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As amizades valem a pena e sempre deixam boas lembranças!

As amizades valem a pena e sempre deixam boas lembranças!

10/10/2022 Antônio Marcos Ferreira

Na minha adolescência, as férias escolares eram sempre um período mágico.

Não porque ficávamos sem estudar, mas era a oportunidade de irmos para o interior, onde nascemos, e, principalmente, curtir as delícias do mundo rural, na fazenda da família. 

Algumas vezes em Manga e outras em Montalvânia, mas sempre nos reservavam momentos de alegria e curtição. E gostávamos muito de convidar um amigo ou outro para nos acompanhar nos passeios. Dentre eles, havia um que nos proporcionou muitas risadas em suas visitas.

Certa vez, o Lelo (apelido do Aurelino, um amigo que tenho até hoje e que mais tarde se tornaria meu compadre), foi para a fazenda do meu pai, a Japorema, com o meu irmão, o Humberto. Assim que desceram do carro, o Humberto lhe disse:

- Lelo, vou resolver algumas coisas com o vaqueiro. Me espere aí. Acho que mãe vai querer fazer maxixe pro almoço. Você podia aproveitar e colher uns pra ela, ok?

- Claro. É pra já.

Em frente à sede da fazenda tinha uma cerca comprida que estava apinhada de pés de maxixe. O Lelo, vendo aquilo, pensou: Nossa, é muito maxixe! Vou caprichar. Dona Ana vai ficar muito satisfeita. 

Percorreu toda a cerca, escolhendo cuidadosamente os maxixes bem grandes, os maiores que via, muitos já até amarelados, para levar para Dona Ana. 

Com as mãos carregadas dos maiores maxixes, seguiu para a cozinha onde minha mãe começava a preparar o almoço. 

-Bom dia, D. Ana! Olha aqui os maxixes! Escolhi os maiores para a senhora. 

Dona Ana logo percebeu que o Lelo nunca colhera maxixe antes. 

-Ô meu filho, esses maxixes não servem. Tem que colher os verdinhos, menores. 

Decepcionado, o Lelo voltou à cerca para colher agora os maxixes próprios para o consumo. Mas aprendeu. 

Noutra ocasião, foi com meu outro irmão, o Helinho. Quando iam embora para a cidade, o Helinho resolveu levar o leite que havia sido tirado pouco antes, no curral. Apanhou uma vasilha e encheu-a até dois dedos abaixo da tampa. Só que não havia tampa. 

-Lelo, carrega pra mim, por favor. Cuidado para não derramar. 

Ao ver a vasilha e, principalmente, a falta da tampa, imaginou a fria em que entrara. Com aquela estrada de terra, como segurar aquela vasilha sem derramar o leite? 

Helinho apenas se divertia, vendo, a cada curva, o leite derramar na calça do Lelo. Claro que ele enchera daquele jeito para isso mesmo!  E o Lelo levando numa boa. Chegou em Manga com a calça toda molhada, mas feliz. 

Algum tempo mais tarde, o Humberto já comprara uma fazenda, chamada Pau d'Alho, e o Lelo foi convidado para ir lá com ele. 

Dessa vez ele levou consigo o seu primo Ednilson. Depois de percorrerem por muito tempo a plantação, chegaram na sede e o Humberto lhes disse:

-Podem entrar. Eu vou ali olhar umas coisas, mas a dona Maria vai servir um café pra vocês. 

Nada melhor, para quem estava com muita fome. Tinham almoçado cedo e já era por volta das dezesseis horas. Daí a pouco, dona Maria os chamou para o lanche.

Café com leite e um prato com requeijão! Não um requeijão qualquer. Requeijão especial, quentinho, da hora, num prato onde o Lelo viu os cinco pedaços. 

Ao ver aquilo, pensou: isso não vai dar certo! Essa divisão vai dar problema. Vai ter que ser na base da lei do mais rápido. 

Pegou o copo de café com leite e um pedaço de requeijão. Tudo sem falar nada, só pensando em ser o mais rápido. Do outro lado da mesa, o Ednilson também pensava o mesmo. 

Ambos comiam olhando para os outros pedaços, um ou dois, dependendo da rapidez.  Lelo pegou o segundo pedaço. Ednilson também, ficando apenas um pedaço no prato. 

Cada um de olho no outro. De repente o Lelo, com medo de não dar conta, pegou o último pedaço com a outra mão, antes mesmo de terminar o segundo.

Ednilson olhou furioso pra ele, mas não disse nada, com vergonha da dona Maria. Terminado o lanche, sairam, e o Ednilson queria bater no Lelo e não deixou por menos:

-Cara, você me sacaneou. Eu ia comer o outro pedaço. E você jogou sujo, trapaceou. 

Mas ninguém pensou em dividir o último pedaço.

Num outro domingo pela manhã, o Lelo foi conosco também para a Japorema. Naquele dia uma nova tarefa nos esperava. Seria feito um plantio de cana de açúcar numa área próxima à sede.

O processo previa a abertura das covas, que era feita pelo empregado da fazenda. Atrás dele, vínhamos nós, colocando o gomo de cana na cova, arrastando a terra para tampá-la e batendo o pé para firmar a terra.

O Lelo ia entusiasmado e querendo fazer bonito, já que o meu pai estava junto conosco. Dizia: seu Hélio vai ficar feliz! E arrastava a terra e tampava a cova. Arrastava e tampava novamente.

Fez isso por mais de uma hora. Mas ele se esqueceu que à tarde tinha jogo de futebol da seleção de Manga, da qual era titular absoluto.

Quando terminou aquela empurração de terra e tampação de cova ele sentiu que sua perna estava estranha. Resultado: no aquecimento antes da partida, quando buscou a perna, cadê? 

A perna endureceu e ele ficou fora da partida. Puto da vida, pois era um fominha de primeira!

* Antônio Marcos Ferreira

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