A revolta dos cães
A revolta dos cães
Moro em uma rua cujo nome é “Andorinhas”. Até aí nada demais. Entretanto, o problema não são as andorinhas (que nem dão suas caras por aqui), e sim uma manifestação canina que vem crescendo a cada dia.
Eles latem com todos os pulmões, dividem as pulgas e não os pães, correm atrás de desavisados e mordem seus calcanhares só para “aporrinhar”. E para fechar a fatura: defecam em quase toda a extensão. Creio que nem todas as andorinhas reunidas in loco seriam capazes de produzir tanto dejeto!
Alguns deles foram gentilmente trazidos pelos moradores, porém os próprios jogaram a tolha no mesmo dia, ou seja, deixaram os caninos à mercê do seu instinto de sobrevivência. É mole!? Os cães de hoje são espertos, e já formaram até sindicatos.
Você duvida? Então chute algum pela frente ou jogue uma pedra para ele se afastar, é bem provável que um bando surja e ponha você pra correr; e ai daquele que comprar a briga! Quando se caminha por esta rua não dá pra saber o que é asfalto ou buraco... Tudo foi tomado pelas fezes. Nessa hora você não acha o dono da arte e muito menos a cara do “patrão”, já que o quadro revela que os cães começaram uma revolução.
O grito de guerra!? Ora não poderia ser outro senão: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira” (olha a marchinha gente!). De vez em quando eu vejo o meu cachorro da raça Pincher cochichando com um desses comparsas junto ao portão. Humm! Sei não, mas acho que o meu cachorro está me traindo... Vou ter que pisar em ovos daqui pra frente. Enfrentar esse baixinho é moleza, mas um bando de “tomba latas ”revoltados “ é osso”.
* Carlos Roberto de Souza é poeta, editor e membro da Academia Machadense de Letras.