto, têm contribuído para diversos efeitos colaterais, como dores de cabeça ou nos olhos, sensação de esgotamento após as videochamadas e, em alguns casos, depressão e

Um estudo com mais de 10 mil pessoas, realizado por especialistas das universidades de Stanford, nos Estados Unidos, e de Gotemburgo, na Suécia, constatou que as mulheres são as que mais sofrem com essa superexposição: uma entre sete mulheres se declarou muito ou extremamente cansada após as reuniões virtuais, enquanto apenas um entre 20 homens se declarou afetado por essa fadiga física e emocional.

A chamada “fadiga do Zoom” tem gerado consequências nas dimensões física, social, emocional, visual e motivacional, em especial nas mulheres.

Nelas, a carga mental é ainda pior, já que precisam conciliar o trabalho com as tarefas domésticas, cuidados com a família e com o medo de contágio pelo coronavírus.

A prevenção e a intervenção precoce são fundamentais, mas reduzir o estigma também é importante quando se fala sobre saúde mental ou se pede ajuda.

É necessário desenvolver e incorporar uma estratégia de apoio à saúde mental robusta, que promova a abertura em torno desse tema e ofereça suporte para o ativo mais valioso que uma empresa possui: seus funcionários.

É preciso oferecer, diariamente, a oportunidade para os empregadores demonstrarem as medidas que estão tomando para garantir que esse tema esteja em alta nas agendas da diretoria e das lideranças, e como isso está inserido nos valores da empresa.

Muitas vezes, os empregadores têm programas de saúde mental em vigor, mas os funcionários não sabem para onde ir ou se sentem desconfortáveis ao perguntar. Então, focar na comunicação em torno do apoio à saúde mental é fundamental.

Criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam confortáveis e confiantes para adotar uma abordagem proativa e buscar apoio faz parte de uma cultura aberta. Garantir que as pessoas saibam como acessar a ajuda também é vital.

O foco tem sido fornecer treinamento contínuo para gerentes e alta gestão, o que é visto como essencial, pois permitirá que eles identifiquem sinais de pessoas passando por estresse, transtornos de saúde mental ou apenas precisando falar, e ofereçam intervenções precoces para que os problemas não aumentem.

Porém, precisa ser feito mais com relação ao treinamento de funcionários também. Incorporar o treinamento de gerentes, da alta gestão e dos funcionários às políticas da empresa não só aumentará a conscientização entre os funcionários, mas também permitirá que os colegas identifiquem os riscos, sinais e sintomas dentro de si mesmos, incentivando-os a adotar uma abordagem proativa e buscar uma intervenção precoce.

As opções para empregadores que procuram serviços para incluir em sua estratégia de bem-estar mental incluem a oferta de aconselhamento e primeiros socorros em saúde mental.

Os Programas de Benefícios devem contemplar o acesso ao atendimento psicológico de forma ampla, seja ele presencial ou virtual, estando ao alcance de todos.

Porém, é necessário considerar também as áreas que afetam a saúde mental e o bem-estar em geral, como a saúde financeira, a alimentação, o consumo de álcool e transtornos do sono, para desenvolver programas que lidem com essas questões específicas.

Agora é a chance dos empregadores definirem como oferecerão maior flexibilidade para harmonizar o trabalho e a vida pessoal de seus funcionários, para que possam continuar trabalhando em um modelo híbrido ou voltar ao presencial. Certamente, essas mudanças também trarão um impacto e o amparo da empresa será mais do que necessário.

Já percorremos um longo caminho, mas é preciso fazer mais para garantir que a saúde mental e o bem-estar se tornem parte da cultura do dia a dia da empresa. O primeiro passo é que os empregadores entendam melhor seu pessoal, a cultura e o ambiente de trabalho.

Obviamente que, quando se trata de cuidar da saúde mental dos funcionários, sempre haverá uma discussão em torno dos custos.

Mas, em vez de perguntar se os empregadores podem se dar ao luxo de implementar uma estratégia, a verdadeira questão deve ser: os empregadores podem se dar ao luxo de não fazê-lo?

A Organização Mundial da Saúde diz que, para cada US$ 1 investido em tratamento intensivo para transtornos mentais comuns, há um retorno de US$ 4 em melhoria da saúde e produtividade.

Portanto, a questão não é se a empresa pode investir na saúde e no bem-estar dos funcionários, mas o que acontecerá se não investir?

* Ana Carolina Conduta Losco é Vice-Presidente de Benefícios Howden Harmonia Corretora de Seguros.

Para mais informações sobre saúde mental clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Mix de Marketing



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena