Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A estrela na lapela

A estrela na lapela

05/10/2014 Lucas Berlanza Corrêa

Por esses dias esteve sob meus olhos a menção a um episódio que não poderia deixar passar, tamanho o seu caráter emblemático.

Era o começo da malfadada era petista em que ainda vivemos (ardentemente desejando que sejam seus estertores). Lula chegava ao posto máximo de governo no Brasil, iniciando, com alguma cautela, uma década de populismos repulsivos, escândalos, intervencionismo e irresponsabilidade.

Nada que não existisse antes na história tupiniquim, é sabido, mas tudo alçado a categorias extremadas e levando o país a uma situação-limite (em vias de; sim, ainda pode e deve ficar pior). O presidente Lula foi recebido pela primeira vez pelo presidente George Bush, eleito para a Casa Branca pelo Partido Republicano. O relato está no livro “18 dias”, do estudioso brasileiro de Relações Internacionais Matias Spektor. A direita americana e o governo empossado começavam a olhar com mais atenção para o Brasil e havia o receio da formação de um Eixo do Mal, congregando o PT, a Cuba de Castro e a Venezuela chavista.

Temia-se que as principais lideranças do Foro de São Paulo conduzissem a América Latina a um rumo desastroso de relativização da propriedade privada e da liberdade – um rumo antiamericano é claro. Independente de terem se deixado iludir depois pela aparente “moderação” petista, hoje, tendo a visão direta do processo, sabemos que a impressão não estava tão equivocada. Segundo os entrevistados de Spektor, Bush simpatizou com Lula, apesar das diferenças notórias entre seus partidos, e o entendimento inicial foi muito bom – ao contrário do que se deu mais à frente, mas isso é outra história.

O que nos interessa é um fato curioso que Spektor afirma ter acontecido na reunião da equipe diplomática da presidência dos EUA. Bush teria se virado para o assessor de assuntos latino-americanos, John Maisto, e indagado: “E aquela estrela vermelha? Você viu aquilo na lapela dele?” perguntou o presidente a Maisto. ‘É o emblema do partido’ respondeu o assessor. “Eu sei que é o emblema do partido!” exclamou Bush. “Mas agora ele é o presidente do Brasil, não do partido”.

A estrela vermelha na lapela é um detalhe muito pequeno? Podemos concordar em responder afirmativamente. Mas insignificante? Jamais. Pouco importa o que achemos de Bush, o questionamento que ele fez é provavelmente a mais perfeita síntese da confusão original de nossa esquerda mais canhota – mais especificamente a governista, a que se encampa sob a legenda do Partido dos Trabalhadores, mas isso se aplica também a todos os militantes de partidos nanicos que mantém fidelidade “farisaica” aos leninismos mais embolorados.

Eles não são capazes de distinguir seu partido, seu grupo, seu “coletivo”, da nação – ou melhor, da sociedade. Não compreendem a diversidade do povo, não a toleram, não concebem a discussão e a divergência de opiniões. A sociedade é o partido, a sociedade é a ideologia – e por esse símbolo de um sonho irrealizável, instrumentalizado pela corrupção e pelos interesses pessoais das lideranças, mas nutrido sinceramente pelos “idiotas úteis”, tudo vale. Mais por ele que bela bandeira nacional.

Vê-se isso, por exemplo, em muitas manifestações de rua que têm transcorrido desde o “fenômeno” de junho. Abundam bandeiras vermelhas e odes a Che. O pavilhão verde e amarelo, “símbolo augusto da paz” (como diz o belo hino em sua homenagem), se aparece, é muito timidamente, envergonhado pelas destrutivas companhias. Vê-se isso no Estado aparelhado nas diversas instâncias possíveis, quase que em simbiose com o partido – só não mais por não ter sido possível. Ainda.

Vê-se isso na divisão do país entre “nós” e “eles”, como hoje gosta de ressaltar a oposição – porque não é um verdadeiro “patriota” aquele que não comunga de suas ideias, aquele que não dissolve sua individualidade em meio à “manada” dos entusiastas.

Aquele é tão-somente um inimigo da nação. Na cultura de ódio e segregação que eles disseminam, em suas retóricas e exibições burlescas, o povo se encontra artificialmente dividido em facções, sendo muito fácil cair na tentação de patrulhar e silenciar quem não se encampa sob a bandeira do “Brasil do PT” ou do “Brasil sem pobreza”, do “Brasil da Copa das Copas”, quem se atreve ao ato de traição de criticar a velhacaria reinante.

Bush poderia ter visto apenas uma estrela na lapela. Viu mais, decerto sem saber; viu um símbolo profético de um futuro cujo peso sentimos agora. Mais do que tirar a estrela da lapela, hoje é preciso cortar o elo que a mescla criminosamente com o Estado e, principalmente, com o monopólio de toda a virtude.

* Lucas Berlanza Corrêa é Acadêmico de jornalismo e Especialista do Instituto Liberal.



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena