A incógnita chamada Airbus
A incógnita chamada Airbus
O mundo, comovido, lamenta mais uma tragédia aérea. E, infelizmente, mais uma vez, nós, brasileiros, somos diretamente envolvidos.
O avião não é nacional, mas partiu daqui e 58 de nossos compatriotas estão entre as 228 vítimas. Não faltou um cretino francês para colocar em dúvida a segurança do aeroporto brasileiro (e, em desatino, até atribuir a possibilidade de um atentado), assim como não faltam dúvidas quanto à manutenção e, para dizer a verdade, até a indispensável confiabilidade da fabricante francesa dos aviões Airbus. Embora os entendidos da área reconheçam que são aviões da mais atualizada e competente tecnologia, há uma verdade que salta aos olhos e merece reflexão do mundo: tem caído ou se acidentado muitos aparelhos desse fabricante. O maior acidente da América Latina – o de Congonhas – teve como personagem principal um Airbus.
Até agora ninguém trouxe uma explicação convincente do porquê o avião correu toda a pista, não freou em momento algum e, sem controle, espatifou-se ao bater no prédio de sua própria companhia aérea, provocando a morte de quase 200 pessoas. Uma simples “viagem” pela internet nos leva a pelo menos 20 outros acidentes com aparelhos da marca. Será isso normal, dentro das probabilidades de risco? Os integrantes do meio aeronáutico não se cansam de afirmar que o avião é o meio de transporte mais seguro. Se formos cotejá-lo com outros meios de transporte, podemos até concordar. Mas ninguém nega que quando ocorre um acidente, dificilmente sobra alguém para contar a estória. Quem entra num avião está, literalmente, entregando sua vida ao aparelho, à companhia aérea e à tripulação.
E – o pior – existem certos trajetos que, por contingência, não se pode fazer por outro meio... Com suas dimensões continentais, o Brasil não pode prescindir do avião. Ele é o grande elo que liga regiões distantes e faz a economia fluir com rapidez. Também é a interface que nos coloca rapidamente em qualquer parte do mundo. Tanto que, na recente crise dos aeroportos e controladores, a falta de solução para o setor trouxe até instabilidade política. Por mais que a companhia faça propaganda de sua tecnologia, temos a gritante verdade de que muitos Airbus têm apresentado problemas. Está na hora do mundo industrializado e as autoridades aeronáuticas buscarem uma grande auditoria nos produtos desse fabricante.
Primeiro, conhecer a fundo as causas dos acidentes com os aviões de sua fabricação e, depois, com os dados nas mãos, forçar por mudanças que tornem mais confiável esse fantástico veículo. Precisamos acabar com o conceito de que alguém entra no avião como passageiro e sai como sobrevivente. Independente do quê dizem os técnicos e as companhias aéreas, as autoridades aeronáuticas deveriam, no cumprimento de suas obrigações, chamar às falas o fabricante do Airbus. Não podemos continuar viajando nesses aviões sem saber se eles são, efetivamente seguros. Detalhe: o presidente Lula também viaja num Airbus. Espera-se que o dele não apresente os mesmos defeitos e, muito menos, que venha a cair...
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)